Segunda-feira, 08 de julho de 2024

‘Claude Debussy – Centenário da Morte’

José Eduardo Martins homenageia compositor francês no ‘Concertos Didáticos para Juventude’

Postado em: 06-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: ‘Claude Debussy – Centenário da Morte’
José Eduardo Martins homenageia compositor francês no ‘Concertos Didáticos para Juventude’

GABRIELLA STARNECK*

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O recital Claude Debussy – Centenário da Morte será apresentado, nesta quarta-feira (6), pelo renomado pianista José Eduardo Martins, no Centro Cultural UFG, em Goiânia. O artista agora volta à Capital trazendo para o projeto Concertos Didáticos para Juventude uma homenagem ao centenário do compositor francês Claude Debussy, que morreu em 1918, em Paris, e influenciou fortemente a música dos séculos 20 e 21.

Gyovana Carneiro, coordenadora geral do projeto, explica a escolha do pianista: “Neste ano, está se completando 100 anos da morte de Claude Debussy, e o José Eduardo Martins é um dos principais estudiosos das obras desse compositor. Então o convidamos para fazer essa homenagem, já que o pianista é um dos maiores especialistas do mundo sobre Claude Debuss”. 

Claude Debussy

O compositor francês nasceu em 22 de agosto de 1862, em St. Germain-em-Laye, na França, e ficou conhecido por ser mentor e principal criador de um original estilo de música inspirado nos ideais da pintura impressionista. Com ideias revolucionárias, o compositor influenciou vários músicos dos séculos 20 e 21, e ficou reconhecido internacionalmente. Gyovana ressalta que homenagens ao Claude Debuss estão sendo feitas, no mundo todo, e que é importante que Goiânia participe disso, porque, além do compositor ter influenciado vários músicos dos séculos 20 e 21, ele é um grande nome do impressionismo.

José Eduardo Martins

O pianista possui 23 CDs gravados no exterior, é autor de vários livros, professor, Officier de la Couronne da Bélgica – condecoração outorgada pelo Rei Alberto II – e membro honorário da Associação Lopes-Graça de Lisboa. Martins também é intérprete da obra integral de Claude Debussy para piano, autor de O Som Pianístico de Claude Debussy (São Paulo, Novas Metas, 1982), de vários artigos para os Cahiers Debussy, publicação do Centre de Documentation Claude Debussy, de Paris, tendo gravado em alguns CDs obras do compositor francês.

A coordenadora geral do projeto Concertos Didáticos para Juventude, afirma que a escolha de José Eduardo Martins se deu justamente pelo fato de ele ser um grande estudioso das obras de Debussy. “Ele já fez esse recital em outros lugares. Nós trouxemos o pianista, há dois anos, para Capital, e, quando entramos em contado, ele nos falou que estava fazendo esse recital, aí abraçamos a ideia e o convidamos para ser a atração do projeto. José é um pianista que, na semana que vem, completa 80 ano, e ele tem uma vitalidade maravilhosa, você fica encantado com a sua apresentação”, exclama Gyovana.  Martins concedeu uma entrevista ao Essência, acompanhe abaixo. 

Projeto

O Concertos Didáticos para Juventude, que tem apoio da Lei Goyazes, objetiva divulgar a música de concerto para a população. Coordenado pelas professoras da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (Emac/UFG), Gyovana Carneiro e Ana Flávia Frazão, o projeto traz, antes das apresentações músicas, palestra sobre obras, instrumentos, compositores e músicos de cada concerto para o público. 

“A gente gosta de trazer sempre um artista de renome para o Concertos Didáticos para Juventude, e convidamos uma escola estadual para ir acompanhar, inclusive mandamos um ônibus para buscar os alunos e levar até o local. Então parte da plateia é composta por esses estudantes, e o restante é aberto ao publico. Queremos divulgar a música de concerto para as pessoas, por isso fazemos um bate-papo com os presentes, cerca de 30 minutos antes da apresentação, explicando o que eles irão apreciar e abrindo para perguntas”, finaliza Gyovana Carneiro. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Recital com José Eduardo Martins

Quando: quarta-feira (6)

Onde: Centro Cultural UFG (Av. Universitária, nº 1.333, Setor Leste Universitário – Goiânia)

Horário: 20h30

Entrada franca 

Entrevista: JOSÉ EDUARDO MARTINS 

Por que a escolha do recital ‘Claude Debussy’ para ser apresentado no ‘Concertos Didáticos para Juventude’?

Debussy é um dos mais importantes compositores da história da Música. Dentre tantas inovações, a busca do som puro, da qualidade do timbre, o entendimento pleno com a poesia simbolista e com a arte do Extremo Oriente, seja na escolha das escalas, como na observação plena da arte da gravura japonesa. Todos esses aspectos sublimaram na qualidade composicional única. A apresentação de recital dedicado a Debussy integra Goiânia nessa homenagem que o mundo presta à memória do grande mestre na celebração do centenário da morte.   

Como surgiu sua paixão em estudar as obras de Claude Debussy?

Estudei durante anos em Paris – de 1958 a 1962. Tive o privilégio de me aperfeiçoar com mestres legendários, como Marguerite Long e Jean Doyen, figuras emblemáticas na arte pianística. Todavia, após meu regresso ao Brasil e após ter, não apenas estudado música, mas admirado a extraordinária literatura francesa, que iniciei dois projetos a visar a integral para piano de Debussy realizada em quatro recitais (1982 no Brasil e Portugal). Bem posteriormente, colaborei com artigos no consagrado Cahiers Debussy do Centre de Documentation Claude Debussy em Paris. Gravei na Bélgica três CDs com suas obras. 

Como você avalia o projeto ‘Concertos Didáticos para Juventude’?

Acredito ser uma iniciativa de grande importância criada por duas excelentes musicistas: Gyovana Carneiro e Ana Flávia Frazão, doutoras em Música e professoras da UFG. Na atualidade, vemos uma quantidade de jovens que unicamente têm formação auditiva com a avalanche do rap e do funk, que apresentam ‘música’ de qualidade extremamente questionável. Habituar-se à escuta da música elaborada com qualidade, através dos séculos, não apenas ajuda a formar a escuta como o gosto pelo ‘belo’, palavra tão menosprezada nos dias atuais.

Você já esteve em Goiânia anteriormente. Como foi a recepção do público?

Goiânia pertence ao meu universo de afetos. Desde a década de 1970, venho periodicamente à cidade. Amo-a como um goianiense. Aqui tenho amizades sólidas e competentes. Admiro a extraordinária escola pianística, que foi formada inicialmente pela saudosa amiga e notável professora e pianista Belkis Carneiro de Mendonça, e continuada por sua discípula, não menos ilustre, Glacy Antunes de Oliveira, que tanto tem feito pela edificação musical em Goiânia. Através de seus ensinamentos, quantos talentos operantes hoje no meio acadêmico e musical não surgiram? Nomeá-los poderia fazer esquecer-me de alguns. Goiânia é exemplo musical para o País. 

Falando um pouco mais sobre você, como surgiu sua paixão pela música?

Desde os 9 anos. A criança que eu fui já amando a música cresceu, e, chego aos 80 anos bem realizado pela escolha que aquele menino fez.

Como você concilia sua carreira musical com a vida de autor e professor?

Entendo o homem como um todo. Se o piano é meu fulcro principal, adoro escrever, e meu blog, que perdura desde março de 2007, publicado todos os sábados sem jamais ter falhado um sequer, já atingiu bem mais de um milhão de acessos. São textos relativamente longos, sempre culturais. Como professor que fui da USP, preocupei-me sempre na formação plena do estudante, não apenas do pianista, mas do músico amplo com o conhecimento das artes e da literatura. Meus melhores alunos têm, hoje, relevo mundial, e estão na Europa com carreiras consolidadas no campo da composição e da regência coral, sendo igualmente bons pianistas.  

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