Até 2020, depressão será a maior causa de afastamento do trabalho, segundo OMS

Em dez anos, doença atingiu 322 milhões de pessoas. Descoberta do problema antes que se agrave diminuem significativamente os altos números

Postado em: 14-08-2017 às 15h00
Por: Márcio Souza
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Em dez anos, doença atingiu 322 milhões de pessoas. Descoberta do problema antes que se agrave diminuem significativamente os altos números

Ela chega devagarzinho, como quem não quer nada. Muitas vezes é confundida com tristeza. Um vazio imenso e uma vontade de chorar, sem um motivo aparente. Assim é a depressão, um mal silencioso, que deixa o indivíduo muito das vezes incapacitado para as atividades normais do dia a dia, como estudar, sair de casa ou até mesmo conversar.

Situações frequentes de angústia, inquietação, assédio moral e competitividade estão hoje entre os principais fatores para o desenvolvimento da depressão no ambiente de trabalho. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2020, a depressão será a maior causa de afastamento do trabalho, no mundo. Só entre os anos de 2005 a 2015, sua incidência cresceu 18,4%, atingindo 322 milhões de pessoas. A descoberta da doença antes que ela se agrave diminuem significativamente os altos números. 

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De acordo com a psicóloga Heloísa da Silva Pinto, as empresas do setor da construção civil já estão atentas ao problema da depressão, cujos sintomas estão entre as principais causas para o afastamento do trabalho em corporações de diversos setores. “Geralmente, o que é uma ansiedade não resolvida tende a se tornar uma depressão no futuro”, explica.

Dentro desse enfoque, a depressão vira uma questão social, deixando de se encaixar como um problema meramente corporativo, assumindo feições de verdadeira proliferação.

Perder o emprego, divórcio, fim de relacionamento amoroso são motivos para deixar alguém triste, cabisbaixo. Mas, isso não significa necessariamente que o sujeito está com depressão. Heloísa reitera que em muitos casos a depressão é um acumulo de situações que podem contribuir para o desenvolvimento da doença.

“Circunstâncias que favorecem o estresse prolongado, como discussões frequentes no trabalho ou em casa também podem levar à depressão, pois faz com que a pessoa passe a duvidar de si mesma e de suas capacidades, diminuindo sua autoestima”, conclui.

A possibilidade da descoberta da doença antes que ela se agrave é a principal proposta do Programa de Saúde Mental na Construção Civil do Serviço Social da Indústria da Construção (Seconci-Goiás).  O projeto-piloto foi lançado em junho numa obra de Goiânia.

O projeto surgiu com a percepção, por parte da equipe do Seconci, da frequência dos quadros de ansiedade, transtornos de estresse pós-traumático e depressão na categoria. Um levantamento feito com base nas avaliações comportamentais realizadas pela instituição em 2015  constatou que 2% dos trabalhadores das obras receberam contraindicação de trabalhar em altura no momento da admissão.

O projeto piloto está sendo realizado em uma obra, na qual foi preparado um espaço especialmente para as reuniões onde um psicólogo acompanha os grupos. Isso, segundo explica Heloísa, permite que cada colaborador possa expressar suas emoções, rompendo com o preconceito em torno da doença.

Sobre o Seconci-Goiás

O Serviço Social da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Seconci-Goiás) é uma associação civil autônoma sem fins lucrativos, administrada pelas empresas da construção e tem o objetivo de promover melhorias na qualidade de vida dos trabalhadores da construção, gerando um crescimento saudável nas organizações.   

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