Aumenta casos de assalto nas rodovias interestaduais
BR-070, em Goiás, é a que mais registrou roubos a ônibus interestaduais, informa a ANTT
Deivid Souza
Um levantamento da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apontou o trecho goiano da BR-070 como o maior em número de assaltos a ônibus interestaduais em 2015. Foram 22 ocorrências repassadas pelas companhias de ônibus à agência, o que representa 8% do total. Goiás foi o estado que mais acumulou registros do tipo: 74, entre os 260 do País.
O Distrito Federal (DF) foi o vice-campeão neste quesito com 60 registros. O trecho da BR-070 no DF também foi espaço de muitos crimes, somando 16 notificações. É também no DF que está o segundo trecho mais perigoso do País, a BR-060 com 21 casos de roubo. Grandes estados brasileiros como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul conseguiram manter os crimes em até cinco registros.
O trecho problemático da BR-070 em Goiás tem como uma de suas características grande número de linhas de coletivos que transportam moradores do Entorno do DF para Brasília. O delegado titular do 1º Distrito Policial de Águas Lindas, Ricardo Pereira, fez um levantamento. Chegaram às mãos do delegado 29 registros de veículos vítimas de roubo. Pereira entende trata-se de um crime de “oportunidade”, praticados por adultos, mas também por menores de idade. “Vários casos que a gente conseguiu investigar e chegar à autoria foram de menores que praticaram esses crimes”, avalia.
Houve um aumento em relação há anos anteriores, mas na visão do delegado, não foi exclusividade deste trecho. Pereira frisa que se trata de um crime de “difícil investigação” e acredita que o trabalho de prevenção precisa ser intensificado.
Quando os assaltos ocorrem a ônibus interestaduais, mas que não são coletivos, a tensão é maior para os profissionais e passageiros. Os bandidos agem armados, e muitas vezes, fecham os veículos e obrigam motoristas a dirigir para estradas vicinais, onde os atos são consumados.
Prejuízos
A coordenadora jurídica da empresa Expresso São Luiz, Adriana Mendonça Silva Moura, afirma que as empresas têm grandes prejuízos com a questão porque os passageiros acabam preterindo o ônibus em detrimento de outras conduções por causa dos registros. De acordo com ela, a empresa tem poucos casos, mas eles deixam grandes danos. “Às vezes a empresa tem que pagar tratamento psicológico para o motorista porque ele é ameaçado e às vezes eles nem querem voltar para a estrada”, relata.
Moura diz que “a empresa pouco pode fazer” porque este é um problema de Segurança Pública. “No nosso caso, muitos crimes acontecem porque as pessoas entram armadas. Um a coisa que poderia ser evita se colocassem detector na parte do embarque nas rodoviárias. Deveria haver mais fiscalização”, reclama.
Sobre a instalação de detectores de metais, o Terminal Rodoviário de Goiânia preferiu não se posicionar. O Hoje apurou que em Santos-SP há um projeto de lei para instalação destes dispositivos na rodoviária de lá, mas a situação é diferente porque praticamente não há paradas fora da rodoviária.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) explicou que o trecho é de responsabilidade da PRF do DF. A reportagem tentou, durante a manhã de ontem, por várias vezes contato, mas as ligações não foram atendidas.