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Essência

Todo o charme do vintage

Brechó no Centro da Capital ganha força com a comercialização de objetos antigos e vira atração na cidade

Postado em 26 de fevereiro de 2016 por Redação
Todo o charme do vintage
Brechó no Centro da Capital ganha força com a comercialização de objetos antigos e vira atração na cidade

FLÁVIA POPOV

Não é novidade que existam antiquários em Goiânia. É fato que há colecionadores de objetos antigos. E é verdade que os artefatos têm conquistado cada vez mais adeptos. Arquitetos, decoradores ou meramente admiradores de raridades de décadas passadas que cruzam a Avenida Anhanguera com a Alame­da Botafogo, no Centro, por exemplo, encontram um baú de preciosidades no Brechó Goiano, do comerciante Wanderlei Marques da Silva.

Com mais de dois mil objetos à venda, a loja dispõe de quatro ambientes em que estão à mostra uma variedade de relíquias decorativas e até usuais, dependendo do estado de conservação do produto. Uma filmadora antiga, por exemplo, po­de voltar a ser útil se for reparada – assim como um rádio da década de 1930. E Wanderlei faz ques­tão de manter a originalidade das peças. “Eu não restauro, não mudo nada, pois os gostos são diferentes, então cada um dá o seguimento que achar ideal à peça. Tenho clientes decoradores, por exemplo, que trazem seus próprios clientes para que possam ter ideias do que fazer com as peças, em que situação usá-las. Caso haja interesse por restauro ou modificação, são eles que o fazem”, explica o comerciante. 

Mas o que fazem objetos antigos em um brechó? Pode parecer estranho, mas faz sentido. A loja de Wanderlei existe há 20 anos, e tudo começou com a comercialização de roupas, sapatos e acessórios de segunda mão. Mas foi de três anos para cá que ele teve a ideia de agregar objetos antigos, vintage e retrô para que também pudessem ser comercializados. “Como um bom apreciador dos artefatos, separei os que mais me agradavam – adquiridos em viagens pelo Brasil, principalmente Minas Gerais e Rio de Janeiro, e pela Itália; o restante eu coloquei à venda, dando origem ao antiquário”, diz Wanderlei, que hoje trabalha com o sistema de compra e venda.

Em pleno século 21, viajar pelo mundo das raridades, sem sair da cidade, é algo um tanto quan­to inusitado. E um passeio pelo antiquário pode fazer muita gente reviver épocas ou mesmo aprender sobre algo nunca visto antes. Já pensou dar de cara com uma caixa registradora ou um estribo de aço, da década de 1930, para crianças? Um passo à frente e você vê coleções de ferros de passar à brasa, rádios de mesa, telefones e relógios de parede que mais parecem obras de arte. O pé de máquina de costura aranha pode ser usado como aparador ou mesa. Uma réplica de pistola serve para decorar uma parede. E por que não alegrar um ambiente com uma máscara antiga do Carnaval de Veneza?

A lista é farta: rodas de fiar; malas e baús em couro, vime e madeira; máquinas de escrever; oratórios; latões de leite; tachos de cobre, bules esmaltados e panelas de ferro; moedores de café; balanças; máquinas fotográficas; quadros e molduras; estantes, cristaleiras e penteadeiras; inúmeras peças decorativas de louça e porcelana… Um verdadeiro museu a ser explorado e um prato cheio para os aficionados por antiguidades. 

Em meio a tanta beleza, é quase impossível definir a preferência por uma peça, mas Wanderlei não pensa duas vezes em eleger a sua. “O mó­vel que mais chama a atenção é uma arca colonial de madeira com as peças em bronze: uma peça antiga, original, sem restauração. A intenção é manter a originalidade, o que acaba diminuindo o custo final”, explica.

E, para que os objetos antigos sejam evidenciados, Wanderlei criou a Feirinha de Antiguidades, todo primeiro sábado de cada mês, das 10h às 14h, montada na própria loja: mais uma oportunidade para conhecer as peças. 

Atrativo

O vendedor Fábio (só quis ser identificado des­ta forma) procurou a loja de Wanderlei para comprar um sobretudo, já que, neste sábado (27), embarca para a Alemanha. “Eu não conhecia a loja. Vim até aqui, porque fiz uma busca rápida, na internet, por locais que vendessem casacos usados. A minha opção era comprar de segunda mão, porque vou usar uma vez (talvez, no ano que vem também), diluindo, assim, o valor. Eu sempre ia à Europa no outono – e para esta estação eu tenho blusas adequadas –, mas, desta vez, coincidiu com o inverno, e deixei para pensar em um sobretudo de última hora. Então o brechó me salvou!”, explica o cliente, que aproveitou para conhecer as peças do antiquário. “Gostei dos artigos antigos. Isso me atrai muito, principalmente a linha de mobília e vasilhas usadas”, completa Fábio.

Wanderlei admite que sua loja acabou virando um ponto turístico da capital goiana. “É muito bom saber que uma pessoa se depara com uma peça nunca vista antes. E, hoje, em Goiânia, eu percebo que as pessoas passaram a aceitar, valorizar, respeitar o antiquário. Elas aprenderam a admirá-lo. É gratificante, também, presenciar a curiosidade de uma criança que vê uma peça antiga: ‘Nossa, mãe! Que interessante! Eu nunca tinha visto isso!’. E os pais, então, lhe explicam com muito carinho. Isso eu tenho visto toda hora. São memórias trazidas à atualidade”, diz, com emo­ção, Wanderlei.

Reuso 

Além do lucro, é claro, há anos Wanderlei tem outra preocupação: o reaproveitamento dos objetos, prática adotada em seu estabelecimento. “O brechó, na época em que vivemos, é muito importante, é fundamental! As pessoas precisam se conscientizar disso: se uma peça que não serve para mim, serve para você; se não serve mais para você, vai servir para outra pessoa… Isso é aproveitamento, desapego. Não devemos deixar o guarda-roupa cheio! Gosto de incentivar as pessoas a passarem suas peças para a frente. Se você não usa mais uma bolsa, por exemplo, ela pode ser passada a outra pessoa, e não haverá a necessidade de fabricar outra peça. Penso sempre nisso: economizar é salvar a natureza!”, finaliza o comerciante. 

SERVIÇO

Feirinha de Antiguidades 

Quando: Todo primeiro sábado de cada mês

Onde: Brechó Goiano – Avenida Anhanguera, nº 4.295 – Centro, Goiânia

Horário: Das 10h às 14h 

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