Janeiro Branco: como manter a saúde mental em tempos de crise econômica e desemprego

Desde 2014, a campanha Janeiro Branco vem ganhando força com a disseminação de uma cultura da saúde mental no Brasil.

Postado em: 10-01-2022 às 10h14
Por: Ícaro Gonçalves
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Desde 2014, a campanha Janeiro Branco vem ganhando força com a disseminação de uma cultura da saúde mental no Brasil | Foto: Reprodução

O ano de 2022 já se iniciou e com ele a Campanha Janeiro Branco, voltada à conscientização das pessoas para as questões e necessidades relacionadas à Saúde Mental e Emocional. O período é uma oportunidade para o debate de questões cada vez mais comuns na sociedade, como estresse, burnout, crises de ansiedade, entre outros temas ligados à saúde mental.

Um dos grandes fatores que tem causado crises de ansiedade na população atualmente é o desemprego. Atualmente, 13,5 milhões de brasileiros buscam emprego, segundo dados do IBGE. Já de acordo com uma pesquisa de 2020 da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 67,8% dos psiquiatras entrevistados responderam que receberam pacientes novos no início da pandemia que nunca haviam apresentado sintomas psiquiátricos anteriormente.

O auxiliar de coordenação escolar, George Michael Reubler Vaz, de 31 anos, tem sofrido crises de ansiedade, alterações na alimentação e uma forte preocupação em conseguir um emprego novo. Em quase dois anos da pandemia de Covid-19, o profissional ficou desempregado por duas vezes por conta da crise econômica no País. 

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Quando perdeu os empregos, a aflição veio. Houve queda de cabelo, ansiedade em relação à comida e aumento na frequência cardíaca. “Meu emocional está muito abalado. Muitas vezes tenho problemas em dormir e quando durmo, acordo fatigado, como se o ar acabasse. Percebi muitas vezes as alterações em que fico bem, outras vezes choroso, nervoso, agitado”, descreveu George, que tem esposa e dois filhos. O auxiliar contou que, com o estresse emocional vivenciado neste ano, engordou bastante e hoje está com 114 quilos.

Ajuda profissional

Para a psicóloga Ana Beatriz Sahium, que atende na Clínica Mare, no centro clínico do Órion Complex, cuidar da saúde mental é fazer com que o indivíduo se reconecte com o que ele estima, com os programas que gosta de fazer. “Saúde mental não é só fazer terapia. É me autoconhecer, estar com quem eu quero, gosto, realizar coisas que me deixam feliz e bem. Em um momento de estresse quem me faz bem?”, ressaltou Ana.

Ao conviver com o desemprego, é preciso investir em coisas que agreguem. “O profissional precisa de dinheiro para sobreviver e sustentar sua família. Nós vivemos em um país onde muita coisa está acontecendo. Com a convivência do desemprego, ele fica desestabilizado. É necessário reconhecer onde o profissional quer trabalhar, não parar de procurar uma vaga, e fazer terapia”, explicou a psicóloga.

Janeiro Branco

Lidar com as emoções do desemprego em um cenário cuja pandemia afetou empregados e empresários é um processo que deve ser trilhado com ajuda profissional. Desde 2014, a campanha Janeiro Branco vem ganhando força com o objetivo de contribuir com a construção, o fortalecimento e a disseminação de uma cultura da saúde mental no Brasil.

A psicóloga Ana Beatriz afirma que é preciso não pensar tanto na parte negativa, o que pode acontecer. “Temos que viver o novo normal, pensar positivo para que nessa busca por um novo trabalho, o resultado seja alcançado”, destacou. Ser escutado, admirado, estar vivo são abordagens as quais a psicóloga identifica como oportunidades de cuidado da saúde mental para toda vida.

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