Mapeamento identifica e conecta artesãos em Goiás

Ação visa identificar mestres artesãos que detém o conhecimento do patrimônio imaterial da cultura goiana - Foto: Reprodução

Postado em: 05-12-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ação visa identificar mestres artesãos que detém o conhecimento do patrimônio imaterial da cultura goiana - Foto: Reprodução

Igor Caldas

Uma das maiores riquezas do estado de Goiás está na criatividade do seu povo refletida na pluralidade e riqueza do artesanato goiano. No entanto, muitos artistas carecem de reconhecimento e conexões que façam com que suas obras sejam valorizadas no mercado, gerando renda. Por iniciativa da Secretaria da Retomada, foi instaurado um mapeamento com objetivo de identificar e reconhecer mestres artesãos que detém o conhecimento constituinte do patrimônio imaterial da cultura goiana e estimular conexões com o mercado.

No fim de novembro as equipes da Secretaria da Retomada e do Gabinete de Políticas Sociais (GPS) passaram por Morrinhos, Caldas Novas e Rio Quente. O mapeamento foi anunciado em evento em Pirenópolis, no início de setembro, durante o anúncio do Sistema do Artesanato de Goiás (SAG). O primeiro local a ser incluído nas visitas foi Olhos d’Água, em Alexânia. Depois a equipe do governo seguiu para o município de Mineiros e Chapadão do Céu.

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A iniciativa conta com ações de capacitação, fortalecimento e divulgação, promovidos pelo Sistema de Artesanato de Goiás, vinculado à Secretaria da Retomada, que será responsável pela criação de políticas públicas voltadas para o posicionamento estratégico do artesanato goiano e conectar as cadeias produtivas dos artesãos com o mercado. Os mestres do artesanato estão espalhados por todo território do Estado e é necessária uma força-tarefa para integrá-los ao turismo que atrai muitas pessoas pela natureza de diferentes localidades.

Reconhecimento

Em Rio Quente, também foram entregues os primeiros Selos do Artesanato Goiano a quatro artistas durante cerimônia realizada no auditório do Rio Quente Resorts & Parques. De acordo com o titular da Secretaria de Retomada, César Moura, o Selo do Artesanato tem como objetivo incentivar o aperfeiçoamento do trabalho manual, do design e de práticas mercadológicas. Ele ressaltou a grande preocupação do governo do estado com a valorização de tudo aquilo que representa a cultura goiana contemplada pelo selo.

Os artesãos Juão de Fibra, Fatinha de Olhos d’Água, Maria Helena e Caubi Felipe receberam os selos que certificam a origem do trabalho artesanal. “Além de ser uma forma de reconhecimento dos artesãos goianos, este certificado atua na proposta de estímulo à profissionalização e melhoria da identidade estética, da iconografia, do design e da gestão do artesanato produzido em Goiás”, comentou durante o evento.

Depois da entrega dos selos aos artesãos, um protocolo de intenções entre o Governo de Goiás e o Rio Quente Resorts & Parques foi assinado. O documento estabelece a abertura de uma loja do artesanato goiano dentro do complexo de hospedagem.

O protocolo foi assinado pela primeira-dama Gracinha Caiado, o secretário da Retomada, César Moura, o presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, a diretora-geral da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), Adryanna Melo Caiado, e o gerente de relações institucionais do Rio Quente Resorts & Parques, Munir Calaça.

Alexânia vai sediar encontro estadual de artesanato 

Durante a visita em Alexânia, ficou decidido que Olhos d´Água vai sediar o 2º Encontro Estadual do Artesanato em 2021. O evento fará parte de uma ação integrada do Gabinete de Políticas Sociais, OVG, Secretaria da Retomada e Goiás Turismo para impulsionar o setor de artesanato.

Em Alexânia, as equipes da Retomada e do GPS começaram pelo Memorial de Olhos d’Água, que registra a história do distrito de Alexânia em fotos e equipamentos. A comitiva seguiu então para a casa da artesã Fatinha Bastos, referência nacional em artesanato pela produção de imagens sacras e outros objetos feitos com palha de milho. Ela foi uma das artesãs que receberam o Selo do Artesanato.

Em Morrinhos, tapetes, toalhas, suplá de mesa, almofadas bordadas por artesãs locais já ganharam o mundo. A maior parte das artesãs é idosa e ocupa o tempo com o trabalho manual, produzindo arte e gerando renda. Parte da produção tem sido exportada para os Estados Unidos. Em Morrinhos, há a Associação Feminina de Morrinhos com 25 artesãs associadas com idade entre 60 e 80 anos. Elas são mestres em bordado livre, ponto de Cruz, crochê colado e outras técnicas manuais.

De acordo com a vice-presidente da Associação Feminina, Cleusa Marina Silva, o grupo surgiu em 1988. Na época, era formado principalmente por professoras incomodadas com a situação de dependência financeira da mulher em relação aos seus maridos. Cleusa afirma que as artesãs acreditavam que o bordado poderia libertá-las daquela condição. Ela ainda diz que a associação passa a ideia de que o bordado e a criação levam podem levar à independência dentro do próprio lar. Hoje, o espaço é usado para vender o material produzido e também oferece cursos individuais e coletivos à comunidade.

Um dos homenageados com o selo do artesão em Rio Quente, o artista Caubi Felipe, de Caldas Novas trabalha com design de mobiliários, artigos decorativos e biojóias. Todo artesanato produzido por Caubi tem matéria-prima oriunda do Cerrado. Em Caldas Novas, a equipe do Governo de Goiás foi recebida no ateliê de Rosângela Marçal, artesão fundadora do Museu dos Bonecos Gigantes. A artista nasceu em Pernambuco, e trouxe a técnica de produção dos tradicionais bonecos de Olinda para as terras goianas. As esculturas medem mais de três metros de altura e retratam personalidades históricas, literárias e do mundo fantástico.

Também no município de Caldas Novas, as equipes do Governo de Goiás foram até o Casarão dos Gonzaga, único espaço público preservado do período colonial que ainda resiste na cidade. O espaço pertence ao Estado e foi cedido em comodato ao município e constitui oficialmente a Casa de Apoio ao Artesão, abrigando uma feirinha diária de comercialização de artesanato. O espaço serve de ponto de encontro de artistas e de exposições de artistas plásticos locais. (Especial para O Hoje)

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