Segunda-feira, 22 de julho de 2024

O Fast Fashion realmente compensa? Especialista explica

Com as políticas de governança ambiental, social e corporativa (sigla em inglês, ESG) crescendo cada vez mais, o universo das passarelas está se preocupando ainda mais com princípios sustentáveis. Com um olhar mais aguçado para a procedência de cada material e como, após a manufatura, ele se degrada no meio ambiente, o setor da indústria da moda que mais degrada o meio ambiente é o fast fashion.

Postado em: 11-06-2022 às 08h24
Por: Redação
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Ana Carolina Santana é coordenadora do curso de moda em universidade de Goiânia. | Foto: Reprodução.

Com as políticas de governança ambiental, social e corporativa (sigla em inglês, ESG) crescendo cada vez mais, o universo das passarelas está se preocupando ainda mais com princípios sustentáveis. Com um olhar mais aguçado para a procedência de cada material e como, após a manufatura, ele se degrada no meio ambiente, o setor da indústria da moda que mais degrada o meio ambiente é o fast fashion.

A indústria da moda ocupa um posto indesejado quando se fala em sustentabilidade: é a segunda mais poluidora do mundo, atrás apenas da indústria do petróleo. Importante área de negócios, a moda abriga segmentos como o têxtil e o calçadista, setores que se inseriram na dinâmica do fast fashion para conquistar novos mercados e resultados positivos.

A estrutura de novas coleções a todo momento, porém, gera um impacto ambiental que começou a ser repensado. Diversos públicos hoje percebem e se preocupam com os efeitos de mudanças tão intensas na exploração de recursos não renováveis. Dentro desse cenário, podemos entender que a moda necessita desenvolver ações pautadas na redução de impactos, buscando criar novos produtos que possam, ao mesmo tempo, contribuir para a competitividade do cliente e garantir o melhor desempenho social, ambiental e econômico.

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Somente a indústria têxtil e de vestuário é responsável, hoje, por 8 a 10% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. Estima-se que US$ 500 bilhões de valor sejam perdidos todos os anos devido à subutilização de roupas e à falta de reciclagem. Isso representa um enorme desperdício: são mais de 20% do total de US$ 2,4 trilhões que a moda produz globalmente. Todos os dados são da Aliança das Nações Unidas para a moda com produtos com menor impacto político, social e ambiental, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para contribuir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável por meio de ações coordenadas no setor da moda.

Se o mercado precisa estimular constantemente o consumidor final com novas coleções, precisamos desenvolver produtos inovadores que contribuam para reduzir o impacto naturalmente gerado pelo consumo. Componentes biodegradáveis, adesivos sólidos e processos com geração zero de resíduos são alguns dos conceitos já praticados no mercado.

Recentemente, percebemos que diversos temas, como marcas eco-friendly, moda consciente e slow fashion estão em alta. Mas o que elas significam? Em resumo, eco-friendly são marcas “amigas do meio ambiente”, que carregam em seu conceito o respeito ao meio ambiente e aos recursos naturais, usando matérias primas orgânicas, produtos biodegradáveis ou que causem menor impacto no descarte.

A moda consciente engloba também a moda eco-friendly, mas ela vai além disso. Ela se preocupa com as condições de trabalho que a peça foi produzida, indo na contramão ao fast fashion e investindo em peças com maior durabilidade.  Já o slow fashion vem com uma proposta de desacelerar o consumo, se trata em consumir roupas que sejam atemporais e que não sirvam apenas a uma estação da moda, como por exemplo roupas neons ou estampas muito chamativas.

Podemos pensar que todos esses movimentos são grife e não acessíveis à grande população, e realmente essas propostas são mais caras do que a fast fashion. Principalmente pelo objetivo em consumir peças de origem com menor impacto ambiental e maior durabilidade, do que grandes consumos. Mas existem ações que são práticas e acessíveis para todos! É sempre importante analisar todas as roupas que temos no guarda-roupa, a superlotação não é boa nem visualmente e nem para o meio ambiente. Se libertar da ideia de precisar ter roupas no seu closet, cada estilo é único e deve ser adaptável para o seu dia a dia. Se você não gosta de jaqueta jeans, não precisa comprar só porque está na moda.

Uma outra dica valiosa é adquirir peças de brechós e de marcas locais, são verdadeiros achadinhos! Em Goiânia mesmo temos diversos brechós e bazares que acontecem durante todo o ano e com roupas de qualidade.

Por: Ana Carolina Santana

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