Degustação de vinhos: especialista traz dicas para aqueles que desejam apreciar bebida

Não é preciso ser um expert para apreciar vinho, mas com um pouco de conhecimento a degustação pode se tornar uma atividade muito satisfatória

Postado em: 18-04-2023 às 08h57
Por: Lanna Oliveira
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Não é preciso ser um expert para apreciar vinho, mas com pouco a degustação pode se tornar uma atividade muito satisfatória | Foto: Divulgação

Talvez você já tenha passado pela situação de chegar em um restaurante com vontade de beber um vinho e, ao olhar para a carta de rótulos, não saber o que pedir. E quando chega o sommelier, oferecendo a rolha para cheirar e um gole de prova? Nesse momento, você pode pensar: “puxa vida, gostaria de conhecer um pouquinho mais sobre vinhos”. É claro que não é preciso ser um expert para apreciar o produto. Mas com um pouco de conhecimento, degustar um vinho pode se tornar uma atividade muito satisfatória e, por incrível que pareça, nem tão complicada assim.

O sommelier e professor Jonas Martins traz algumas dicas para pessoas que desejam começar a aproveitar a jornada de degustação de vinhos, porém, sem o ‘falso glamour’ que às vezes transforma a experiência em algo piegas e taxado. “Ao longo da minha carreira, sempre busquei desmistificar algumas lendas em torno da apreciação de vinho, ao passo que também considero importante ressaltar alguns pontos que irão ajudar pessoas que se interessam por esse universo tão rico e bacana”, diz Martins.

Na opinião de Jonas, o primeiro passo para quem está começando é tentar achar rótulos que sejam fáceis de encontrar e comparar, especialmente com preços atrativos e uvas mais conhecidas. Assim, vinhos sul americanos, pelo fácil acesso, são boas opções. Entre as uvas brancas que caem nessa categoria estão a Sauvignon Blanc e o Chardonnay. Do Chile, da vinícola Alto Roble, o Fortunatus Sauvignon Blanc e o Felitche Chardonnay são dois rótulos bem interessantes, pois, apesar da qualidade, têm um preço muito atrativo também.

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Quem tem a intenção de começar pelos tintos, é importante lembrar que eles apresentam nuances mais marcantes. Ainda do Chile, o Felitche Cabernet Sauvignon é ideal para a iniciação. Migrando para a Argentina, terra dos famosos Malbecs, o Cinco Sentidos Malbec não irá assustar na primeira degustação, já que os vinhos dessa uva são marcantes e particulares. Já o Felitche Rosé, é um vinho de entrada para quem quer um vinho com outro estilo, mais fresco, mesmo sendo produzido com uva tinta.

Já que falamos em tipos de uva, Martins sugere que normalmente é mais fácil degustar vinhos brancos que são mais diretos, que já mostram os aromas e os sabores, em relação aos vinhos tintos, que são mais complexos e apresentam mais corpo. “Então, eu penso que a ordem seria mesmo começar com os brancos, passar para alguns rosés e ir para os tintos, mas não é uma regra. Eu acho que, principalmente para quem está começando, o importante é provar o máximo possível, provar de tudo, mas deixo como sugestão começar pelos brancos”, explica.

Outro ponto interessante, que vem com a experiência, mas que já deve ser levado em consideração pelos iniciantes, é entender como identificar os aromas e as notas. O primeiro passo, por incrível que pareça, é prestar atenção nas coisas do dia a dia. Segundo o sommelier, de nada adianta querer ‘desvendar’ as notas de um vinho se no dia a dia você nunca reparou nos cheiros do ambiente, como, por exemplo, no cheiro de uma laranja cortada, ou de uma defumação com lenha, até mesmo a sensação olfativa de uma cebola fritando.

Prestar atenção ao ambiente e às experiências sensoriais é desenvolver um controle para poder, ao apreciar uma taça, criar paralelos entre as coisas que você sente, que você sabe o aroma e sabor, e o que tem no vinho. Em contrapartida, alguns tipos de vinhos, para que sejam aproveitados em sua máxima excelência, demandam um pouco mais de experiência. Não quer dizer que você não deve bebê-los, porém, ganhando um pouco mais de ‘cancha’, as sensações serão infinitamente mais bem aproveitadas. 

A uva Nebbiolo, usada na produção do Barolo, vinho de Piemonte, Itália, é uma uva que permite vinhos mais complexos e estruturados. “Às vezes um iniciante vai provar um vinho desses, ele nem consegue aproveitar o vinho ou sequer gosta, porque são vinhos que têm uma complexidade super grande, taninos mais agressivos”. Alguns brancos também podem entrar na lista. O italiano Inusuale, da Inserrata, é um 100% Sangiovese, uva tinta, que para surpresa de muitos gera um vinho branco, único, e para dar valor nessa garrafa, é preciso experiência.

Por fim, vinhos naturais, que são aqueles produzidos com técnicas mais rudimentares e uso quase zero de produtos químicos, com o mínimo de intervenção do homem, como há séculos, também fazem parte dos vinhos ‘faixa-preta’. Para entender, por exemplo, o Malbec Natural Krontiras, da Argentina, é preciso ter referências anteriores com Malbecs menos complexos, para a experiência ser completa. Jonas Martins deixa claro que o primeiro passo sempre será o interesse e enfatiza que vale a pena se aprofundar por esse universo vasto e prazeroso.

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