Projeto nacional do PSD pode influir na disputa por Goiânia 

Partido nutre expectativa de lançar candidato à presidência em 2026, o que vai de encontro com os planos de Ronaldo Caiado e dificulta, consequentemente, eventual aliança com Vanderlan Cardoso em 2024

Postado em: 12-10-2023 às 08h30
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Projeto nacional do PSD pode influir na disputa por Goiânia 
A ideia é ter, dessa vez, candidatura própria na disputa pela cadeira mais cobiçada da política nacional: a de presidente da República | Foto: Takeshi Gondo

Fontes ligadas ao PSD goiano atestam que o partido, na contramão do descompasso visto em 2022, já trabalha de olho nas eleições de 2026. A ideia é ter, dessa vez, candidatura própria na disputa pela cadeira mais cobiçada da política nacional: a de presidente da República.

Segundo um interlocutor consultado pela reportagem, a ‘ordem’ vinda de São Paulo, cuja presidência nacional a sigla encontra-se sob o guarda-chuva de Gilberto Kassab, é para que o partido empenhe toda energia possível para eleição do maior número de prefeitos Brasil afora. 

“Se o PSD sair bem posicionado da disputa municipal, ampliaremos significativamente nossas chances de formar um time sólido e consistente. Dessa vez não vamos exitar em construir um projeto para a presidência em 2026”, complementou a fonte. 

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No ano de 2021, vale lembrar, Kassab colocou o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na mesa. Diante das incontáveis dificuldades de negociação para que o nome fosse, de fato, viabilizado, bem como a inviolada polarização entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL), o partido recuou com o projeto. 

De volta, porém, às prospecções, caso o cenário especulado atualmente se concretize em 2026, o lançamento de um nome esbarrará nos planos do governador goiano Ronaldo Caiado (UB). O gestor, todos sabem, pretende mergulhar na corrida daquele ano. Se assim o fizer, a não ser que esteja filiado ao PSD, terá o grupo como time adversário nas urnas. 

Atualmente, o nome ventilado para encabeçar o projeto do PSD rumo à presidência vem do Paraná: trata-se de Ratinho Júnior, que é governador pelo partido. O entendimento é que ele pode ser o candidato “da direita”. Nesse contexto, o ‘racha’ de 2026 pode influir, e muito, nas possíveis alianças estudadas para as eleições que se avizinham. 

Duas vezes no mesmo lugar? 

Conforme mostrado pelo O HOJE na edição da última quarta-feira, 10, Caiado esteve no palanque do então senador Vanderlan Cardoso (PSD) quando o político concorreu à prefeitura de Goiânia, em 2020. Passada a eleição, o congressista se distanciou do governador, que o esperava no projeto de reeleição logo ali, em 2022. 

Na direção contrária à maioria do seu partido, Vanderlan apoiou para o governo o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro, Major Vitor Hugo (PL). O PSD lançou o presidente da sigla Vilmar Rocha na base caiadista. Como demonstração de força, Vanderlan, por sua vez, deixou as impressões digitais na chapa oposicionista: colocou a esposa, Isaura Cardoso, na suplência de Wilder Morais. O bolsonarista, inclusive, surpreendeu com a vitória para a única vaga disponível naquele pleito. 

Dito isso, é certo, e todos sabem, que Vanderlan não poderá, de novo, adorar a dois deuses. Caiado, mais que ninguém, sabe bem disso. Em um cenário como esse, restará ao governador pensar reiteradas vezes antes de decidir se aliar novamente a Cardoso. Se assim o fizer e, em paralelo, a cúpula nacional do PSD decidir levar o projeto de candidatura própria adiante, restará ao governador torcer para que dessa vez Vanderlan não o abandone na hora H.

Isso, por sinal, pode, inclusive, frustrar o desenho político que tem permitido o senador goiano sonhar em disputar a prefeitura com apoio da base governista. Acontece que, caso a dúvida seja maior do que os ombros de Caiado podem suportar, o gestor pode investir em qualquer outro nome que vá de encontro aos planos do congressista. Nesse cenário, restaria apoiar a reeleição do atual prefeito, Rogério Cruz (Republicanos), ou apostar suas fichas no nome do aliado e presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto, também do União Brasil. 

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