Pirâmide financeira de criptomoedas remete a outros 4 grandes golpes

Na semana passada, mais um golpe da conhecida e batida pirâmide financeira, na qual há promessas de investimentos com retorno de juros

Postado em: 29-08-2021 às 14h00
Por: Nielton Soares
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Relembre casos famosos que fizeram muitas vítimas no país, como da Fazenda Reunidas Boi Gordo, Avestruz Master, Telex Free e Atlas Quantum | Foto: reprodução

Na semana passada, mais um golpe da conhecida e batida pirâmide financeira, na qual há promessas de investimentos com retorno de juros altos, isto é, aumentar o patrimônio ou ficar rico da noite para o dia, foi desarticulada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Receita Federal. A operação prendeu, na última quarta-feira (25/08), o empresário Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria Bitcoin, acusado de enganar investidores.

Porém, essa prática de pirâmide financeira não é nova. A única novidade é o golpe utilizando, a partir de 2017, das moedas digitais. Para se ter ideia, o primeiro grande esquema ilegal dessa modalidade foi registrado há mais de três décadas. O Hoje selecionou quatro casos famosos que fizeram milhares de vítimas no Brasil.

A primeira delas foi registrada nos anos 90 e era chamada de Fazenda Reunidas Boi Gordo. Uma década depois, a modalidade virou febre, e surgiu a empresa Avestruz Master, com atividades em Goiás. Nessa mesma década, surgiu a TelexFree patrocinando até time de futebol. E já em 2017, usando criptomoedas, a Atlas Quantum conseguiu enganar muitas pessoas alçando o esquema para outro patamar, com moedas digitais. 

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Relembre

1 – Fazenda Reunidas Boi Gordo

A Fazenda Reunidas Boi Gordo foi uma das pirâmides financeiras mais conhecidas no País. O esquema criminoso ocorreu por volta dos anos 90. O golpe era tão convincente que pagava até espaços caros de propaganda na TV Globo. Os brasileiros assistiam nos intervalos da novela das nove, “O Rei do Gado”, anúncios para investimentos no negócio.

Estima-se que 30 mil pessoas, na época, perderam R$ 3,9 bilhões seduzidos pela oportunidade de embolsar um lucro, com rendimentos de 42% em um ano e meio. A promessa da empresa para os investidores era a engorda do gado e a criação de bezerros. Assim, os lucros seriam repassados, mediante a entrada de novos investidores no negócio.

Com essa lógica, a empresa, em 2001, não tinha mais recursos para manter os resgates de quem solicitava. E, foi o começo da queda dessa pirâmide financeira. Dois anos depois, o proprietário da empresa, Paulo Roberto de Andrade, foi condenado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e multado em mais de R$ 20 milhões, além de ser proibido de exercer o cargo de administrador de companhia aberta por 20 anos. No ano seguinte, foi decretada a falência da empresa.

2 – Avestruz Master

Com sede em Goiânia, a empresa Avestruz Master, no fim da década de 90, oferecia contratos de compra e venda de avestruzes com compromisso de recompra dos animais. Algo semelhante ao do esquema anterior, dos bois.

A promessa de ganhos rápidos pareceu um “cópia e cola”. O investidor era seduzido a investir em uma avestruz com 18 meses de vida e ganharia um retorno de 10% nessa aplicação, até o mês em que a ave fosse readquirida pela empresa. Já o tal lucro seria gerado a partir da suposta exportação.

Havia várias propagandas na TV, rádio e outros veículos de comunicação, onde eram mostrados os animais e supostas negociações de vendas para o exterior tanto da carne e ovos quanto da pele, para fabricação de cintos, bolsas e outros produtos.

No entanto, em sete anos de atividades, a empresa não abateu nenhuma ave. Mesmo afirmando ter comercializado mais de 600 mil animais, que na prática, só possuía 38 mil. A revelação de que o negócio se tratava de um esquema ilegal só ocorreu em 2005, período em que os sócios fugiram para o Paraguai.

3 – Telex Free

Também brasileira, a Telexfree – nome fantasia da empresa Ympactus Comercial S/A – foi considerada um dos maiores esquemas ilegais de pirâmide financeira da história do país. Diferente dos dois outros casos, a companhia oferecia um Voip (Voice Over IP), que supostamente permitia ligações telefônicas via internet.

Nesse golpe, mais de dois milhões de pessoas investiram as economias no negócio. A empresa chegou até a patrocinar time de futebol, em 2014, para promover a marca perante o público. Nesse mesmo ano, a Telexfree já devia R$ 2 bilhões aos credores e a Justiça decretou sua falência.

4 – Atlas Quantum

Já mais recente e utilizando moedas digitais, a Atlas Quantum surgiu com a promessa de mediar operações entre as exchanges (criptomoedas) em nome de investidores. A empresa informava que usava um robô criado para identificar quais eram as corretoras com maiores e menores preços e prometia ganhos tanto com a alta do Bitcoin quanto durante a baixa.

No período de 2017 e 2018, os primeiros investidores obtiveram ganhos médios de até 120%. Os atores Cauã Reymond e Tatá Werneck chegaram a fazer propaganda da “operação mágica”. No entanto, a empresa se envolveu em um dos maiores escândalos de vazamento de dados da história.

Ao todo, 264 mil investidores da Atlas tiveram o nome, e-mail, telefone e saldo de Bitcoins expostos em um incidente de segurança que pôs em risco a própria vida de alguns deles. Com esse episódio, a empresa passou a ser investigada, ainda, por lavagem de dinheiro.

O caso da Atlas Quantum foi considerado, até o momento, um dos maiores esquemas de pirâmide que envolvia criptomoedas do Brasil. E não parou por aí, pois já foram registrados golpes como Airbit Club, MinerWorld, MMM Brasil e Kriptacoin, cuja repercussão foi grande no país.

Pirâmide financeira

Pirâmide financeira ou esquema Ponzi – nome do precursor desse modelo comercial insustentável, Charles Ponzi – são práticas empresariais que têm como principal objetivo a remuneração pela indicação de novos membros, mediante taxa de entrada no negócio. Ou seja, o investidor paga para entrar, e ao conseguir indicar um número específico de outros interessados para entrar, ganha uma remuneração.

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