“Bolsonaro não tem credibilidade”, afirma deputado sobre Cúpula Virtual do Clima

Presidente discursou essa manhã na conferência e comprometeu o Brasil com diversas agendas climáticas, porém, as ações no país são divergentes | Imagem: reprodução

Postado em: 22-04-2021 às 18h05
Por: Redação
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Presidente discursou essa manhã na conferência e comprometeu o Brasil com diversas agendas climáticas, porém, as ações no país são divergentes | Imagem: reprodução

João Gabriel Palhares

Após discursar na Cúpula Virtual do Clima, na manhã desta quinta-feira (22/4), o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) alegou haver diversas previsões positivas para o Brasil. Na ocasião, inclusive, dentre outras falas, o chefe do Executivo nacional se comprometeu a eliminar, até 2030, o desmatamento ilegal no país. De olho no anúncio de Bolsonaro, o deputado federal Rubens Otoni (PT) comentou ao O Hoje sobre o discurso e as decisões do presidente, que, para ele, se demonstram “contraditórias para o cenário ambiental do país”.

De acordo com o deputado, Bolsonaro não tem credibilidade. O discurso do presidente, segundo ele, repete alguns posicionamentos também com a pandemia. “Se preciso, falar uma coisa. Mas, no outro dia faz tudo diferente”, conta. As falas durante a cúpula, portanto, demonstram mais uma defensiva frente aos outros países, mas, que talvez possam não ser uma realidade futura para o Brasil.

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Na cúpula, o presidente determinou, além da eliminação dos desmatamentos ilegais, a busca por neutralidade climática do país até 2050. Bolsonaro, também, colocou o Brasil à disposição para a redução das emissões de gás carbônico. Encarando como apenas falas – sem possíveis posicionamentos positivos -, o deputado conta que, se a real intenção do presidente fosse resolver as questões de meio ambiente no país, começaria por uma questão interna. “Se a intenção de Bolsonaro fosse essa, a primeira medida seria demitir o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles  que trabalha na contramão de tudo que foi falado na conferência.”, afirma.

Analisando o cenário ambiental do país e entendendo sobre a ineficiência do presidente e do titular da pasta do meio ambiente, Ricardo Salles, o deputado manifestou que a oposição pretende garantir melhorias, neste quesito, ao país, através da retirada de Salles da pasta. Não sendo só um dos planos para o país, Rubens encara como um passo inicial para retomar a estabilidade para a pasta. 

Situação

Com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da Cúpula do Clima, Bolsonaro e Salles têm lutado para repaginar a imagem de devastação do meio ambiente brasileiro. Anterior a cúpula que ocorreu nesta quinta-feira (22/4), uma carta foi enviada a Biden pedindo ajuda aos EUA, com dinheiro, para a preservação da Amazônia. Segundo a Folha de S. Paulo, no documento, Salles usou a imagem de um cachorro em frente a uma máquina de frango assado. A imagem representaria o Brasil no aguardo da ajuda dos EUA.

Durante a cúpula realizada hoje, segundo informações, o presidente Bolsonaro teria ficado no fim da fila e no momento de sua fala, Biden teria deixado a conferência. O que representa, de certo modo, mais um descrédito ao doce sonho de Bolsonaro em sair do seu posto de tapete aos EUA. 

Questões ambientais – Brasil

De mãos dadas com o presidente, Salles, segue à risca a cartilha de Bolsonaro com o Meio Ambiente. Comprovando ainda mais o posicionamento do deputado Rubens Otoni em relação a fala de Bolsonaro na cúpula, as ações realizadas durante o governo enfatizam ainda mais a falsa despreocupação da gestão com o meio ambiente. As infrações que vêm sendo realizadas além de destruírem a biodiversidade no país rompe com diversos temas prioritários da agenda do governo democrata dos Estados Unidos. 

Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desmatamento da Amazônia tem batido recordes. A floresta registrou o maior desmatamento para o mês de março nos últimos 10 anos. De acordo com o informe, a destruição da Amazônia totalizou 810 quilômetros quadrados no mês de passado. 

Em consoante, no ano passado, o número de queimadas foi o maior desde 2010. Foram 222.798 focos de incêndio registrados, 12% a mais que os 197.632 registrados em 2019, no primeiro ano da gestão de Bolsonaro. O destaque do relatório foi o incêndio no Pantanal, com 22.119 focos, 120% a mais que em 2019. Além de outros fatores, as principais causas das queimadas estão relacionadas com os cortes orçamentários do Fundo Amazônia que foram paralisados pelo governo.

Nas últimas semanas, já próximo a busca por reverter a imagem ambiental do país, Salles acabou caindo na sua verdadeira face. O titular da pasta do meio ambiente foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de advocacia administrativa, organização criminosa e obstrução a operações. De acordo com a denúncia, Salles, teria dificultado a investigação de órgãos ambientais em operações de apreensão de madeira ilegal no final de 2020. Nas redes sociais, Salles defendeu a extração e a ação dos madeireiros investigados.

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