Maior resgate do ano: 116 trabalhadores escravizados em colheita de palha em Goiás

Da palha são feitos os cigarros da empresa Souza Paiol, maior fabricante de cigarros de palha do Brasil. Ação foi realizada em Água Fria de Goiás (GO), a 140 quilômetros de Brasília

Postado em: 27-10-2021 às 21h31
Por: Redação
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Da palha são feitos os cigarros da empresa Souza Paiol, maior fabricante de cigarros de palha do Brasil. Ação foi realizada em Água Fria de Goiás (GO), a 140 quilômetros de Brasília | Foto: Grupo Especial de Fiscalização Móvel/Divulgação

Um resgate de 116 trabalhadores escravizados na colheita de palha para os cigarros da empresa Souza Paiol — maior fabricante de cigarros de palha do Brasil, foi realizado em Água Fria de Goiás (GO), a 140 quilômetros de Brasília. A operação, divulgada pelo portal Repórter Brasil, começou em 13 de outubro e foi encerrada na quarta-feira (20) da última semana.

De acordo com as informações divulgadas, considerando o número de envolvidos, foi o maior resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão realizado este ano. Entre os trabalhadores estavam cinco adolescentes, sendo um de apenas 13 anos, o que é proibido pela Constituição, especialmente em atividades exaustivas como a separação de palha

Integrantes do grupo relataram que trabalhavam com fome, pois a jornada começava às 5h e eles não tinham direito a café da manhã. O primeiro alimento chegava por volta das 11h e consideravam a refeição precária. Devido a essa situação, os trabalhadores temiam sofrer um mal súbito, segundo contaram aos auditores. De acordo com Campos, eles recebiam apenas mais uma marmita no dia. “Se ficassem doentes e não trabalhassem, era descontado R$ 15 pela marmita”, teria afirmado uma das vítimas, que também não tinham equipamentos de segurança e viviam em um alojamento sem condições mínimas de higiene.

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“Não tinham nenhum direito trabalhista, dormiam em alojamentos péssimos, não recebiam equipamentos de proteção individual e o motorista do ônibus que os levava para a colheita não era habilitado”, detalha o auditor-fiscal do trabalho, Marcelo Campos, que coordenou a operação feita pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM).

Foto: Grupo Especial de Fiscalização Móvel/Divulgação

Ainda de acordo com as informações divulgadas, as indenizações pagas aos trabalhadores somam cerca de R$ 900 mil e foram pagas pelo empresário José Haroldo de Vasconcelos, responsabilizado por manter os trabalhadores escravizados e a Souza Paiol. O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Defensoria Pública da União (DPU) vão propor um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Souza Paiol. Antes de ser flagrado com trabalho escravo, Vasconcelos também foi alvo de uma operação do Ministério Público de Minas Gerais e da Receita Estadual, que o acusou de sonegação fiscal e de não ter pago cerca de R$ 20 milhões em tributos.

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