Em ato assustador, macaca carrega cadáver do próprio filhote e depois decide devorá-lo

Após a morte do filho, a fêmea passou a proteger o cadáver o e impedir que os tratadores levassem o corpo do local

Postado em: 13-07-2023 às 12h24
Por: Mariana Fernandes
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Após a morte do filho, a fêmea passou a proteger o cadáver o e impedir que os tratadores levassem o corpo do local | Foto: Reprodução/ Primates/ Casetta

Um ato de canibalismo em um zoológico da Europa acabou deixando cientistas intrigados. Uma mãe macaca carregou por dias o corpo do filhote morto, até finalmente devorá-lo. O estranho evento de luto foi registrado no parque de safári Dvůr Králové, na República Tcheca.

A fêmea de dril (Mandrillus leucophaeus) — um primata parente próximo dos babuínos — deu à luz ao filhote em agosto de 2020, mas oito dias depois o recém-nascido morreu. Os biólogos não sabem exatamente a causa da morte, uma vez que ele não nasceu com problemas de saúde.

Após a morte do filho, a fêmea conhecida como Kumasi passou a proteger o corpo e impedir os tratadores de levá-lo da área dos primatas. Ela também carregou o cadáver por quase dois dias — que segundo análise dos cientista, a macaca pode ter negado a morte do filho então falecido. 

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O caso ficou mais estranho quando a macaca começou a comer boa parte dos restos mortais do animal, antes dos tratadores finalmente intervirem e retirarem o que sobrou do filhote. Segundo os observadores, apenas a mãe comeu o corpo.

Incomum

Canibalismo infantil é considerado algo bastante raro entre animais, segundo os estudiosos. “Na literatura científica, você pode encontrar apenas relatos anedóticos”, afirmou a bióloga e coautora da pesquisa Elisabetta Palagi, da Universidade Pisa, em entrevista ao site LiveScience.

Apesar de assustador para humanos, os pesquisadores acreditam que pode haver boas razões para o ato de devorar o filhote. “Se considerarmos o incrível investimento de energia reprodutiva das mães primatas, o canibalismo pode ser considerado um traço evolutivo adaptativo que ajuda a mãe a recuperar energia após a gestação”, completa Elisabetta Palagi. O estudo mostra que o jantar assustador pode ajudar a mãe a ter mais sucesso em gestações futuras.

Como os drils são uma espécie pouco estudada e em risco de extinção, são necessários mais dados para comprovar a tese de benefício nutricional. Um dos indícios mais fortes é que os outros primatas do ambiente não participaram do ato canibal, uma vez que não precisavam de nutrientes extras.

“Embora não possamos tirar conclusões firmes sobre os benefícios potenciais do comportamento da mãe, essa observação nos exercícios acrescenta uma peça ao quebra-cabeça dos comportamentos tanatológicos e de canibalismo em primatas”, afirma a pesquisa, que informa também que a morte rápida diminuiu as chances de vínculo afetivo entre a mãe e a cria.

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