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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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Cidades

Rede social expõe assédio sexual praticado por professores

A página do Facebook “Meu Professor Abusador” já recebeu mais de 750 relatos de agressão, mais de 500 foram publicadas

Postado em 17 de fevereiro de 2016 por Redação
Rede social expõe assédio sexual praticado por professores
A página do Facebook “Meu Professor Abusador” já recebeu mais de 750 relatos de agressão

Em pouco mais de uma semana, alunas de escolas e
universidades de todo o País enviaram para uma página do Facebook mais de 750
relatos de agressão moral e sexual que sofreram de seus professores. Dos
depoimentos recebidos, mais de 500 foram publicados,  ultrapassando 16 mil
“curtidas” na rede social em apenas sete dias.

A página Meu Professor Abusador foi criada no dia 9 de
fevereiro por quatro jovens mulheres de Porto Alegre, que concluíram
recentemente o Ensino Médio, depois que uma delas descobriu um caso de assédio
na escola que frequentou.

Os relatos publicados em Meu Professor Abusador precisam
seguir algumas regras. O nome do agressor não pode ser revelado, mas algumas
características que o tornem identificável são autorizadas. O nome da
instituição de ensino em que o fato aconteceu também é permitido. A autora tem
o anonimato garantido pelas moderadoras.

Uma das criadoras da página concordou em dar entrevista pelo
bate-papo da rede social. Ela pediu, no entanto, que sua identidade não fosse
revelada por questões de segurança.

“Esse projeto mexe com homens que detêm muito mais poder
social e monetário do que nós”, explicou a moderadora escolhida para a
entrevista. Ela revelou que o grupo buscou auxílio jurídico com advogadas para
se proteger de possíveis ameaças e processos.

Mesmo assim, a entrevistada garantiu que a página está
aberta a críticas construtivas. “Estamos acostumadas, por militarmos no
movimento feminista. Há, também, os discursos de ódio, que ignoramos”.

Uma das críticas mais frequentes diz respeito à dificuldade
de comprovar a veracidade dos relatos anônimos. “Sempre respondemos que sim,
alguns poderiam [ser falsos]. Mesmo assim, temos como segurança as mais de 16
mil “curtidas” que comprovam que casos de abuso em sala de aula não são
exceções, mas uma realidade”.

Algumas vezes, os depoimentos enviados para Meu Professor
Abusador são, também, pedidos de socorro de vítimas atuais de assédio. Nesses
casos, as moderadoras costumam ajudar a autora a denunciar o agressor.

“Há um caso em particular, mais grave, em que estamos
colocando a vítima em contato com uma advogada”, revelou a entrevistada. Ela
conta que chorou algumas vezes ao ler os textos enviados para a página,
especialmente quando foi possível conversar com a autora através do bate-papo
do Facebook.

“Essa oportunidade de abrir portas para que vítimas de abuso
se libertem do medo que as aprisiona é incrivelmente engrandecedora e
emocionante”, disse a militante.

O crescimento rápido de Meu Professor Abusador na rede
social superou as expectativas das jovens, que agora planejam produzir um guia
para incentivar e facilitar o processo de denúncias formais.

“Todos os depoimentos estão sendo arquivados, e a
possibilidade de autorizar o acesso a esse banco de dados para acadêmicos e
pesquisadores simpáticos à causa não está descartada, adiantou a moderadora.

Com pouco mais de uma semana de dedicação ao projeto, é
difícil para as criadoras da página vislumbrarem o futuro desse espaço virtual.
Por enquanto, elas preferem comemorar os resultados dos primeiros passos dessa
caminhada.

“Colocamos as cartas na mesa, sabemos que professores abusam,
e queremos fazer parte da construção de um futuro em que isso não aconteça
mais. Agora, esse assunto não pode mais ser ignorado”, disse a entrevistada. (Agência Brasil)

Foto: reprodução (Facebook)

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