Único representante brasileiro, professor do IF Goiano concorre ao prêmio Global Teacher Prize 2021

Escolhido entre milhares de submissões, Greiton Toledo é finalista graças ao Mattics, projeto de extensão que ensina matemática e desenvolve atividades para tratamento do Parkinson

Postado em: 14-09-2021 às 12h23
Por: Giovana Andrade
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Escolhido entre milhares de submissões, Greiton Toledo é finalista graças ao Mattics, projeto de extensão que ensina matemática e desenvolve atividades para tratamento do Parkinson. | Foto: Reprodução

O goiano Greiton Toledo de Azevedo, professor de matemática no Instituto Federal Goiano (IF Goiano) em Ipameri, está concorrendo ao prêmio internacional de educação Global Teacher Prize de 2021. Único representante do Brasil na competição, ele ensina matemática estimulando os alunos a pensarem como cientistas e a criarem jogos e atividades que ajudem no tratamento dos sintomas do Parkinson.

Cientista, doutorando e professor de matemática, Greiton é o idealizador do Mattics, projeto de extensão que busca combinar nas aulas conhecimentos de matemática, robótica e jogos digitais, criando aplicações com materiais de baixo custo voltadas ao tratamento de sintomas da doença de Parkinson. Com isso, o estudo de matemática tem mais sentido, contexto e uma aplicação social.  

“A sala de aula é um lugar de invenção, de respeito e de diálogo. Em vez de provas, os estudantes são encorajados a serem cientistas nas aulas de matemática”, explica o professor. O projeto do IF Goiano é realizado no Campus Ipameri e em uma escola pública municipal de Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia. Greiton conta que sempre estudou em escolas públicas e que sua grande paixão é transformar a realidade através da educação.

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Nesse sentido, Greiton colhe os frutos de sua paixão e dedicação. Na escola municipal onde ele atua, a evasão de alunos foi reduzida de 25% para 0,8% em 2014/2015. Além disso, 85% dos seus alunos foram aprovados em universidades e mais de 50 alcançaram, entre 2016 e 2019, alta pontuação em olimpíadas de matemática e torneios de robótica.

Em decorrência desses resultados, o educador ganhou vários prêmios, entre eles o Professor Nota 10, da Fundação Victor Civita, e o Creative Learning, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Estados Unidos.

Além disso, o projeto voltado para o tratamento dos sintomas do Parkinson também tem forte impacto. A coordenadora do hospital público voltado a idosos, em Anápolis, que recebia as atividades desenvolvidas pela turma de Greiton, Raquel Moreira Barros, contou que os pacientes com Parkinson se beneficiavam muito desse trabalho, que só parou de ser realizado por causa da pandemia da Covid-19.

“Jogos ajudavam na parte motora, de coordenação, concentração, equilíbrio. Tudo isso eles desenvolviam muito”, lembrou.

Reconhecimento

Em sua oitava edição, o Global Teacher Prize é considerado o “Nobel da Educação”, por ser o de maior reconhecimento na área. Ele premia o melhor professor entre os indicados, avaliando qual deles teve uma atuação excepcional, deixando um forte impacto na sociedade e uma contribuição única à profissão. Além do título, o vencedor recebe US$1 milhão para ser aplicado em seu projeto de extensão.

Para Greiton, é uma grande realização estar entre os 50 finalistas do prêmio, que contou com mais de 8 mil inscrições de profissionais de 121 países. “Fico muito honrado de poder representar a escola pública, porque sou fruto e professor dela. A gente precisa impactar a vida das pessoas por meio da ciência brasileira, por meio do ensino da matemática. […] É possível trazer impacto social pelo conhecimento escolar na educação pública”, disse.

Ex-aluno de Greiton, o estudante Guilherme Dias conta que as aulas do professor são mesmo diferentes, porque mostram a matemática por outros ângulos, diferentes daqueles conhecidos pelos jovens.

“A matemática tem de fato um potencial prático, que é muito complicado de se ver no ensino médio. O Greiton é a manifestação desse ensino de vanguarda. É completamente diferente do que a gente está acostumado e do que é parte das instituições de educação no Brasil. Para nós, é um orgulho imenso”, contou.

Para chegar tão longe, o educador enfrentou barreiras como a falta de recursos e preconceitos da profissão para graduar, especializar, fazer mestrado e cursar doutorado em matemática em universidades públicas prestigiadas. “Sou apenas um dos milhares de professores e cientistas brasileiros que lutam com todas as forças e acreditam em seus alunos, na sua escola e no ensino de matemática para a transformação do nosso país”, finaliza.

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