Neurocientista avalia prejuízos que o estímulo das redes sociais pode trazer para a sociedade

Especialista explica como as atualizações da rede social podem influenciar na saúde mental

Postado em: 25-01-2022 às 08h36
Por: Redação
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Especialista explica como as atualizações da rede social podem influenciar na saúde mental | Foto: Reprodução

Por Elysia Cardoso

Assim como diversos elementos que fazem parte da vida contemporânea cotidiana, as redes sociais estão passando por atualizações a todo momento. O Instagram, por exemplo, acaba de colocar em teste o recurso de ‘assinaturas’ que visa fornecer ferramentas exclusivas para que os criadores de conteúdo possam se diferenciar dos outros perfis e ter renda financeira através da plataforma.

Entre os benefícios do ‘novo Instagram’ estão a possibilidade de criar stories e lives exclusivos, bem como a obtenção de um selo de verificação, que já é almejado por diversos influenciadores e personalidades no mundo digital. De acordo com o neurocientista, PhD e biólogo, Dr. Fabiano de Abreu, as atualizações das redes sociais podem esconder um perigo preocupante. “Já somos reféns, dependentes dessas redes sociais e isso é perigoso. Com esta nova atualização, mais pessoas vão investir seu capital na esperança de obter o selo e estratégias para chamar a atenção, aumentando ainda mais o narcisismo que já é patológico em nossa sociedade”, explica.

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O Dr.Fabiano afirma que as redes sociais são, inicialmente, uma ferramenta de alívio rápido para a ansiedade, pois, os likes e compartilhamentos, são uma maneira que o cérebro encontra para liberar o neurotransmissor dopamina e provocar uma sensação de bem-estar. O problema é que a dopamina é viciante e,o bem-estar provocado por ela, eventualmente não é mais suficiente, gerando uma espécie de ciclo vicioso que acaba por trazer mais ansiedade. 

Logo, estimular pessoas a passarem mais tempo se dedicando às redes sociais pode agravar este cenário. “Quanto maior a ansiedade e mais duradoura, maior a procura pela rede social na esperança de ter boas sensações já que a ansiedade leva a uma atmosfera negativa. Sendo que as boas sensações também aumentam a ansiedade para que as tenha mais vezes”, pontua.

O neurocientista acredita que o recurso fará sucesso entre os usuários do Instagram por conta do glamour em torno da vida dos influenciadores, principalmente em países como o Brasil, onde há diversas questões econômicas preocupando a população. “A maioria dos casos não haverá uma melhora financeira e sim gastos que elevam mais ainda a ansiedade e o estresse”, alerta.

Como se dá o estímulo 

Se antes celulares e computadores já eram considerados uma extensão de nossos corpos, agora podemos considerá-los  uma extensão de nosso mundo. Uma pesquisa realizada pelo Laboratório Delete ajuda a entender esse fenômeno. Entre os meses de maio e junho do ano passado, marcado pelo surgimento do novo coronavírus, o laboratório que faz parte do Instituto de Psiquiatria da Universidade do  Rio de Janeiro (UFRJ) realizou uma pesquisa com 870 pessoas, das quais 52,6% instalaram novos aplicativos para realizar mais atividades digitais e 43,8% passaram a fazer compras e operações bancárias online.

Se você também se pergunta por que é tão difícil largar as redes sociais, a resposta está em “apenas” uma palavra: dopamina. Este neurotransmissor produzido pelo cérebro no sistema mesolímbico (conhecido também como “circuito de recompensa”), atua sobre o humor, o prazer, o aprendizado, a motivação, a coordenação motora, entre outras. 

Sua liberação ocorre sempre que um estímulo externo é interpretado pelo cérebro como algo prazeroso. Esse estímulo pode vir ao se realizar atividades físicas, fazer sexo, comer chocolate, jogar videogame ou até no consumo de drogas lícitas e ilícitas. “O cérebro precisa de substâncias como a dopamina e serotonina para se sentir bem e ele aprende rapidamente quais atividades dão a ele as maiores quantidades”, explica a psicóloga clínica e fundadora do Laboratório Delete, Anna Lucia Spear King.

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