‘Cidade perdida na Amazônia’: por que lenda de Ratanabá não faz sentido

Assunto se tornou um dos mais comentados nos últimos dias, porém, boato não faz sentido.

Postado em: 15-06-2022 às 10h12
Por: Luan Monteiro
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Assunto se tornou um dos mais comentados nos últimos dias, porém, boato não faz sentido. | Foto: Reprodução

Nos últimos dias não se fala de outra coisa além da “lenda” de Ratanabá, que seria uma civilização secreta no meio da Amazônia. Segundo publicações em redes sociais como Twitter, TikTok e Instagram, a cidade seria “maior que a Grande São Paulo”, era “a capital do mundo” e “esconde muita riqueza, como esculturas de ouro e tecnologias avançadas de nossos ancestrais”.

Além disso, outras teorias da conspiração afirmam que a “descoberta” seria “o verdadeiro interesse de dezenas de homens poderosos na Amazônia” e até explicaria o desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira.

Porém, essas informações não fazem sentido algum. Em entrevista à BBC, o arqueólogo e professor do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo (USP), Eduardo Goés Neves, afirmou que “Tudo isso é um delírio”.

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Segundo Eduardo, o surgimento de histórias como a de Ratanabá, que não têm fundamento algum, presta um “desserviço à arqueologia”. “Há mais de 20 anos, os arqueólogos que atuam na região defendem que existiam cidades na Amazônia, mas isso era visto como coisa de maluco”, explica.

“Com o passar do tempo, a perspectiva foi mudando e a comunidade acadêmica começou a aceitar que, sim, existem evidências de sítios de grande dimensão, estradas e aterros construídos há muito tempo”, continua. “Agora, todo o nosso esforço pode quase voltar à estaca zero com a história de Ratanabá e a propagação de informações das maneiras mais estapafúrdias possíveis”, completa.

Divulgação

A princípio, a teoria foi divulgada pela Associação Dakila Pesquisas, uma entidade independente. Na última terça-feira (14/6), o presidente da entidade, Urandir Fernandes de Oliveira, foi recebido na Secretaria de Cultura por Mario Frias, para conversar sobre o assunto.

No passado, Urandir Fernandes de Oliveira afirmou ser o principal interlocutor do ET Bilu, suposto alienígena que teria aparecido num terreno em disputa judicial. Ele afirmava conversar com Bilu desde os 13 anos de idade, mas só relevou a existência dele em 2009, Ano em que parte de sua fazenda foi desapropriada por decreto presidencial para se tornar uma área quilombola.

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