Débora Falabella e Yara de Novaes apresentam a peça ‘Contrações’

Conto do dramaturgo Mike Bartlett é uma crítica ao medo no local de trabalho. Apresentação é neste domingo em Goiânia

Postado em: 10-11-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Conto do dramaturgo Mike Bartlett é uma crítica ao medo no local de trabalho. Apresentação é neste domingo em Goiânia

SABRINA MOURA* 

Sucesso de crítica e de público, a versão do Grupo 3 de Teatro para Contrações, do dramaturgo inglês Mike Bartlett, está em cartaz no Teatro Madre Esperança Garrido, neste domingo (11), com duas apresentações. Débora Fallabella e Yara de Novaes integram o elenco da obra que, cruelmente engraçada, demonstra a faceta mais absurda de uma situação comum de trabalho.

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Segundo Yara de Novaes, a releitura desse espetáculo já tinha a presença do público nos seus ensaios em uma turnê pelo interior do estado de São Paulo. “Após cada apresentação/ensaio, conversávamos com a plateia, recebíamos novas sugestões ou reflexões e avançávamos no processo de montagem. Essa dinâmica foi fundamental para criarmos um espetáculo potente e com uma comunicação surpreendente”, diz ela. “Por onde já passamos com o espetáculo, sempre houve – e há – uma recepção maravilhosa; as pessoas nos esperam para contar seus casos. Temos espectadores que já viram Contrações mais de dez vezes”, completa ela.

Parceira criativa do coletivo Grupo 3 de Teatro, Silvia Gomez assina a tradução do texto; Morris Picciotto é o autor da trilha original; e André Cortez criou cenário e figurino dessa montagem. “Nós, do Grupo 3, temos como prerrogativa de nosso trabalho o diálogo com tempo em que vivemos. Para nós, o artista é uma testemunha da história, é aquele que faz experimentos poéticos com a realidade para que poder, assim, compreendê-la e melhorá-la. O texto de Contrações é um exemplo disso: ele nos leva a grandes reflexões e nos dá mais compreensão por onde estamos caminhando”, explica Yara sobre a escolha da obra de Mike Bartlett para a montagem.

No escritório de uma grande corporação, a gerente solicita que a funcionária Emma leia, em voz alta, uma cláusula do contrato que proíbe aos colaboradores qualquer relação sentimental ou sexual com outro colega da empresa. Nos encontros seguintes, a gerente libera suas diferentes facetas para manipular Emma. Para manter seu emprego, a empregada acaba por se render e danifica sua vida privada.

A peça apresenta de forma cômica certas situações ‘comuns’ do ambiente de trabalho que, segundo Yara, são fundamentais para que o espectador tenha uma visão crítica do que está assistindo e possa pensar sobre determinados absurdos que algumas relações de trabalho impõem. “A história da sua vida tem a ver com os contratos que você assina, ou seja, há no espetáculo, uma ideia de que se deve compreender que o seus valores mais fundamentais que não podem ser ameaçados por nenhuma relação, seja ela de trabalho ou não”, explica Yara.

Sobre as duas apresentações em Goiânia, Yara expressa muita felicidade de todo o grupo.“É a primeira vez que o Grupo 3 se apresenta na cidade. Como somos mineiros, sentimo-nos muito irmanados com os goianos. Temos uma cultura muito parecida”, finaliza a atriz.

Com direção de Grace Passô, o espetáculo conquistou os prêmios APCA, APTR, Questão de Crítica e Aplauso Brasil, e, só na capital paulista, já foi encenado no Centro Cultural Banco do Brasil (2013), Itaú Cultural, Teatro Porto Seguro (2015), Teatro Shopping Frei Caneca (2016) e no Auditório do Ibirapuera (2017 – Mostra Petrobras Premmia de Teatro) e mais recentemente, no Festival Teatro Vivo.

O processo de criação 

Durante o mês de abril de 2013, a equipe criativa de Contrações viajou por oito cidades do interior paulista e expôs seus ensaios para plateias de aproximadamente 400 pessoas por cidade. A peça foi construída e modificada com a presença do público, em um processo criativo exposto, no qual, ao fim de cada apresentação, a plateia podia colocar suas impressões e opiniões sobre o texto e a montagem.

Ao todo, os ensaios foram vistos por aproximadamente 3.000 pessoas. “Foi uma das experiências mais ricas que tivemos em nossa trajetória. Pude verificar o que já tinha percebido na primeira leitura, que o texto do Bartlett é preciso, objetivo e comunica de imediato com o espectador. Além disso, essa experiência influenciou diretamente a construção do espetáculo. O público direcionou o caminho que deveríamos seguir”, comenta Gabriel Paiva.

Sobre Mike Bartlett

Com apenas 37 anos, o dramaturgo inglês Mike Bartlett é considerado um dos mais expressivos autores do teatro contemporâneo. Ganhador de importantes prêmios – como o Laurence Olivier Award e ImisonAward –, Bartlett coloca o foco em seu teatro no duelo entre o homem e os padrões de conduta exigidos e marcados pela sociedade. Com uma intensidade sombriamente engraçada, o autor debruça-se, dentre outros temas, sobre questões como o fim do casamento, o abuso sofrido por funcionários nas grandes corporações e a sexualidade. Trabalhando continuamente desde 2002, entre suas principais obras estão: My Child (2007), Contractions (2008), Cock (2009), Love, Love, Love (2010) e 13 (2011).

Débora Falabella 

Filha do ator e diretor de teatro Rogério Falabella, Débora descobriu cedo a sua vocação; aos 12 anos, já atuava em peças de teatro amador em Belo Horizonte. No Rio de Janeiro, ficou conhecida por atuações arrebatadoras em novelas como O Clone e Avenida Brasil. No cinema, fez o curta-metragem Françoise, de Rafael Conde, que lhe rendeu prêmio de Melhor Atriz no Festival de Gramado e no Festival de Brasília, e, nos longas Dois Perdidos Numa Noite Suja (prêmio Melhor Atriz no Festival de Brasília), de José Joffily; Lisbela e O Prisioneiro, de Guel Arraes, e Cazuza – O Tempo Não Para, de Sandra Werneck e Walter Carvalho. Além da vitoriosa trajetória em TV e cinema, esteve no palco nos últimos 15 anos participando de espetáculos teatrais onde recebeu prêmios de Melhor Atriz: Troféu Usiminas/Sinnparc e Prêmio Sated-MG. Atualmente, excursiona com o espetáculo Contrações, que lhe rendeu 3 prêmios como Melhor Atriz (APCA; APTR e Aplauso Brasil).

Yara De Novaes 

Atriz, diretora e professora de teatro, Yara de Novaes fundou, em 2005, o Grupo 3 de Teatro, onde alterna seus trabalhos de atriz e diretora, além da direção artística da companhia. Dirigiu como convidada 17 espetáculos, nos últimos 12 anos, dentre eles, Tio Vania, do Grupo Galpão; Caminho para Meca, com CleydeYaconis, e Maria Miss, com adaptação da obra de Guimarães Rosa. Como marca de suas direções, além de um forte trabalho corporal, tem a narrativa como ponto de partida para a criação teatral. Já levou aos palcos autores, como Fiodor Dostoievski, Fernando Bonassi, Móricz Zsigmond, Lygia Fagundes Telles, Murilo Rubião e Guimarães Rosa, dentre outros. Trabalhou nas universidades PUC-Minas, UNI-BH e UFPE, ministrando disciplinas na área de interpretação teatral. Atualmente excursiona com o espetáculo Contrações pelo qual recebeu o prêmio APCA de Melhor Atriz, em 2013, e leciona a disciplina teatro na Fundação Armando Alvares Penteado.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO

‘Contrações’

Quando: domingo (11)

Onde: Teatro Madre Esperança Garrido (Avenida Contorno, nº 63, Setor Central – Goiânia)

Horários: 18h30 e 20h30

Mais informações: (62) 3212-3531 

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