“Passagens precisaram ser suspensas porque preços não seguiram previsões”, diz sócio da 123Milhas

Sócios afirmam que baixa renda e alta nos preços das passagens aéreas foram motivo de cancelamento da linha promocional

Postado em: 07-09-2023 às 15h49
Por: João Victor Reynol de Andrade
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Segundo depoimento a baixa renda aliado a alta no valor do ticket aéreo foram motivos para o cancelamento e ao pedido de recuperação judicial. (Foto: Divulgação | Agência Câmara de Notícias)

Durante a tarde da última quarta-feira (6/9), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras ouviu os depoimentos dos sócios da 123milhas sobre o motivo do cancelamento de passagens aéreas. Entre os envolvidos estavam os donos e sócios da empresa, os irmãos Ramiro Madureira e Augusto Madureira, ambos prestaram depoimentos e comentaram perante aos deputados que a baixa renda da empresa aliado a alta no valor do ticket aéreo foram motivos para o cancelamento total da linha promocional e o pedido de recuperação judicial.

Ainda de acordo com Ramiro em depoimento, “Ao contrário do que prevíamos, o mercado tem se comportado permanentemente como se estivesse em alta temporada. E isso abalou os fundamentos não só (a linha) do ‘promo’ quanto de toda a 123milhas.” De acordo com o sócio, a empresa pretende reembolsar os 150 mil consumidores que haviam comprado a linha promocional da loja e que pretendiam viajar em 2023. 

A agência terá uma reunião com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), do Ministério da Justiça, para realizar um acordo de compensação e ressarcimento dos clientes. Os empresários por sua parte relataram que a empresa necessita continuar as operações e que precisa da recuperação judicial para fazer o reembolso dos clientes prejudicados. No estado de Goiás, como relatou o Procon, mais de 240 pessoas vieram para a instituição denunciar a agência de viagem.

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Um esquema de pirâmide

Para muitas das perguntas e questionamentos feitos pelos parlamentares, os empresários se recusaram a responder diretamente, como foi o caso da sustentabilidade da linha promocional. Um exemplo dado pelo Deputado Federal Ricardo Silva (PSD-SP), mostrou uma passagem de ida e volta para Nova Iorque por R$ 1.089, e perguntou ao empresário se teriam lucrado com isso, por orientação do advogado, Ramiro não respondeu a pergunta.

Outra pergunta não respondida foi a constatação do sócio ao referir a linha promocional como 15% do negócio, e  lógica de emitir recuperação judicial para uma parte tão pequena da empresa. O deputado Caio Vianna (PSD-RJ), afirmou: “Não faz sentido. Se o senhor tinha saúde financeira, com suas finanças saudáveis. E aí o senhor chega nesse ponto, pedindo uma recuperação judicial, dizendo que era um percentual pequeno da operação. Se era um percentual pequeno, o senhor tinha caixa suficiente para pagar isso.”

Por causa dessas irregularidades perante o depoimento o parlamentar Alfredo Gaspar (União-AL), declarou: “Mas eu tenho certeza absoluta, depois de tudo o que o senhor respondeu, da forma agressiva de marketing, da captação de clientes, do produto totalmente insustentável na sua empresa, dos problemas que ocorreram desde o ano passado, que os senhores fizeram uma grande pirâmide financeira.” 

Ao todo, a comissão ouviu 10 pessoas e durou mais de 16 horas.

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