O relógio biológico não tem ponteiros, por isso não tenha pressa para envelhecer

Não envelheça sua alma, dê atenção devida a ela. Faça dela o centro de sua paz, fonte de energia e dedique tempo para que os dois – alma e corpo – possam entrar na mesma sintonia | Foto: Reprodução

Postado em: 20-05-2021 às 08h25
Por: Redação
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Não envelheça sua alma, dê atenção devida a ela. Faça dela o centro de sua paz, fonte de energia e dedique tempo para que os dois – alma e corpo – possam entrar na mesma sintonia | Foto: Reprodução

Por Edna Gomes

Porque não se vê muita divulgação do vinho no Brasil, por exemplo, não é comum ver propaganda de vinícolas na televisão, rádio ou portais de notícias. Porque o vinho é integrador. Ele está associado à elegância, pois a elegância está na postura pessoal, nas escolhas, no comportamento, associado é claro ao bom gosto. Não apenas como uma bebida que está na moda. O vinho é cheio de significados. Nós precisamos de uma vida com sentido e vivida com significado. O tempo é um livro com muitas paradas e em cada capítulo uma nova página é construída, mais um parágrafo de nossa biografia é esboçado. O tempo facilita – mas não garante – o nosso amadurecimento emocional para lidar, inclusive, com a própria ação do tempo. Como digerir o fato de que estamos envelhecendo e vivendo a oportunidade de estar escrevendo nosso livro.

Amor com vinho rejuvenesce. Há um mundo dentro de uma garrafa de vinho. Nosso divã!  Não estou nesta vida para receber metade de ninguém. Palavras que não condizem com as ações não me interessam. Aqui dentro de mim é tudo tão intenso, desde o amor até o desprezo. Mas eu carrego sorrisos abertos, palavras sinceras e um coração do tamanho do mundo. Mas com meus 50+ tenho aprendido que saber envelhecer é a grande sabedoria da vida. Claro que o envelhecimento me apavora porque já não se tem a dificuldade da escolha. Envelhecer é sutil e infelizmente acontece todos os dias de forma heterogênea. 

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Segundo o jornalista Arnaldo Jabor, “Na vida e no amor, não temos garantias. Portanto, não procure por elas. Viva o que tem que ser vivido. Sem medos. O medo é um dos piores inimigos do amor e da felicidade”. No meu livro da vida, cada capítulo é uma introspecção sobre a relação com o envelhecimento e claro que é singular e depende da história pessoal, dos meus receios, minhas crenças, do valor cultural e social agregado ao longo da minha caminhada, porque nem tudo sobre o gosto do vinho é apenas o gosto do vinho. O contexto tem grande influência.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não quero mil vidas de momentos únicos. Engraçado, não tenho medo do que é novo, o meu medo é de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar a algo que não é inteiro. Na minha biografia, construí amigos, enfrentei derrotas, enfrentei maldades, enfrentei ignorantes, enfrentei meus medos, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: Aprendi com as roseiras a deixar-me cortar, sofrer, chorar e a voltar sempre inteira. Deixe-me viver com meu sorriso, não o apague…

Meus leitores, o nosso livro, é construído a partir de nossas experiências, que precisam do tempo para acontecer. Viver e construir nossa identidade, precisa de tempo, de vida acontecendo aos poucos.  A única verdade é que vivemos. Bem, isso já é demais. Não é possível retardar o tempo e desfrutar ao mesmo tempo do brilho da juventude e da sabedoria do envelhecer. Envelhecer é fato! Viver o tempo, aquele tempo de cada um para construir a história pessoal. O tempo facilita – mas não garante – o nosso amadurecimento emocional para lidar, inclusive, com a própria ação do tempo. Enfim, precisamos desse tal tempo para engolir e digerir o fato de que estamos envelhecendo e vivendo a oportunidade de escrever nossa biografia…

Cuide de si, eu cuido da minha aparência. As minhas rugas que surgem, sei que tem aquela experiência e maturidade que conquistei. Eu comando minha beleza física sem perder a minha identidade. Sim! Cuido da minha alma, do meu amor-próprio. Não tenho coragem e nem maturidade para assumir meus cabelos brancos e nem minhas rugas. Sou vaidosa ao extremo. Sei que não tenho mais a beleza de 20 anos atrás, mas tenho um amor absurdo com meu espelho. Então, eu tomo café para mudar as coisas que posso, vinho para aceitar as que não posso e para o corpo, pão e vinho. Para a alma, sonho e poesia. Tudo vale a pena quando a garrafa de vinho não deixa você envelhecer. O vinho melhora com o tempo. Eu melhoro com o vinho. Ao envelhecer, parei de escutar o que as pessoas dizem. Agora só presto atenção ao que elas fazem. Porque no vinho, você vê o reflexo da alma do outro. Só sei de uma coisa, é preciso muito talento para envelhecer. Adoro uma frase do Cazuza: Você está vivo. Esse é o seu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. 

Por mais que se perca no caminho, cuidado! Tomar vinho continuamente pode te deixar mais sofisticado, com aparência mais jovial e muito mais feliz. Não envelheça sua alma, dê atenção devida a ela, faça dela o centro de sua paz, fonte de energia e dedique tempo para que os dois – alma e corpo – possam entrar na mesma sintonia.  Sabe o que é ser chic? É você se olhar e dizer o quanto você é linda, sim, linda assim, com algumas rugas que você pode direcionar a janela para que o vento lhe seja favorável. Podemos nos comparar aos vinhos. Uns com a velhice se valorizam e só dão alegria; outros perdem as poucas qualidades que tinham e só dão tristeza, tornando-se inúteis. Fim!

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