“O destino de Goiânia passou a ser decidido fora daqui”, diz Daniel Vilela

Em carta aberta a população da capital, o MDB afirma que agora quem manda na cidade são pessoas de Brasília e São Paulo | Foto: Reprodução

Postado em: 05-04-2021 às 11h10
Por: Pedro Jordan
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Em carta aberta a população da capital, o MDB afirma que agora quem manda na cidade são pessoas de Brasília e São Paulo | Foto: Reprodução

Pedro Jordan

Após o anuncio do rompimento da base do MDB com a administração do prefeito Rogério Cruz (Republicanos), o partido divulgou uma carta aberta, assinada por todos os até então secretários e ex-secretários exonerados desta gestão. Nela é ressaltado que o vitorioso nas urnas foi o ex-governador Maguito Vilella (MDB), que veio a falercer em decorrência do covid-19 em 13 de janeiro. A bandaca Emedebista ressalta que o plano de governo era seguir com as obras do ex-prefeito Iris Rezende, além de seguir uma série de programas idealisados por Maguito e sua equipe, como o IPTU Social e a Renda Familiar, além de estratégias novas na gestão de projetos.

Em menos de dois meses após a posse de Rogério, segundo a carta, houve uma completam mudança nos rumos da gestão do novo prefeito, que passou a não apontar com clareza os rumos que irá tomar, além da suspensão de projetos. O fato derradeiro que causou a divisão é que o MDB afirma que Goiânia passa a ser gerida por nomes indicados pelon Republicanos que vem de fora da cidade. Daniel Vilella (MDB), filho de Maguito e presidente do partido no estado, afirma que alguns dos que tomaram posse nunca vieram a Goiânia e não conhece a cidade. “Desafio o prefeito Rogério Cruz a mostrar uma foto com estes que estão entrando no governo a mando do partido dele”, salienta.

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Daniel ressalta que o legado e projeto de seu pai não está sendo seguido, e considera uma traição isto, pois o atual executivo já falou em discurso que faria tudo aquilo que Maguityo sonhou e projetou para a capital. Outro ponto comentado é sobre as exonerações de alguns nomes do partido, feitos segundo eles, sem um aviso ou conversa, simplesmente por ordem do Republicanos Nacional, e que hoje, todas as diretrizes em Goiânia são decididas pelo presidente do Republicanos no Distrito Federal, Wanderley Tavares,.

Outro fator que culminou na debandada do restante da bancada do MDB é que, não eram atendidos e nem respondidos pelo prefeito já a mais de 15 dias, e que para resolver as questões de importancia, precisvam do aval de Wanderley, ou do presidente nacional do Republicanos, o depultado federal por São Paulo, Marcos Pereira (Republicanos). “O destino de Goiânia passou a ser decidido fora daqui”, um trecho da carta que foi lido por Daniel Vilella durante o anuncio da saída.

Leia a Carta na Íntegra abaixo:

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO DE GOIÂNIA 

Em novembro do ano passado, o eleitor de Goiânia foi às urnas e elegeu como
prefeito Maguito Vilela, cuja candidatura representava o compromisso com um
projeto que manteria a cidade no caminho da modernização, com melhorias na
mobilidade, na educação, na saúde, no desenvolvimento econômico e na garantia
da continuidade das várias conquistas da gestão de Iris Rezende. Tudo isso
casado com uma plataforma de amparo social, marca indelével da trajetória de
Maguito. Lamentavelmente, no dia 13 de janeiro, Maguito acabou vitimado pela
Covid-19.
Mas permaneceram compromissados com os propósitos e o legado de Maguito
aliados e auxiliares experientes, que formavam uma equipe de competência
inequívoca, afinada com a forma de trabalho do prefeito eleito. 

Em menos de três
meses, esse time, atuando com eficiência e sinergia junto ao prefeito e à Câmara
Municipal, já resgatou parte dos compromissos de campanha, a exemplo do IPTU
Social, do Renda Família e implantou inovações nas áreas de gestão de pessoas e
de projetos. Além disso, nenhuma das grandes obras deixadas por Iris Rezende
havia sido interrompida, cumprindo outro compromisso assumido por Maguito com
o eleitor goianiense.
Contudo, pouco mais de dois meses após a morte do prefeito eleito, assistimos a
uma completa mudança de rumos da atual gestão. O prefeito Rogério Cruz
paralisa obras, suspende projetos e não consegue mais apontar com clareza os
rumos da administração. Ou não pode fazê-lo.
A realidade é que quem está comandando hoje a Prefeitura de Goiânia é a direção
nacional do Republicanos, a partir de nomes de fora de Goiás indicados por eles
para funções estratégicas na administração. Goiânia está sob a direção de uma
legião estrangeira descomprometida com nossa população, composta por pessoas
que sequer conhecem a cidade ou sabem os desejos e necessidades de seus
moradores. 

Todos eles nomes obscuros para os goianienses e muitos
desconhecidos até pelo próprio prefeito. Já faz algumas semanas que dirigentes
do partido de Rogério Cruz despacham livremente no Paço Municipal, distribuindo
ordens mesmo sem terem qualquer conhecimento da administração local.
Ao se afastar do plano de governo e das pessoas que o construíram e o
defenderam, Rogério Cruz age com deslealdade e trai o legado de Maguito,
quebrando também o voto de confiança conferido nas urnas pelos goianienses. Na
ocasião da posse como prefeito, Rogério Cruz disse publicamente: “Já afirmei
várias vezes que seria fiel soldado do prefeito Maguito e assim continuarei. Ao
executar o plano de governo que construímos juntos, quero fazer por Goiânia tudo
aquilo que Maguito sonhou e projetou”. Palavras que agora só reforçam o gosto
amargo da traição à nossa cidade.
A partir da verdadeira intervenção no Paço Municipal, iniciou-se um desmonte nos
quadros da administração que vai muito além dos ajustes que o prefeito afirmou
que faria em função do (natural e legítimo) desejo de escolher auxiliares mais
próximos, do ponto de vista político e pessoal. De forma pouco transparente e sem
o consentimento da população, a Prefeitura de Goiânia está sendo loteada por
grupos políticos e consultores de fora do nosso Estado. 

Diante de tudo isso, abaixo assinados, auxiliares do primeiro escalão da Prefeitura,
comprometidos com o projeto e o legado de Maguito Vilela, entregam, em caráter
irrevogável, seus cargos e se retiram da administração por não pactuarem com os
novos rumos imposto pelo Republicanos. O prefeito Rogério Cruz não representa
mais o projeto político e administrativo idealizado por Maguito Vilela e eleito pelos
goianienses. Ele quer fazer outro governo.
Importante ressaltar que a decisão expressa nesta carta não se trata de atitude
impensada ou tomada sem diálogo. Pelo contrário. Foi argumentado diversas
vezes com o prefeito que não havia concordância com as mudanças apressadas,
em meio a uma pandemia, e com a forma como grupos de fora estavam tomando o
poder na capital. Além de não dar ouvidos aos argumentos, Rogério Cruz também
encerrou qualquer diálogo, sendo literalmente proibido por seu partido de
conversar com a direção do MDB e com membros que coordenaram a campanha e
o plano de governo de Maguito.
Ao fechar as portas ao diálogo, Rogério Cruz foi além e informou ao presidente
regional do MDB, Daniel Vilela, que qualquer assunto relacionado à Prefeitura teria
de ser tratado com Wanderley Tavares, presidente do Republicanos do Distrito
Federal, ou com o deputado federal Marcos Pereira (SP), presidente nacional da
legenda. Uma sinalização clara e preocupante de que o destino de Goiânia passou
a ser decidido fora daqui.
Por fim, é preciso dizer à sociedade goianiense que lamentamos profundamente o
que ocorre hoje na Prefeitura.

Em função da discordância frontal com os rumos da
gestão da nossa cidade, nos afastamos da atual administração, mas jamais nos
afastaremos de Goiânia e dos goianienses. Nosso compromisso com a melhoria
da qualidade de vida da nossa capital permanece intacto. Seguiremos vigilantes e
cobrando, de forma enfática, que a atual gestão cumpra o que foi assumido com o
eleitor na campanha. Não seremos cúmplices de quem porventura tenha decidido
por outro caminho que não o de trabalhar para Goiânia seguir em frente.

 Goiânia, 05 de abril de 2021 


Agenor Mariano, secretário de Planejamento Urbano e Habitação
Alessandro Melo, secretário de Finanças
Pedro Chaves, secretário de Mobilidade
Euler de Morais, secretário de Relações Institucionais
Murilo Ulhôa, presidente da Companhia Metropolitana de Transportes
Coletivos
José Frederico, secretário de Prioridades Estratégicas
Carlos Júnior, secretário de Desenvolvimento e Economia Criativa
Leandro Vilela, secretário extraordinário
Gean Carvalho, secretário-executivo de Assuntos Estratégicos
Célio Campos, secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia
Filemon Pereira, secretário de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas
Colemar Moura, controlador-geral do Município
Antônio Flávio, procurador-geral do Município
Kléber Adorno, secretário de Cultura. 

TESTEMUNHAS 

Andrey Azeredo, ex-secretário de Governo
Aristóteles de Paula, ex-presidente da Comurg
Bruno Rocha Lima, ex-secretário de Comunicação
Luiz Bittencourt, ex-secretário de Infraestrutura Urbana
Marcela Araújo Teixeira, ex-secretária de Administração
Zilma P. Campos Peixoto, ex-presidente da Agência de Meio Ambiente
Marcelo Ferreira da Costa, ex-secretário de Educação . 

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