CPI do BNDES tem parecer sem nenhum indiciamento
A oposição até que tentou indiciar Lula e o seu amigo José Carlos Bumlai, e ainda Luciano Coutinho, mas governistas não acataram o pedido
A oposição tentou, mas não conseguiu indiciar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na CPI que investiga irregularidades no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O parecer do relator, José Rocha (PR-BA), que não pede o indiciamento de ninguém, foi aprovado ontem por 20 votos a sete. A oposição criticou a forma como terminaram os trabalhos da CPI.
O deputado Alexandre Baldy (PSDB-GO), um dos sub-relatores da CPI, pediu, em conjunto com outros tucanos, o indiciamento de Lula por tráfico de influência, corrupção passiva, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro. Ele também queria o indiciamento de José Carlos Bumlai, pecuarista amigo de Lula que conseguiu financiamento do banco. Outros que seriam indiciados caso as sugestões de Baldy fossem acatadas são: o presidente o BNDES, Luciano Coutinho; Taiguara Rodrigues, sobrinho de Lula; e Benedito de Oliveira, o Bené, empresário amigo do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
Baldy, que teve apoio de outros deputados da oposição, citou um inquérito sigiloso, sobre o qual não poderia dar detalhes, que não deixaria dúvidas sobre o envolvimento de Lula.
– Houve, sim, tráfico de influência no BNDES. Houve, sim, a interveniência, houve, sim, a dedicação do ex-presidente Lula, após deixar o posto de presidente a República, atuando a favor de banco para que empréstimos fossem realizados, para que pagamentos a empréstimos já realizados fossem liberados, e para que essas liberações fossem assegurados. Aqui não há supostos indícios atrelados a veículos de comunicação, ou o que quer que seja, que estejam sigilosos – disse Baldy na quarta-feira, quando o relatório estava sendo discutindo, acrescentando:
– O inquérito sigiloso, por isso não coloco de modo claro e aberto, chega-se à robusta conclusão de que realmente o ex-presidente Lula exerceu tráfico de influência em favor da Odebrecht e exerceu influência para que o BNDES liberasse recursos em favor de outros países, em favor de operações que beneficiasse seus interesse.
Os deputados Arnaldo Jordy (PPS-PA) e Sérgio Vidigal (PDT-ES) já tinham anunciado ontem que apresentariam votos em separado. Jordy pediu o indiciamento Coutinho e outros diretores do BNDES. Vidigal pediu a continuidade dos trabalhos da CPI e afirmou, entre outras coisas, que há necessidade de maiores esclarecimentos do banco em relação aos financiamentos concedidos a empresas de Bumlai, que hoje está preso em decorrência da Lava-Jato.
O relatório de José Rocha propõe mudanças na legislação e na gestão do BNDES. Sugere, por exemplo, que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) tenham acesso a informações bancárias que hoje estão protegidas por sigilo. (AG)