Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Governo suspende exportação da carne de aves após surto de doença

As exportações representaram 13,82% dos US$ 4,55 bilhões gerados pelo mercado em todo o país

Postado em: 22-07-2024 às 04h20
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Governo suspende exportação da carne de aves após surto de doença
Suspensões devem durar pelo menos 21 dias e variam de área, a partir de cada acordo comercial | Foto: Adobe Stock

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou a suspensão temporária das exportações de carne de aves e derivados após a identificação da doença de Newcastle em Anta Gorda, Rio Grande do Sul. A medida, válida por 21 dias, busca conter a disseminação da doença e garantir a credibilidade internacional do Brasil. 

Essa ação impacta diretamente a economia, já que o país é um dos maiores exportadores mundiais de carne de aves. A doença de Newcastle é uma infecção viral que afeta aves domésticas e silvestres, sendo altamente contagiosa e letal, especialmente para frangos e perus. A identificação do surto levou à imediata declaração de emergência zoossanitária no estado por 90 dias, reforçando o compromisso do Brasil com a sanidade de seus produtos.

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A suspensão das exportações varia conforme os mercados. Para 44 países, incluindo China, Argentina, Peru e México, a restrição abrange todo o território brasileiro. Nestes casos, os produtos proibidos de exportação incluem carne de aves, ovos, carne para alimentação animal, matérias-primas para fins opoterápicos e outros derivados.

Exportações em números

O Rio Grande do Sul é o terceiro estado que mais exporta carne de frango no Brasil, ficando atrás, respectivamente, de Paraná e Santa Catarina. 354 mil toneladas foram exportadas pelo estado no primeiro semestre do ano, com uma receita de US$ 630 milhões.

As exportações representaram 13,82% dos US$ 4,55 bilhões gerados pelo mercado em todo o país. Além disso, são 14,1% das 2,52 milhões de toneladas exportadas pelo país no mesmo período.

Os principais destinos do frango produzido no Rio Grande do Sul nos primeiros seis meses de 2024 foram Emirados Árabes Unidos (48 mil toneladas – US$ 94 milhões), Arábia Saudita (39 mil toneladas – US$ 77 milhões), China (32 mil toneladas – US$ 52 milhões) e Japão (20 mil toneladas – US$ 43 milhões).

Doença identificada após queda de granizo

Na última semana, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que a doença de Newcastle foi identificada na propriedade em meio às ondas de frio no inverno. Uma chuva de granizo teria destelhado o aviário, matando 7 mil aves em razão das condições inadequadas, segundo o presidente da entidade, Ricardo Santin.

“Entrou água, umedeceu a cama e essas aves pereceram exatamente porque, nesse contexto, o aquecimento da granja não conseguiu funcionar e parte delas morreram. Ao morrer nesse nível de 50% [7 mil aves], o proprietário chamou o serviço oficial que fez essas 12 amostras e numa delas se encontrou um vírus, que é do pombo, e foi sequenciado geneticamente”, afirma.

As outras 7 mil aves que sobreviveram foram mortas na quinta-feira (18), de acordo com a associação, conforme determina o protocolo, para evitar que a doença se alastre pela região.

O presidente afirma, ainda, que o impacto na economia será mínimo, tanto para o país quanto para o Rio Grande do Sul. Ele detalha que o Brasil produz uma média de 1,2 milhão de toneladas de carne de frango todos os meses, exportando 430 mil toneladas.

No pior cenário, o presidente diz que o país vai deixar de vender entre 50 a 60 mil toneladas por mês, que representa 5% da produção nacional. “Nós estamos projetando alguns cenários, mas o cenário que a gente tem – e se for o pior, de 50 mil toneladas – é inferior a 5% e não mexe com o mercado”, pontua o presidente.

O presidente afirma que o preço do produto não deve despencar no país, porque parte das mercadorias voltadas à exportação devem ser destinadas a outros países que não estão previstos nos acordos bilaterais de suspensão.

Entre os produtos afetados incluem carne fresca, resfriada ou congelada de aves, ovos e ovoprodutos, além de produtos cárneos e processados. Em um raio de 50 km do foco da doença, a suspensão é ainda mais restritiva, impactando mercados como Canadá, Coreia do Sul e Japão. Produtos cárneos cozidos e processados, derivados de aves, não podem ser exportados dessas áreas.

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