Clássico teatral chega ao público infantil neste domingo
‘Saltimbancos’, adaptação de Chico Buarque, será apresentada no Teatro Goiânia Ouro
Por: Sheyla Sousa
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Gabriella Starneck
Quatro animais que se aventuram após fugirem de seus donos por sofrerem maus-tratos: essa é uma forma simplista de falar do enredo do clássico teatral Saltimbancos, que será apresentado neste domingo (30) no Teatro Goiânia Ouro. O espetáculo, inspirado no conto Os Músicos de Bremen, dos irmãos Grimm, foi adaptado para o português por Chico Buarque, que ainda adicionou músicas à versão brasileira.
Voltado para o público infantil, Saltimbancos desperta o lúdico na criançada, mas, como uma boa fábula, também traz uma mensagem reflexiva por trás da obra. Segundo a diretora do espetáculo, Aliny Ribeiro, a proposta da apresentação, “além de interagir com o público, é levar ao conhecimento das pessoas esse clássico teatral de Chico Buarque”. A peça é encenada, em sua maioria, por crianças.
Enredo
Saltimbancos, inspirada no conto dos irmãos Grimm Os Músicos de Bremen, narra a história do encontro de quatro animais (um jumento, um cachorro, uma galinha e uma gata), que, devido a maus-tratos, fugiram de seus patrões. Juntos, decidem formar um grupo musical e rumam à cidade para começar a carreira artística. No caminho, encontram seus antigos donos, e, temendo serem novamente escravizados, resolvem enfrentá-los. Os bichos vencem e chegam à conclusão de que unidos conseguirão superar todas as dificuldades.
“O espetáculo conta a história de animais que fugiram de seus ‘barões’ em busca de fama, liberdade. Mas, no meio do caminho, eles aprendem uma série de lições e decidem que não serão mais músicos. A peça faz uma analogia com a ditadura, até porque foi adaptada nesse período da história brasileira. Os animais são alegorias utilizadas para representar diferentes figuras. Por exemplo: o gato representa a classe de artistas; a galinha, os camponeses; o jumento, a classe operária; e, o cão, os militares. Chico Buarque brincava com isso”, afirma Aliny Ribeiro.
‘Duplo sentido’
Segundo a diretora, embora o espetáculo que será apresentado seja voltado ao público infantil, a plateia é livre: “Saltimbancos tem esse caráter lúdico, mas contempla e encanta todas as idades. Fizemos outras apresentações, e a resposta dos adultos também foi positiva”. Contudo a mensagem transmitida aos adultos e às crianças é diferente. A criançada, por ainda não tem uma bagagem histórica, não consegue associar o enredo à época ditatorial, enquanto os adultos, sim.
Para Aliny, o público infantil ainda não tem conteúdo histórico suficiente para poder entender o ‘duplo sentido’ que a peça tem. Ela conta que a relação que a criança desenvolve com o espetáculo está ligada aos maus-tratos que os animais sofrem: “Os pequenos têm a capacidade de absorver quando um bichinho está sendo tratado de forma correta ou não, mas não associa isso a outras circunstâncias. Já o adulto consegue dar um passo a mais por ter uma bagagem histórica e cultural maior”.
Contudo, em um ponto, as crianças saem à frente dos adultos – no quesito sensibilidade. Para a diretora, o público infantil consegue experimentar uma série de emoções com o espetáculo: ele sofre e se alegre junto aos personagens. Aliny explica que a criança tem empatia e espontaneidade maiores: “Ela é acessada mais facilmente do que o adulto, e isso faz com que ela consiga experimentar muitas coisas no teatro”.
Inclusive a diretora, que também é professora no Instituto Gustav Ritter, conta ao Essência que desenvolve uma campanha para estimular que os pais levem as crianças ao teatro, para que elas aprendam a ter respeito pela cultura, porque o fazer teatral, assim como outras formas de arte, pode ser uma forma de expressar a história de um povo. “O teatro é muito mais do que transmitir uma mensagem ou conteúdo específico, essa manifestação artística abrange o sensorial e emocional. O que a criança ganha assistindo ao espetáculo é mais que o conteúdo histórico”, finaliza Aliny Ribeiro.
SERVIÇO
Quando: domingo (30)
Onde: Teatro Goiânia Ouro (Rua 3, nº 1.016, Setor Central – Goiânia)
Horário: 17h
Entrada: R$ 15 (meia)