‘Causos de Voos e Risco’ estreia hoje em Goiânia

SABRINA MOURA

Causos de Voos e Risco utiliza a linguagem circense dos aparelhos aéreos para fazer refletir sobre os conflitos entre o sonho de voo e o medo da queda. A apresentação será realizada nestes dias 27 e 28 de setembro, 3 e 4 de outubro, no Teatro do Instituto Federal de Goiás (IFG). Este é o primeiro espetáculo solo do artista circense Gabriel Coelho.

Segundo Gabriel, o espetáculo foi amadurecendo durante sua trajetória artística.“Algumas coisas dele, como o texto em que eu uso na primeira cena, estava guardado em uma gaveta desde 2002. Depois do meu mestrado concluído, em 2016, quando estudei bastante sobre dramaturgia, algumas peças se encaixaram, e comecei de fato a rascunhar este projeto. No começo de 2017, voltei para Goiânia onde decidi colocar esse projeto em prática”, relembra o artista.

O espetáculo leva esse nome por trabalhar como eixo principal da dramaturgia dois sonhos primitivos humanos, o sonho de voo e o medo da queda. “Dividimos o espetáculo em quadros que estão interligados dentro de uma dramaturgia bastante coesa. Cada um desses quadros contam um caso de voo e do risco inerente ao voo. Resolvemos usar esse regionalismo do ‘causo’ para dar valor à cultura goiana, que tem uma tradição oral de ‘contação de causo’, assumindo essa cultura que alimenta minha criação artística desde os meus 3 anos de idade”, explica Gabriel.

A proposta estética desta apresentação se diferencia dos espetáculos de circo tradicionais fazendo o público refletir sobre esse conflito existencial em que o voo representa qualquer ambição e aflição e a queda o medo do fracasso e da morte. “O espetáculo procura muito mais levantar questões e sensações procurando despertar acerca desse conflito. Ele não tem a pretensão de dar uma resposta ou passar uma mensagem, ele é muito mais: pretende provocar o espectador no sentido da reflexão”, conta o artista.

Gabriel Coelho é artista circense, há cerca de 20 anos, e se especializou em técnicas aéreas que são suas ferramentas mais cômodas.“Percebo que o circo oferece uma criação de metáforas muito particulares, sendo elas a única linguagem artística que provoca o voo de verdade. Estudando as poéticas da linguagem circense e as técnicas, o sonho e o medo estão presentes em qualquer número aéreo”, reflete o artista. 

Como explica Gabriel, o espetáculo circense a que chamamos de ‘tradicional’ tem uma construção dramaturgia específica, sendo composto de números independentes e são costurados pela oratória do apresentador. Nesse espetáculo, o artista teve o desejo de construir, através de ferramentas circenses, uma dramaturgia coesa que supera a exibição de habilidades físicas, mas que, por meio delas, propõe reflexões sobre a existência humana dentro de uma dramaturgia amarrada. “Através das acrobacias aéreas, eu proponho um discurso filosófico existencial dentro do trabalho, e não apenas uma exibição de habilidades para a plateia”, finaliza Gabriel Coelho.

As grandes inspirações do projeto são Um discurso Sobre o Método, conto do autor Sérgio Sant’anna, e O Ar e os Sonhos, livro de Gastón Bachelard. Além disso, para ser realizado, tem uma equipe de grandes artistas por trás. A direção é da atriz Fernanda Pimenta, e, a trilha sonora, do som da viola de Pedro Vaz. Quem assina o projeto de iluminação é Rodrigo Horse, e o figurino é de Cláudio Livas. 

O projeto conta, ainda, com apoio cultural da Catavento Cia. Circense, Débora di Sá, Instituto Federal de Goiás (IFG) e Casacorpo. A produção é da Ma1s Um e fomento da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, edital 01/2017.

SERVIÇO

Causos de Voos e Risco

Quando: quinta-feira (27) e sexta-feira (28) às 20h; 3 e 4 de outubro às 9h30 (sessões para estudantes do IFG)

Onde: Teatro do IFG (Rua 75, nº 46, Centro de Goiânia)

Entrada gratuita