Miron, o goiano que ganhou o “maior prêmio da loteria no mundo” em 1975

Miron Vieira de Souza talvez tenha sido o ganhador da loteria mais assediado pela imprensa. Quando a Globo, em 1975, enviou uma equipe de reportagem para entrevistá-lo, ele parecia não acreditar, com seu revólver calibre 38 na cintura, que nunca mais passaria por necessidades financeiras. E, a pergunta que todo mundo vai lembrar é se ele poderia, com o dinheiro, colocar dentes na boca.

Banguelo, o primeiro ganhador da loteria de Goiás, venceu o prêmio sozinho. Ele morava na cidade de Ivolândia, onde comprou três fazendas. Ele fez a aposta, no entanto, na cidade vizinha, em Iporá. A região nunca mais esqueceu do dia 28 de outubro de 1975, quando aquele goiano simples, da roça, venceu o que hoje poderia calcular em 46 milhões reais.

Miron morreu em 2020, aos 80 anos, vítima de um câncer, na sede de uma de suas fazendas. Pai de seis filhos, ele passou os anos seguintes à premiação dando emprego e se negando a emprestar qualquer tostão. Quem quisesse algo com ele, teria de ajudá-lo na agropecuária e ganhar um salário.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo em abril de 1995, ele deu dicas a um dos ganhadores da Mega-Sena daquele ano. “Quem compra terra nunca erra”. Ainda ao jornal, ele disse que, ao ganhar na loteria, tinha apenas um sonho: comprar uma fazenda. Já pai de seis filhos, endividado, tentava ganhar a vida com o pequeno armazém, em Ivolândia, em Goiás.

No final da década de 1990, tinha três fazendas, criava porco e tinha mais de 3 mil cabeças de gado.

Mesmo milionário, nunca mais deixou de fazer a fezinha. “Quem faz o jogo está suscetível de ganhar”, disse, certa vez.
“Eu só sei assinar o nome. Os meus filhos, não. Estou batalhando por eles. Comprei uma fazenda para um. Uma outra se formou em direito.”

Na página Goiás Tem História, do jornalista Iuri Godinho, foi postado um vídeo de Miron em que ele é entrevistado por uma equipe de reportagem da Rede Globo. Ali, esbanja simpatia.