Jornalistas buscam financiamento coletivo para reeditar livro sobre Césio

Campanha na plataforma ‘Catarse’ visa a arrecadar recursos até 12 de novembro

Postado em: 09-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

“Sobreviventes do Césio 137, escrito pela jornalista Carla Lacerda, contém relatos de vítimas do maior acidente radioativo do mundo em uma área urbana. Premiada em 2008, a publicação está esgotada e, para viabilizar uma reedição da obra, a autora lançou campanha de financiamento coletivo com o objetivo de arrecadar recursos, até o próximo dia 12 de novembro. Os apoios podem ser feitos em www.catarse.me/sobreviventesdocesio137 .

A segunda edição vai contar com a contribuição do jornalista Yago Sales e da escritora e editora Larissa Mundim. Sustentado nos princípios do Jornalismo Literário (ou New Journalism, movimento que tem como expoentes autores como Gay Talese e Tom Wolfe), Sobreviventes do Césio 137 reconta o trágico episódio sob o ponto de vista das vítimas, e será publicado pelo Selo Eclea da Nega Lilu Editora. Com novo projeto gráfico e dados atualizados, a referência técnica para esse novo trabalho é o livro Hiroshima, de John Hersey, considerado por muitos um marco do Jornalismo Literário moderno.

O livro conduz o leitor para aquele domingo, 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado para tratamento de câncer – que continha a cápsula de Césio – foi encontrado por dois rapazes em um terreno baldio onde funcionava o antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), hoje o Centro de Convenções de Goiânia. “Como viviam as vítimas? O que sentiram durante a crise? Essas foram algumas perguntas que me motivaram a escrever e a registrar, por meio da história oral, a memória destas pessoas, como um patrimônio”, conta Carla.

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A obra contém depoimentos de vítimas que, durante muito tempo, se recusaram a falar sobre o acidente com a imprensa, como os irmãos de Leide das Neves, Lucimar e Lucélia; um dos vizinhos de Devair Alves Ferreira, Edson Fabiano (um dos últimos sobreviventes a voltar do Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro); e Wagner Mota, um dos rapazes que acharam a bomba de Césio nos escombros do antigo IGR. O então secretário estadual de Saúde, o médico Antônio Faleiros, e a mãe de Leide, Lourdes das Neves, também trazem sua versão sobre o acidente.

Atualmente, Carla Lacerda é repórter e apresentadora da TV Brasil Central, afiliada da Cultura em Goiás. As entrevistas publicadas em Sobreviventes do Césio foram realizadas quando ela produziu reportagens especiais sobre os 20 anos do acidente (2007), no jornal O HOJE. O livro já conquistou dois prêmios, sendo um deles nacional: menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog, organizado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.


Campanha

Para conseguir reeditar a obrar e imprimir 300 exemplares, além de lançar a versão em e-book, os jornalistas e a Nega Lilu Editora criaram uma campanha na plataforma Catarse (www.catarse.me/sobreviventesdocesio137). Lançada no dia 13 de setembro deste ano, data em que se completou 30 anos da tragédia, a chamada ‘vaquinha virtual’ precisa arrecadar R$ 11.990 até as 23h59 do dia 12 de novembro. 

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