Mais que hobbie: Os fascinados por videogame

Jovens ‘viciados’ em videogame contam como é a vida para quem os jogos são muito mais que um hobby

Postado em: 25-03-2017 às 08h00
Por: Sheyla Sousa
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Jovens ‘viciados’ em videogame contam como é a vida para quem os jogos são muito mais que um hobby

Toni Nascimento

Tiago Rosa Epaminondas, 27 anos, e João Victor Correia de Paula, 24 anos, são de Goiânia, mas não se conhecem, apesar disso tem mais coisas em comum do que podem imaginar. Os dois jogam desde que “se entendem por gente”. Eles encontraram no clássico Nintendinho seu primeiro console do coração e consideram jogar videogame mais do que um simples hobby. 

O hábito de jogar é construído por uma rotina que persiste há anos, desde a primeira infância, no caso de João por volta dos cinco anos e do Epaminondas desde os três anos de idade. E por mais que os dois jovens estejam em momentos difíceis na universidade, ainda conseguem equilibrar o dia a dia com os jogos. João Victor ainda consegue jogar de três a quatro horas por dia, todos os dias, e o tempo é prolongado quando chega o fim de semana.

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Em uma pesquisa realizada em 2015 pelo grupo NPD, responsável por fazer pesquisas de varejo nos Estados Unidos, foi concluído que 82% da população brasileira com idades entre 13 e 59 anos jogam videogame de todas as variedades, incluindo consoles, computadores e telefones celulares. Apesar do grande número de jogadores assíduos entre 49 e 59, os jovens ainda são a maioria e os que dão consistência para o número total. 

Hobby e estilo de vida

Os jogos eletrônicos se tornam cada vez mais populares. Hoje, a categoria de esportes eletrônicos também conhecido como eSports ou ciberesportes, se popularizou e movimenta milhões de pessoas que querem transformar seu hobby em profissão. A popularidade é tamanha que na última segunda-feira (23) Galvão Bueno foi convidado para um programa no canal Sportv para narrar uma partida de LoL (League of Legends).

Tiago está suando para tornar a diversão proporcionada pelos jogos em estilo de vida. Ele está trabalhando para alavancar sua carreira de designer de jogos. “Sempre tive muita afinidade e vontade de entrar nesse mundo todo da criação de jogos e, recentemente, fiz um curso de game design que me deu mais gás para isso. Esse ramo é incrível, é uma pena que no Brasil não temos tanto investimento”, contou. 

Já para João, o hábito vai além de um hobby ou ganha-pão e ganha outros contornos. Ele afirma que jogando sempre, estando triste ou feliz, acaba transformando a diversão em hábito indispensável. Além disso, ele exclui qualquer tipo de visão pessimista das pessoas que afirmam que jogar videogame não acrescenta em nada. 

“O vídeo game não me faz mal. Têm jogos que ensinam muito mais do que a escola, como Assasins Creed que vai a um período histórico. Ele te influencia como qualquer outra veículo ou programa, como filmes ou televisão. Desde que eu jogo, o videogame me ensinou a falar inglês, me ensinou sobre períodos da história como a independência dos Estados Unidos, a era provinciana, Revolução Espanhola. Tudo aquilo que às vezes eu não consegui aprender com a escola, eu absorvi com os games”, afirmou. 

Videogames e relacionamentos 

Com o crescente aumento da tecnologia e do acesso a informação, como pontuou João em entrevista, o preconceito contra jogadores diminuiu muito nos últimos anos. O estudante também acredita que os jogos de videogame unem as pessoas, indo da família até pessoas que ele nunca viu na vida.

“O videogame dá a oportunidade de conhecer pessoas ao redor do mundo e essas pessoas, mesmo que você não tenha conhecido pessoalmente, se tornam grandes amigos, porque se conectam e fazem parte de uma mesma realidade onde é possível trocar informações e outras coisas. Eu mesmo já fiz algumas amizades no videogame e depois nos conhecemos pessoalmente e viramos super amigos” afirmou o gamer.

Tiago também acredita na socialização decorrente dos jogos de videogame, mas além das festinhas que perdeu na adolescência por ficar em casa tentando virar um jogo, já passou por problemas pessoais consequentes das horas dedicadas ao game. 

“Na época do LoL (League of Legends), eu perdi o equilíbrio entre jogo e vida. A questão é que eu treinava muito, jogava muito e ainda tinha a faculdade, quando eu perdi um torneio presencial muito importante em Campinas. Muita coisa desmoronou e eu perdi forças pra manter o equilíbrio. Não foi fácil me recompor, principalmente porque eu sou muito rígido comigo mesmo, especialmente algumas vezes quando minhas ações afetam outros, como foi no caso”, desabafou. 

Mercado de Jogos

Apesar da recessão econômica, o mercado de jogos não para de crescer no país. Só em 2016 o rendimento no setor foi de 1,25 bilhões, apenas no Brasil. Segundo a Pesquisa Game Brasil o mercado mundial de games faturou US$ 99,6 bilhões mundialmente em 2016, tendo um aumento de 8,5% se comparado a 2015.

A renda adquirida é de 32% em jogos para PC, 29% em consoles, 27% em jogos para smartphones e 12% para jogos em tablets. A estimativa é que em 2019 o mercado de games pode chegar a faturar até US$ 118, 6 bilhões.

O Brasil é o 12º país mais lucrativo no mercado dos jogos. Segundo a pesquisa, o brasileiro joga mais pelos celulares, somando 34,4%. Logo em seguida, está o PC, que atrai 30,1% dos jogadores. Os consoles vêm em terceiro lugar, somando 29,9%. 

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