Fontes renováveis: opções em Goiás vão além da energia fotovoltaica

Em 2021 mais atenções devem ser voltadas para novas formas de energias menos depredatórias | Foto: reprodução

Postado em: 02-01-2021 às 09h00
Por: Carlos Nathan Sampaio
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Em 2021 mais atenções devem ser voltadas para novas formas de energias menos depredatórias | Foto: reprodução

Carlos Nathan

O Centro-Oeste possui grande potencial para gerar energia elétrica a partir de fontes limpas e renováveis, considerando-se especialmente o grande volume de resíduos do agronegócio como insumo. Em Goiás, a energia solar já tem grande destaque, já que em 2019 o maior estacionamento solar do Brasil foi inaugurado em Anápolis e, em agosto de 2020, inaugurada a maior usina fotovoltaica em perímetro urbano do Brasil. Porém, outras fontes deste tipo de energia como biogás e biomassa, que também têm grande potencial no Estado, ainda são pouco conhecidas e disseminadas.

O engenheiro eletricista e doutor em engenharia elétrica, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Enes Marra, explica que o biogás é um tipo de biomassa. “A parcela energética do biogás é o gás metano (molécula CH4) que é a mesma molécula do Gás Natural (gás metano – CH4) obtido do petróleo, por isso, muitas vezes, o biogás é denominado de biometano. O biogás ou biometano pode ser obtido a partir da digestão (fermentação) anaeróbica de resíduos animais ou vegetais em um biorreator, também denominado biodigestor. A fermentação anaeróbica no biodigestor ocorre na ausência (ou baixa presença) de oxigênio, daí o nome anaeróbica.

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Além disso, Enes reforça que os resíduos que alimentam o biodigestor podem ser resíduos (fezes, urina, cama de solo etc) de suínos, aves, bovinos, podem ser vegetais (resíduos de plantações, feiras, alimentos), resíduos vegetais (madeira, vinhaça etc). Algo que Goiás pode oferecer já que sua economia, em grande parte, gira em torno do agronegócio, inclusive, quase todas as Usinas Sucroalcooleiras do Estado geram sua própria energia elétrica e ainda exportam para a rede com o bagaço da cana.

O especialista em energia ainda completa que “o metano, seja o biometano ou o gás natural, pode ser usado como combustível em frotas de veículos de transporte público, de coleta de lixo, na geração de energia elétrica, no aquecimento de ambientes”.

Para levantar ainda mais informações sobre este cenário, o Sebrae Nacional também criou o Projeto Brasil Central Energias Renováveis, que já existe desde 2018, do qual fazem parte além do estado de Goiás, o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, o Distrito Federal e Roraima (devido ao potencial para energia eólica e à vulnerabilidade energética deste Estado). O Sebrae Goiás fez a produção de cartilhas sobre o tema e as peculiaridades de cada um destes Estados.

Segundo o gestor de projetos do Sebrae Goiás, Antônio Talone Neto, a elaboração das cartilhas, infográficos e vídeos, as quais cada um dos Estado estão envolvidos,  desenvolveram os seus estudos conforme as suas características. “O objetivo é pautar dados e informações que contribuam com a disseminação do conhecimento sobre o assunto para Pequenos Negócios de segmentos relacionados às Energias Renováveis e/ou que ressaltam a importância estratégica do uso de energias limpas em setores tradicionais”, disse.

A expectativa, principalmente para 2021, é que boas oportunidades de negócio surjam nos segmentos das energias de biomassa, biogás e biocombustíveis nestas regiões. Ao contrário das fontes solar fotovoltaica e eólica, que estão bem-mapeadas no país, ainda é um grande desafio conhecer os potenciais para as energias de biomassa, biogás e, também, as de biocombustíveis.

Ainda no final de 2020, foi lançado o Projeto Brasil Central Negócios – Energias Renováveis – que mostrou a importância do trabalho em redes uma vez que, de acordo com o evento, o programa fortalece parcerias entre os diversos setores voltados a um propósito comum: produzir energia limpa, economicamente viável e alinhada aos objetivos da ODS. “Podemos ressaltar quanto a relevância do tema, vez que, a energia renovável vem ganhando espaço nas discussões mundiais visto a necessidade desta nova realidade se tornar uma prioridade ambiental, econômica, política e social”, completou o gestor de projetos do Sebrae Goiás.

Isso porque, a cada dia mais empresas e cidades procuram alternativas que sejam ambientalmente corretas para geração de energia. O Brasil tem hoje a matriz energética mais renovável do mundo, porém ainda muito dependente da fonte hídrica.

Apoio e investimento

Neste sentido, Goiás tem estado à frente, já que o governo fomenta empresários, pequenos ou não, a investir em energia renovável. A Secretaria de Estado de Indústria e Comércio de Goiás (SIC), que tem um programa chamado Crédito Produtivo da SIC – Energias Renováveis, libera uma linha especial de crédito a fim de estimular os empresários a acreditar na grande demanda de energia de fonte sustentável e inesgotável como a energia térmica, de biomassa e solar.

O financiamento exige um prazo de carência de seis meses e conta com um limite de R$2 mil a R$25 mil, mas a quitação do débito pode ser de até 36 meses e com taxa de 0,25% ao mês.

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