Setor de farmácias é o 7º que mais pegou empréstimos com Programa de Apoio à Pequenas Empresas
A categoria utilizou R$ 1,5 bilhão em 19 mil contratos no país, em 2020 e 2021
Por: Jennifer Neves
A pandemia de Covid-19 colocou a corda no pescoço de diversos empreendimentos. Com exceção de alguns que tiveram crescimento por motivos óbvios, como o setor de farmácias, por outro lado, foi o sétimo que mais fez empréstimos com o Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Pronampe). Dados divulgados pelo Metrópoles, nesta segunda-feira (14/03), apontam que a categoria utilizou R$ 1,5 bilhão em 19 mil contratos em 2020 e 2021.
O Programa que entrou em vigor em junho de 2020, teve mais de 500 mil contratos e utilização de mais de R$ 37 bilhões dos recursos destinados a segmentos de restaurantes e entretenimento, por exemplo, segundo o Ministério da Economia. No entanto, as farmácias chamam atenção por terem recorrido ao recurso de empréstimo do governo, simultaneamente ao crescimento de 17,39% do setor no ano passado, em relação a 2020, com faturamento superior a R$ 49,6 bilhões acumulados somente de janeiro a setembro daquele ano.
Segundo dados da empresa de estatística do setor de saúde, Close Up, entre agosto de 2019 e agosto de 2021, enquanto mais de 18 mil pontos de vendas de farmácias foram abertos, outros 12 mil foram fechados. Aproximadamente, 16 mil farmácias continuaram de alto potencial e 52 mil, de baixo potencial. Além disso, mais de 2 mil migraram de baixo potencial para alto, ao mesmo tempo que 1.687 migraram de alto potencial para baixo.
O ex-conselheiro do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás, Cadri Awad, diz que apesar de o setor ter crescido durante a pandemia, não significa que as farmácias estejam saudáveis financeiramente. “Um dos principais problemas, senão o maior problema, é a má gestão dos donos de farmácias. É muito comum em redes de pequeno e médio porte, ver proprietários que misturam CPF [Cadastro de Pessoa Física] com CNPJ [Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica], e que não estão alicerçados com capital de giro. Tudo isso faz com que o fluxo de caixa seja afetado. Boa parte delas apresentam fluxo de caixa negativo em grande parte dos meses em função de custos elevados e dificuldade em manter o estoque em níveis apropriados”.
O ex-conselheiro também aponta sobre o crescimento que o mercado sustentou nos últimos meses. “Foi acompanhado por muitas oscilações de preços, exigência de maior estocagem, que demandou de muitas farmácias investimento para se adequar”.
Cadri detalha que a pandemia de Covid-19 impulsionou a procura por medicamentos específicos, o que acabou gerando uma obrigação dos donos de farmácias em comprar quantidades acima da demanda. “Essa situação faz nascer a necessidade de fazer empréstimos, pois eles são obrigados a comprar quantidades acima da demanda. Portanto, é um mercado que no todo cresce bem acima dos outros ramos do varejo, porém, vender mais não significa ter resultados para uma boa parte das farmácias”.