Vanderlan recusa convite para acompanhar Lula em viagem à China

Felipe Cardoso e Francisco Costa

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embarca rumo à China na próxima segunda-feira (10), à tarde. Conforme cronograma presidencial, a expectativa é de que Lula fique três dias no país e pelo menos uma noite nos Emirados Árabes. 

A princípio, a ideia era que o senador goiano Vanderlan Cardoso (PSD), juntamente com outras lideranças estratégicas, acompanhasse o petista na viagem que já é vista como a mais importante do primeiro ano de gestão — vale lembrar que a China é o principal parceiro comercial do Brasil.  

Conforme apurado pela reportagem do O HOJE, o senador decidiu, porém, recusar o convite. Vale lembrar, Vanderlan foi convidado por presidir a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A informação é de que o senador teria optado por ficar no Brasil para se manter focado nos trabalhos da Comissão. Nos bastidores, porém, a leitura é de que a decisão pode ter sido embasada numa tentativa de evitar desgaste com as bases — amplamente bolsonaristas. 

Vanderlan, que atuou como fiel escudeiro do presidente Jair Bolsonaro ao longo dos últimos anos, tem sofrido pressões por diversos lados em um cenário de novo governo. De um lado, bolsonaristas cobram que o senador atue de maneira mais enérgica em oposição ao petismo. Do outro, petistas tentam buscar apoio do Senado para aprovação de matérias importantes e, portanto, trabalham para que haja uma relação minimamente amigável. 

Uma das principais leituras de quem acompanha de perto a política goiana é de que a recusa pode ter relação direta com as eleições de 2024. Há quem arrisque dizer que Vanderlan é ‘candidatíssimo’ à prefeitura de Goiânia no ano que vem. Acontece que o senador figura no rol dos ‘bolsonaristas’ e, caso dispute, trabalhará para ter ao seu lado essa importante fatia do eleitorado.

Qualquer movimento equivocado por parte do senador agora, poderá custar caro no futuro. Vanderlan sabe disso. Não é à toa, avaliam as mesmas fontes, que o deputado federal Gustavo Gayer (PL) tenta pregar em Cardoso a marca do petismo. Se o carimbo ‘vanderlula’ emplacar, o processo de fritura senador poderia ser irreversível. Quanto menos se aproximar ou flertar com o PT, menos desgaste terá com essa ala.

Gayer, vale lembrar, é, inclusive, um dos nomes cotados para o páreo de 2024 pela prefeitura de Goiânia. Se ambos lançarem candidatura, afinal, quem herdará os louros do núcleo duro do ex-presidente?

Viagem 

Lula chegará em Xangai na quinta-feira (13). Na ocasião, participará da cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como presidente do Novo Banco do Desenvolvimento (NBD), o banco dos Brics. Na sexta-feira (14), ele vai a Pequim para se encontrar com Xi Jinging.

No sábado (15), deixa o país e fará uma conexão nos Emirados Árabes, onde passará a noite antes de voltar ao Brasil no domingo (16). Lula, vale lembrar, iria à China em 26 de março. À época, o presidente teve uma broncopneumonia bacteriana e viral e teve que adiar o compromisso.