União é arma para vizinhos enfrentarem a violência
Por meio dos Conselhos de Segurança, moradores e comerciantes compartilham informações e conseguem bons resultados
Deivid Souza
Diante da violência que não escolhe endereço, moradores e comerciantes se unem à Polícia Militar (PM) para tentar se proteger de crimes e colhem bons resultados por meio dos Conselhos de Segurança (Consegs). Um dos exemplos mais bem sucedidos é o da Avenida Dom Emanuel no Bairro Rodoviário, Região Oeste de Goiânia. Na região da avenida eram registradas cerca de oito ocorrências de furto e roubo por semana. No ano passado, após a implantação do programa, foram dois registros durante os 365 dias de 2015.
“Foi bom demais porque antes tinha uma criminalidade alta. Era saidinha de banco, roubo de carro, roubo nas residências e comércios. Aqui caiu pelo menos 90% esses registros”, relata o comerciante, Fabrício Gonçalves da Silva, 37. Ele explica que o conselho decidiu criar o programa “Comércio Seguro”. Eles compraram um celular para a viatura, e por meio do aplicativo WhatsApp ajudam a PM a fazer a vigilância. “Informamos quando vê alguém que passa olhando dentro do comércio e imediatamente o 7º Batalhão da PM envia a viatura”, completa Fabrício.
Devido ao sucesso, o programa já foi levado para outras regiões da Capital e cidades do interior de Goiás. Os Consegs não são novidade, mas ganharam força nos últimos três anos com experiências bem sucedidas. Uma delas foi aconteceu no Setor Jaó, onde o número de roubos de veículos caiu 60% após a implantação do programa. Esse modelo de interação entre comunidade e PM foi criado em 1987. Atualmente eles são mais de 300 em Goiás e envolvem mais de 3 mil pessoas diretamente. Em Goiânia, os Consegs chegarão a 60 no próximo mês.
Como
A metodologia de trabalho consiste em realizar reuniões mensais com os integrantes que discutem os problemas relacionados à segurança. O presidente do 26º Conseg, que atua na Região Oeste da Capital, Lindomar Antônio Gonçalves, 42, explica que assuntos como falta de iluminação pública e lotes baldios são recorrentes nos encontros. “Nesses casos a gente faz um ofício, encaminha para a autoridade pública e o problema é solucionado rapidamente”, completa.
Segundo ele, o Conseg tem uma representatividade e por isso as solicitações são mais respeitadas por parte dos órgãos públicos. “A Segurança Pública envolve desde o cidadão até a polícia. Ela não é só a repressão, tem a prevenção que envolve também a comunidade ”, ressalta o presidente.
O coordenador estadual dos Consegs, capitão Johnathan Tarley, explica que a violência tem fatores sociais que exercem grande influência sobre ela e os conselhos permitem fornecer subsídios para que a polícia contribua com melhorias sociais. “Nós vemos muitas reportagens falando de segurança.Quanto mais trabalho social, menor a necessidade de trabalho policial”, acredita.
Para formalizar um Conseg é necessário que a comunidade se organize e procure a Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) que decide sobre a constituição do mesmo. Os integrantes fazem um credenciamento junto à pasta e recebem até um crachá de identificação.