Do nada que Rogério Cruz fez, Iptu Social e Renda Família são os maiores fiascos no início da gestão

Ocupando o 2º cargo executivo mais importante do Estado, para o qual não foi eleito, o prefeito de Goiânia teria que se sair melhor que as expectativas criadas pelo falecido Maguito Vilela. Ele não consegue nem chegar perto | Foto: Reprodução/TV Câmara

Postado em: 25-03-2021 às 08h55
Por: Augusto Sobrinho
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Ocupando o 2º cargo executivo mais importante do Estado, para o qual não foi eleito, o prefeito de Goiânia teria que se sair melhor que as expectativas criadas pelo falecido Maguito Vilela. Ele não consegue nem chegar perto | Foto: Reprodução/TV Câmara

José Luiz Bittencourt 

Está configurado: os dois únicos
projetos levados adiante pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos), até agora,
teoricamente a pretexto de início de realização do “plano de governo” do
prefeito eleito Maguito Vilela, não deram em nada e parecem que assim irão até
o dia em que o mandato da atual gestão chegar ao fim.

Preliminarmente, é preciso
lembrar que falar em “plano de governo” de Maguito é exercício de imaginação.
Na campanha, quando ele ainda não estava infectado pela Colvid-19 que o
acometeu de pois da negligência e da imprudência da sua agenda eleitoral, que
não tomou os cuidados preventivos necessários para diminuir as chances de
contaminação de alguém que tinha notória falta de resistência diante do vírus
(lembram-se das duas irmãs igualmente idosas que morreram no prazo de 10 dias,
acometidas pela doença?), o candidato emedebista amontoou algumas propostas
descosturadas – a exemplo do IPTU Social e o programa Renda Família – que o seu
partido chamou e ainda chama de “plano de governo”. Não é e nem passa perto.

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Propostas eleitoreiras do MDB não configuram “plano de governo”

As propostas de Maguito nunca
tiveram nexo entre si ou, para a sociedade, a possibilidade de um avanço. Mas
foi o que sobrou para o beneficiário maior de tudo isso, o então vice e atual
prefeito Rogério Cruz. Se alguém perguntar a ele o que está fazendo no Paço
Municipal, podem apostar, leitoras e leitores, não ouvirá nada que tenha
sentido como resposta. É provável que nem Maguito, dentro do seu estilo
demagógico e vazio, tampouco soubesse dizer por que queria governar Goiânia,
além de palavras sem significado como “melhorar a qualidade de vida” das
goianienses e dos goianienses ou “modernizar a administração da capital”,
coisas que servem para o marketing eleitoral, mas não para a gestão séria de
uma metrópole de 1,5 milhão de habitantes e problemas os mais complexos e
desafiadores possíveis. Simplesmente não querem dizer nada.

Porém, Maguito, como prefeito de
Goiânia, pelo menos teria a seu favor a experiência de governador e de prefeito
de Aparecida, pela qual ninguém passa sem aprender alguma coisa – o xis da
questão é esquecer depois. Rogério Cruz, nem isso. Politicamente, seu passado é
medíocre, correspondendo ao vereador apagado e sem iniciativa que foi. Em
termos de gestão, pode ter absorvido alguns conhecimentos como executivo da
Rede Record. Pode. Só que úteis, no máximo, para ser secretário de Comunicação.
Para que se prestariam, agora que a fortuna o fez prefeito de uma das 23
capitais brasileiras? E de resto, a se julgar pelo desempenho sem brilho na
direção da municipalidade, conforme demonstrado já por quase três meses, que
novidade haveria na frustração das expectativas em torno de alguém que nunca
imaginou que acabaria parando onde parou? Se é que houve “expectativas”.

Programas foram apenas invenções para capturar votos na campanha

Não há nenhum plano de governo
para guiar Rogério Cruz. O que Maguito prometeu para se eleger possivelmente
não seria suficiente para fazê-lo, pela pobreza das ideias apresentadas, não
fora a ajuda da Covid-19 – esta sim o maior cabo eleitoral do pleito do ano
passado em Goiânia. Cruz já sentiu o gosto ruim da falta de criatividade do
planejamento emedebista para a capital, embora talvez não entenda o que
acontece. O IPTU Social e o Renda Família, dois fiascos monumentais, estão aí
para provar que não passaram de invenções baratas para trapacear o eleitorado.
Não se sabia, na época de votar, exatamente o que seriam esses dois monstrengos
mal concebidos e pior ainda implementados.

O IPTU Social não beneficiou
quase ninguém, a exemplo do seu irmão Frankenstein Renda Família. Disseram
inicialmente que seriam 51 mil (número quebrado para dar credibilidade)
famílias favorecidas com a isenção do imposto sobre as suas propriedades. Foram
caindo, caindo e no último balanço já se admitia que não passariam de 12 mil,
meta que, no início de março, data da mais recente apuração, ainda não havia
sido atingido. Pior: estava longe. Por conta própria, a prefeitura não avançou
em um projeto que de certa forma tira moedas que fazem falta aos cofres deixados
raspados pelo ex-prefeito Iris Rezende. Preferiu-se chamar os interessados para
se cadastrar na internet, artimanha que espanta até os mais crédulos – e,
óbvio, só apareceram um ou outro gato pingado.

Para salvar o marketing do IPTU
Social, providenciaram dolorosamente uma foto de Rogério Cruz fazendo pose com
uma família no conjunto Madre Germana, entregando um certificado de isenção
de… R$ 200 reais. É o que representa o “programa que resultou da preocupação
de Maguito com as famílias carentes, que sempre foi a sua característica como
político”, conforme os emedebistas e o filho Daniel Vilela diziam. Em um ano,
R$ 16,6 reais por mês para combater as agruras trazidas pela pandemia do novo
coronavírus, inevitavelmente lembrando a cesta básica de arroz quebrado e
feijão carunchado distribuída no passado.

Se não tem capacidade para
administrar, o que denota ao transformar uma bobagem como essa em marco do seu
mandato e prova de que está em dia com os compromissos da campanha do MDB,
Rogério Cruz pelo menos mostrou que é corajoso, ao aparecer como garoto
propaganda de uma doação ridícula que não tem efeito na vida de qualquer pessoa
necessitada e, pior, com pobres-coitados a sorrir para o fotógrafo como se
estivessem recebendo um prêmio de loteria.

Em 1,5 milhão de habitantes, apenas 3 mil beneficiados com R$ 300
mensais

Rogério Cruz não se envergonhou
da cena paternalista e foi mais longe. Vejamos no que deu o Renda Família: no
máximo 3 mil pessoas agraciadas com um “salário” de R$ 300 por seis meses. O
que é isso no universo de 1,5 milhões de habitantes de Goiânia, entre os quais
grande parcela vivendo em estado de necessidade? O prefeito e seus prestativos
auxiliares colocaram tantas travas que ninguém passou pelo pente fino do
programa, na verdade bolado sem nenhuma intenção de ajudar a quem quer que
seja, a não ser ganhar votos vendendo ilusões.

Mesmo assim, o vexame se ampliou.
O secretário de Finanças Alessandro Melo, um dos ferrabrases que ajudou a
estreitar a porta de entrada no Renda Família, entrou em desespero e anunciou
que mandará equipes para os bairros para capturar inscrições para um programa
que nasceu com defeito de fabricação. Ou seja: vão laçar gente na marra, os
mesmos que não precisam mais do que ativar um aplicativo da Caixa Econômica,
como o fizeram no ano passado, para ganhar o auxílio emergencial do presidente
Jair Bolsonaro, esse, sim, zero em matéria de burocracia.

Nesse caminho, onde Rogério Cruz
vai parar? O que vai legitimar a sua presença em um cargo para o qual não foi
eleito e onde, por ora, não demonstra nenhuma qualidade ou expertise – escrevendo
com letras invisíveis uma história que vai deixando para trás páginas em
branco? Se ele não reagir e ainda por cima perder o apoio do MDB, haverá um
impeachment no meio do caminho.

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