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sábado, 28 de dezembro de 2024
Essência

Berna Reale denuncia agressão no Centro de Criminalística de Belém

Artista paraense tem trabalhos que lidam com injustiça e violência; ela foi agredia pelo seu superior

Postado em 21 de fevereiro de 2016 por Redação
Berna Reale denuncia agressão no Centro de Criminalística de Belém
Artista paraense tem trabalhos que lidam com injustiça e violência; ela foi agredia pelo seu superior

Conhecida por trabalhos que lidam com temas como injustiça e violência, a artista paraense Berna Reale diz ter sido alvo de agres­são no Centro de Perícias Científicas (CPC) de Be­lém (PA), onde trabalha como perita criminal. Na tarde de quarta-feira, conta a artista, ela relatou irregularidades ao diretor do Instituto de Criminalística do órgão, Silvio An­dré Lima da Conceição. Berna diz que havia levado as queixas ao setor de Recursos Humanos do órgão e, quando re­tornava à sua sala, foi acua­da pelo diretor.

“Ele gritava tanto que as pessoas começaram a sair de suas salas para ver o que estava acontecendo. Ele botou o dedo no meu nariz e tentou me levar à força para dentro, dizen­do que ia me ensinar como respeitá-lo. Ele estava trans­tornado e só me deixou quando percebeu que havia muita gente observando a ce­na”, dis­se Berna ao Globo, por telefone.

Perita há seis anos (e servidora pública do Pará há 31), a artista conta que denunciou o fato de muitos peritos do órgão serem servidores em outros Estados e, portanto, aparecerem raramente nas de­pen­dências do CPC.

“Juntei provas disso, fiz um dossiê e levei à Corregedoria. Nada aconteceu. Ontem, questionei o diretor: ‘Por que o senhor não faz nada a respeito?’, e ele reagiu de forma agressi­va”. 

Uma das artistas representantes do Brasil na última Bienal de Veneza, a mais importante exposição de arte do mun­do, Berna costuma criar trabalhos que lidam justamente com a violência – seja a policial, seja aquela praticada contra as mulheres ou em decorrência da miséria. 

“Eu sou uma artista que fala sobre violência, não posso me calar. Não posso mais”, com­pletou, aos prantos. “Não tenho mais como fazer minha arte se não for honesta comigo mesma. Não posso fazer o que faço e me calar diante disso”.

O outro (e cínico) lado

Procurado pelo Globo, o diretor do Instituto de Criminalística negou que tenha sido violento e disse que Berna estava “desestabilizada emocionalmente”.

“Ela adentrou minha sala questionando um ato meu que transferia um funcionário pa­ra outro lugar. Ela não é gerente, não tem esse poder. Quando disse isso a ela, ela sa­iu da sala desestabilizada. Quan­do a encontrei no corredor, eu disse apenas que, se ela quisesse insultar alguém, que ficasse no lugar para ouvir a resposta. Ela me chamou de machista e covarde, mas eu não a agredi”, afirmou o diretor.

Quando a reportagem perguntou sobre as testemunhas que presenciaram a cena, Li­ma da Conceição disse: “Vamos esperar para ver se ela vai conseguir reunir testemunhas”. 

Berna, por sua sua vez, listou os nomes dos funcionários presentes e completou: “Você acha que eles vão depor? Há um corporativismo muito grande na polícia. Você acha que, quando alguém de poder o agride, os subalternos vão sair contra essa pessoa? Você sabe o que é uma mulher se revoltar contra o diretor de criminalística do Estado? Eu não tenho forças, preciso de toda a ajuda, e por isso vim a públi­co. Não vou mais me calar”.

Berna contou que passou quase três horas na delegacia à espera de que fosse feito um boletim de ocorrência.

“Quando cheguei à delegacia, eles já sabiam que eu iria lá para fazer o boletim e me deixaram esperando por horas. Só aceitaram ouvir meu depoimento porque perceberam que eu não iria embora”, afirma. A artista seguia na quinta-feira em sua sala: “Pre­ciso dar meu plantão, porque é meu trabalho, não quero perdê-lo”, finaliza Berna. (Agência O Globo)

 Foto: reprodução

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