Quinta-feira, 28 de março de 2024

Filme com Rodrigo Santoro e Christian Malheiros evidencia realidade brasileira pouco discutida

Filme da Netflix que relata escravidão contemporânea chega à plataforma e a salas de cinemas selecionadas em 11 de novembro

Postado em: 31-10-2021 às 11h18
Por: Almeida Mariano
Imagem Ilustrando a Notícia: Filme com Rodrigo Santoro e Christian Malheiros evidencia realidade brasileira pouco discutida
Filme da Netflix que relata escravidão contemporânea chega à plataforma e a salas de cinemas selecionadas em 11 de novembro | Foto: Reprodução

7 Prisioneiros é um filme dirigido por Alexandre Moratto a partir de um roteiro em parceiria com Thayná Mantesso. Com produção de Fernando Meirelles e Ramin Bahrani, e estrelado por Christian Malheiros e Rodrigo Santoro, o filme tem como foco a pior das relações trabalhistas na economia atual.

Durante a narrativa do longa, o jovem pobre Mateus, interpretado por Christian Malheiros, sai do interior de São em busca de uma oportunidade de trabalho na capital em um ferro-velho comandado por Luca, personagem de Rodrigo Santoro. Totalmente ao contrário do que imaginava, Mateus acaba se tornando vítima de um sistema de trabalho análogo à escravidão, com várias outras pessoas, sendo forçado a decidir entre continuar nessa situação ou arriscar o futuro de sua família.

Em meio à essa escravidão contemporânea, o drama vivido pelo jovem traz reflexões à tona, tanto quanto aos conflitos morais e éticos na busca de alcançar um objetivo, como também desperta a realidade camuflada no Brasil relacionado ao tráfico de pessoas e escravidão.

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“É aquele tipo de história que te persegue. Tenho cada vez mais oportunidades de trabalhar no mercado internacional, mas sempre estive conectado às histórias, onde quer que elas estejam. Independentemente de eu estar contando essa narrativa no Brasil, até porque ela poderia acontecer em qualquer lugar do mundo. Os dados dizem que são 40 milhões de pessoas hoje no planeta nessa situação (análoga à escravidão)”, comentou Rodrigo.

Foto: Aline Arruda/NETFLIX

“Quanto mais entramos nesse processo, vemos o quanto é cruel. Às vezes, dá vontade de desistir. Será que quero tocar nessa ferida? Será que dou conta? Porque não sou uma pessoa que foi escravizada, estou me emprestando para aquilo. Será que tenho estofo? Foram vários questionamentos” disse Christian.

O filme estreiou mundialmente em 6 de setembro de 2021, no 78º Festival Internacional de Cinema de Veneza e também foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2021. Em Veneza, 7 Prisioneiros além de agradar ao público do evento, recebeu repercussão positiva entre a crítica internacional, sendo premiado como Melhor Filme em Língua Estrangeira (Sorriso Diverso Venezia Award). Tanto a direção de Alexandre Moratto, como a atuação de Christian Malheiros e Rodrigo Santoro foram elogiadas pelos críticos.

Ao site Deadline, a crítica Anna Smith escreveu: “7 Prisioneiros o estabelece firmemente [Alexandre Moratto] como um cineasta talentoso contando histórias importantes da região, e é tão envolvente quanto deprimente e brutalmente educacional”.

Clique aqui para assistir o trailer. https://www.youtube.com/watch?v=Mr2vNNe-qk8

Tráfico de pessoas, escravidão e Covid-19

De acordo com Relatório Nacional sobre tráfico de pessoas, dados de 2017 a 2020, indicam que o impacto econômico gerado pela pandemia influenciará no aumento da vulnerabilidade socioeconômica e, consequentemente, no tráfico de pessoas. Em 2019 foram 1130 trabalhadores resgatados e, em 2020, foram 942, mesmo sem o trabalho, de março a julho, do grupo móvel, que é responsável por 40% das ações.

 Além das situações de vulnerabilidade das pessoas que aumentaram devido à pandemia, situações de guerra pelo mundo também auxiliam no recrudescimento de violações de direitos humanos. Segundo dados da Polícia Federal, um aumento gradativo de inquéritos instaurados em relação ao tráfico de pessoas, culminando no maior número em 2020.

De acordo com gráfico elaborado com dados de inquéritos instaurados pela Polícia Federal, indica a preponderância da finalidade de trabalho escravo, como também traz novos elementos principalmente em relação a outras finalidades envolvendo remoção de órgãos, o que supera a quantidade de situações de exploração sexual.

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