“Nossos anjos protetores”, diz mãe que perdeu cinco bebês de gravidez quíntupla
A mãe Rafaelly narra as dificuldades durante a gravidez e após o parto
Por: Rondineli Alves de Brito
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O casal Rafaelly de Paula Morais, de 38 anos, e o barbeiro Rodrigo Santos Canário, de 33, esperavam quíntuplos, mas devido a complicações na gestão perderam dois bebês na primeira semana. Álvaro, Antonella e Angelina, os outros três filhos que sobreviveram nasceram prematuros, mas morreram dias após o porta.
O casal que é do município de Araputanga, a 317 km de Cuiabá, chegou a fazer uma ‘vakinha’ online para conseguir arrecadação para cobrir os custos das viagens e tratamentos. Em entrevista para a Universa, Rafaelly contou sua trajetória e que vem superando sua perda.
O início de um sonho e o medo
“Desde que conheci o Rodrigo, sonhávamos em formar uma família. Em 2022 engravidei, mas alegria da gravidez foi interrompida com a perda do bebê após sete semanas, sem saber o sexo devido à rapidez do ocorrido.
Um ano depois, fomos surpreendidos com uma gravidez de quíntuplos. Apesar da emoção, a mudança para Cuiabá, a 400 km de Araputanga, para o pré-natal quinzenal, gerou medo devido ao risco da gestação.
Na nona semana, um pressentimento ruim nos levou ao médico, onde recebemos a dolorosa notícia da perda de dois dos cinco bebês. A tristeza foi intensa, mas a preparação para essa possibilidade ajudou a lidar com a situação. Os dois fetos não desenvolvidos não interferiram na gestação dos outros três.”
A chegada dos filhos
Em julho deste ano, descobrimos que os bebês estavam se encaixando e queriam nascer. O médico alertou sobre a necessidade de um procedimento para evitar o parto prematuro, dado o risco de sobrevivência mínima com 21 semanas. O ideal era que eu pudesse alcançar as 28 semanas, permitindo que ganhassem peso e desenvolvessem órgãos. Eu já sentia os pezinhos deles e já sabia as posições: as meninas ficaram nas laterais da minha barriga e o menino, no meio
Em 22 de julho, com contrações intensas, corri para o hospital. Após alguns dias de repouso absoluto, as bolsas estouraram, e o cirurgião decidiu pelo parto para não comprometer a vida dos bebês e a minha.
Álvaro, Antonella e Angelina nasceram em 1º de agosto de 2023, com 24 semanas, quatro a menos do esperado. Álvaro foi o primeiro que vimos e cheguei a conseguir pegar na mão dele e ver o rostinho, seguido por Antonella e Angelina, que foram diretamente para a incubadora, dada a prematuridade.
Após três dias de alta, vi meus filhos pela primeira vez. Ansiosos, meu marido e eu esperávamos pegá-los no colo, tornando-nos finalmente país.
Momentos na UTI
Os bebês ficaram na UTI por 48 dias após o parto. Durante esse período, meu marido voltou para nossa cidade para trabalhar, enquanto eu permaneci em Cuiabá com minha mãe e amigos para acompanhar de perto a evolução deles.
Álvaro, nosso primeiro filho, partiu aos sete dias de vida devido à extrema prematuridade e uma infecção. Sua partida foi dolorosa, mas ele protegeu as irmãs e meu útero. Antonella nos deixou aos 16 dias, e Angelina resistiu bravamente por 48 dias, sendo uma guerreira até o último momento pelos irmãos.
Apesar de termos imaginado um futuro com eles e preparado tudo para recebê-los, a perda é irreparável. Identificamos os traços de cada um: Álvaro se assemelhava ao avô paterno, Antonella aos bisavós, e Angelina ao meu marido. Cada um tinha sua singularidade, e sonhávamos com nosso amanhã junto às crianças.
Conhecê-los foi uma bênção. São nossos guerreiros e anjos protetores. Hoje, somos pais de seis