Veja como está o jovem que teve “sou ladrão e vacilão” tatuado a testa
Caso aconteceu em 2017 e, segundo agressores, a tatuagem foi feita como punição por, supostamente, o jovem ter tentado roubar uma bicicleta
Por: Maria Paula Borges
O adolescente que teve “sou ladrão e vacilão” tatuado na testa como punição por supostamente tentar roubar uma bicicleta, em junho de 2017. Ruan Rocha foi flagrado por Maycon Wesley e seu vizinho, Ronildo Moreira. Os agressores riam e coagiam Ruan a dizer que queria tatuar “sou ladrão”, enquanto filmavam o momento da tortura. A frase foi exibida ainda sangrando nas imagens que circularam pela internet.
Após quase duas semanas desaparecido, diante da percussão, a família do adolescente o reconheceu e foram até a polícia para localizá-lo. Segundo eles, o jovem era usuário de drogas e não estava em pleno uso de suas faculdades mentais.
A polícia foi até o local do crime, onde os dois responsáveis pela tortura disseram que Ruan havia tentado roubar uma bicicleta, os deixando revoltados e, por isso, tomaram a decisão de punir o garoto. Entretanto, disseram também que o haviam soltado após as agressões e não sabiam onde ele estava.
Na tarde do mesmo dia, os homens receberam o decreto de prisão preventiva e Ruan foi encontrado por conhecidos. Ao Distrito Policial da Cidade de São Bernardo do Campo, o jovem negou ter cometido o furto e foi medicado antes de ser levado para a casa de sua avó. O tio de Ruan relata que, além da tatuagem, o adolescente teve seu cabelo cortado e os pés e mãos amarrados pelos dois agressores.
Para se recuperar do vício em drogas, o adolescente foi internado em uma clínica de reabilitação. Por meio da ajuda de uma vaquinha online, o jovem iniciou o procedimento de retirada da tatuagem durante sua permanência na clínica. Após 1 ano de sobriedade, Ruan afirmou se arrepender de ter pegado a bicicleta para dar uma volta.
“Aquele Ruan lá atrás não era eu, era totalmente uma pessoa desorientada, sem norte, sem futuro. Hoje eu vejo que o Ruan de verdade é esse, que quer uma vida nova, quer ajudar as pessoas, ajudar a família, e quer ser grato todos os dias”, disse ao entrevistador.
No mesmo ano, o tatuador foi condenado a 3 anos de prisão por lesão corporal gravíssima e 4 meses e 15 dias por constrangimento ilegal. Já o vizinho recebeu pena de 3 anos e 6 meses por lesão corporal e de 5 meses e 7 dias por constrangimento ilegal.
Após o caso
Ainda em 2018, Ruan foi preso por furtar cinco frascos de desodorante em um mercado durante uma folga dada pela clínica. Por ser réu primário e com auxílio do departamento jurídico da clínica, Ruan foi liberado sob fiança, retornando à reabilitação.
Veja foto.
Entretanto, em 2019, o jovem voltou a ser preso também por furto. Na ocasião, o adolescente entrou em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade e roubou R$ 20, um moletom e um celular, mas foi flagrado por uma enfermeira e imobilizado por um vigilante. Por ter entrado em luta corporal com a enfermeira, o caso foi julgado como roubo e ele foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão em regime semiaberto.
No final de 2019, quando já estava na unidade penitenciária há um mês, o jovem fugiu do local, mas foi recapturado.
O jovem ainda cumpre pena em Pacaembu, enquanto os agressores receberam o benefício do regime aberto, em 2018. A mãe de Ruan diz que “se for para ele sair de lá do mesmo jeito, é melhor ele ficar mais um pouco lá, que Deus trabalha na cabeça dele”.
Já o psicólogo Sérgio Castillo, diretor da clínica por onde Ruan passou, o jovem talvez tenha uma idade mental inferior à idade biológica. “É nítido diante das posturas que ele torna, dos comportamentos”. Além disso, o psicólogo afirma que o jovem desenvolveu mecanismos de defesa para viver em um mundo hostil demais para ele e, quando está em ambiente seguro para ser quem é, se mostra “uma criança extremamente carente”.