Dia Nacional da Saúde: relação entre obesidade e câncer impõe desafio para os próximos anos

Excesso de peso contribui para o surgimento de tumores tanto quanto o tabaco; atualmente, Brasil tem 27 milhões de pessoas obesas

Postado em: 05-08-2021 às 12h18
Por: Giovana Andrade
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Excesso de peso contribui para o surgimento de tumores tanto quanto o tabaco; atualmente, Brasil tem 27 milhões de pessoas obesas | Foto: Reprodução

A obesidade é uma doença crônica que, pela definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), se caracteriza pelo excesso de gordura corporal, em quantidade que possa causar prejuízos à saúde, e representa um problema de saúde que se agrava no Brasil e no mundo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, no Brasil, a proporção de obesos na população acima dos 20 anos de idade mais que dobrou entre 2003 e 2019, e hoje o país tem cerca de 27 milhões de pessoas consideradas obesas. Somadas ao total de indivíduos com sobrepeso, o número chega a quase 75 milhões.

Além de representar um risco por si só, a obesidade pode levar a outros problemas. Segundo estudo feito pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomas da Silva (Inca), o gasto com casos de câncer relacionados à obesidade entre adultos foi de R$ 1,4 bilhão, 40% do gasto total de R$ 3,5 bilhões aplicados em 2018 no tratamento da doença na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

A médica oncologista Danielle Laperche conta que, de acordo com algunas estudos, a obesidade favorece o surgimento de câncer na mesma medida que o tabaco. “O tecido adiposo é composto por células que além de armazenarem gorduras produzem substâncias inflamatórias e hormônios que em excesso levam a um estímulo exagerado ao crescimento de outras células. Isso gera um estado de inflamação crônica que, associado a hormônios estimuladores em níveis aumentados, eleva as chances de células cancerígenas serem formadas, causando o surgimento de um tumor”, ela explica.

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De acordo com dados de 2019 da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 55,4% dos adultos estão acima do peso (IMC igual ou maior que 25) e quase 20% já está obeso (IMC igual ou maior que 30). Em Goiânia, 20,6% dos homens e 18,6% de mulheres sofrem com a obesidade. O risco de desenvolver tumores já começa em pessoas com sobrepeso e aumenta progressivamente com o aumento do peso.

A obesidade está associada a vários tipos de câncer, como endométrio, mama, cólon, rim, esôfago, fígado, pâncreas, linfoma e mieloma. Nas mulheres, os impactos são ainda maiores, podendo piorar prognósticos como os do câncer de mama e endométrio. No segundo, por exemplo, quanto maior for o IMC, maior é o risco de morte, além de que as comorbidades associadas à obesidade, principalmente o diabetes, também somam para esse risco.

“De modo geral, a obesidade está relacionada ao aumento da mortalidade, que pode chegar a 14% em homens e 20% em mulheres, além de piorar a resposta ao tratamento oncológico e aumentar também os riscos de complicações pós-operatórias (infecção e linfedema), a toxicidade dos quimioterápicos e a incidência de comorbidades e de recidiva do câncer em sobreviventes”, explica a médica oncologista.

Cálculo do IMC

Para calcular o IMC, é preciso calcular a relação entre peso e altura. Na prática, o jeito mais fácil é multiplicar sua altura por dois e depois dividir seu peso por esse valor (IMC = peso / altura²). O resultado deve ser comparado aos valores abaixo:

  • Entre 18,5 e 24,9 = peso normal
  • Entre 25 e 29,9 = sobrepeso
  • Entre 30 e 34,9 = obesidade grau I
  • Entre 35 e 39,9 = obesidade grau II
  • Mais do que 40 = obesidade grau III

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