MDB se reúne para decidir desembarque da prefeitura

Daniel Vilela fica sem nada na mão, a não ser a prefeitura de Aparecida que está toda loteada entre aliados de Gustavo Mendanha | Foto> Divulgação/Prefeitura de Goiânia

Postado em: 02-04-2021 às 10h00
Por: Augusto Sobrinho
Imagem Ilustrando a Notícia: MDB se reúne para decidir desembarque da prefeitura
Daniel Vilela fica sem nada na mão, a não ser a prefeitura de Aparecida que está toda loteada entre aliados de Gustavo Mendanha | Foto> Divulgação/Prefeitura de Goiânia

A aliança com o republicanos,
desde a eleição de 2018, não rendeu nada para o MDB goiano. A coligação,
naquela época, elegeu Vanderlan Cardoso para o Senado, pelo PP, mas ele hoje já
saltou para o PSD e foi até adversário do partido em Goiânia na eleição de
2020. Já os votos para o então candidato a governador Daniel vilela não
apareceram e ele terminou a corrida com 13% das urnas, atrás do vitorioso Ronaldo
Caiado, que teve 60% e sagrou-se vencedor no 1º turno.

O acordo foi estendido para 2020.
MDB e republicanos conseguiram eleger a chapa Maguito vilela-Rogério Cruz às
custas de um estelionato eleitoral sem precedente na história política de
Goiás. Sem a menor condição física para o cargo, um prefeito foi sacramentado,
morreu e deixou o mandato de presente para o inexpressivo e desconhecido vice
da Igreja Universal, da rede Record e do partido que é o braço político dessas
duas sólidas da política brasileira.

Emedebistas liderados pelo
inexperiente e impulsivo Daniel vilela acreditaram que tinha a prefeitura de
Goiânia e tudo o que ela representa em termos de máquina administrativa. Todos
os cargos foram preenchidos com nomes atribuídos a um tipo de indicação ou
endosso que Maguito não teve tempo para fazer, depois de transcorrer o tempo
entre a vitória no 2º turno e a posse em estado de inconsciência. Sob a carga
emocional do desaparecimento do prefeito eleito, Rogério Cruz se curvou e
aceitou o papel de marionete. Porém, como se vê agora, três meses depois de
empossado, por pouco tempo.

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Goiânia é a mais importante das
quatro maiores cidades conquistadas pelos pastores do republicanos na eleição
passada. As outras são vitória, Sorocaba e Campinas. Fora essas, mais 90 e
qualquer coisa, sem maior importância. Não faria sentido, portanto, para o
partido da Igreja Universal deixar que esse prêmio categorizado ficasse para os
emedebistas goianos, que nem sequer sabem ao certo o que querem para o futuro.
Em um primeiro momento, o presidente estadual da legenda em Goiás, Daniel
vilela ensaiou uma aproximação com o governador Ronaldo Caiado a partir do
padecimento de Maguito em uma distante UTI do Hospital Albert Einstein, em São
Paulo. Parou ai.

Orientado pela direção nacional
do republicanos, que está mandando para Goiânia quadros qualificados em
expertise política como o secretário municipal de Governo, Arthur Bernardes, Rogério
Cruz voltou ao caminho que deveria ter sido o seu desde o começo. Ou seja:
passou a organizar a sua equipe de auxiliares conforme a sua cara, sua formação
de ex-pastor evangélico da IURD e ex-executivo da rede Record. Só quem não
conhece a história poderia acreditar que esse movimento, que aconteceu mais
cedo do que o esperado, não viria um dia.

Fim da aliança MdB-republicanos,
pelo menos a que se baseou na submissão do segundo ao primeiro. Se continuasse,
seria irreal. Na política, quem manda tem infinitamente mais pujança em relação
a quem não tem alternativa a não ser obedecer. Problemão para os emedebistas:
eles ficam momentaneamente sem rumo, à procura de um novo projeto para os meses
que vêm aí, tendo como única sustentação a prefeitura de Aparecida, onde
Gustavo Mendanha entregou tudo o que tem valor às picuinhas das lideranças
locais.

O republicanos segue no mesmo
lugar: é dono do Paço Municipal e de todas as vantagens que isso traz. Está à
vontade para se aliar ao governador Ronaldo Caiado, recebendo nacos do
secretariado estadual. Poderá escalar candidaturas a deputado estadual e
federal, que contarão com o apoio das estruturas da prefeitura para se
viabilizar. E sobretudo passará a administrar Goiânia sem antes ter que ouvir a
catrevagem que Daniel vilela, dizendo falar em nome do seu falecido pai,
pendurou ao redor do gabinete do prefeito.

Quando os mortos governam os
vivos, como se quis fazer no alto do Park Lozandes, a roda da história gira
para trás. Rogério Cruz, coitado, não tem altura para perceber ou entender esse
tipo de raciocínio. É e vai continuar sendo um vereador que nem estrela do
baixo clero foi. Para a arte de governar, é rude. Mas seus superiores não são,
conforme provado com a operação bota fora que eles orientaram e que será
concluída na semana que vem com a expurgação final da turma de Daniel Vilela.

“Desleal” e mentiroso” , foi o
que Daniel Vilela disse a Rogério Cruz

Extrapola as normas de civilidade
um dos diálogos telefônicos que o presidente estadual do MDB Daniel vilela teve
com o prefeito de Goiânia Rogério Cruz, quando o chamou de “desleal” e
“mentiroso”.

Daniel é assim: impulsivo e pouco
reflexivo. Depois que a sua candidatura suicida a governador deu em nada, em
2018, ele expulsou duas das maiores lideranças do MDB no interior de Goiás –
Adib Elias, de Catalão, e Paulo do vale, de rio verde – contrariando, ao que se
sabe, a opinião do seu pai Maguito vilela na época.

Sem Adib e Paulo do vale, o MDB
virou nanico nos municípios, exceção para Aparecida, onde Gustavo Mendanha
conspira para representar o partido na eleição para governador de 2022.

Goiânia foi uma aventura que
durou pouco, a menos que Daniel vilela resolva engolir os desaforos e aceite
seguir com indicados seus em carguinhos de terceira categoria – o que ninguém
aposta que vai fazer.

Se perdeu força e espaço, o MDB
mantém algo que em política tem o seu valor: a capacidade de atrapalhar. Seus
janízaros têm aproveitado o erro de Rogério Cruz ao entregar a comunicação da
prefeitura a um preposto da rede Record, despertando a antipatia da Organização
Jaime Câmara, e abastecem O Popular e a TV Anhanguera com material desgastante
para o Paço Municipal. A pauleira é diária. E vai ser assim até o momento em
que o atual prefeito, enredado na teia das denúncias e das conspirações, bater
com o nariz no chão. (Especial para O Hoje)

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