Supremo julga nesta quarta-feira (2) denúncia contra Eduardo Cunha
O parlamentar é acusado de receber propina no valor de US$ 5 milhões para a contratação de navios-sonda pela Petrobras. Se a denúncia for aceita, Cunha se tornará o primeiro réu na Lava-Jato no foro especial
Uma denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), será julgada
nesta quarta-feira (29) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Se a denúncia for aceita, o inquérito que investiga o
suposto envolvimento de Cunha em desvios na Petrobras será transformado em ação
penal e o parlamentar se tornará o primeiro réu na Lava-Jato no foro especial.
O STF também deverá analisar o pedido de Janot para afastar Cunha da
presidência da Câmara e do mandato parlamentar, mas o julgamento ainda não tem
data marcada. O deputado é acusado de receber propina no valor de US$ 5 milhões
para permitir a contratação de navios-sonda pela Petrobras.
Boa parte dos indícios contra Cunha partem da delação premiada de Fernando
Baiano. Segundo o lobista, Cunha recebeu propina em dinheiro e também créditos
para usar aviões particulares fretados. A propina devida a Cunha totalizava R$
7 milhões. O dinheiro foi repassado pelo lobista Julio Camargo a Baiano em
espécie, por meio do doleiro Alberto Youssef. Foram feitos repasses à Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em valores de R$ 250 mil e de R$ 125 mil por
Julio Camargo, a pedido de Cunha.
Ao fim de todas as operações, Cunha cobrou de Camargo o pagamento de mais R$ 1
milhão. O valor seria devido por conta da variação cambial no período. Camargo
concordou em pagar mais R$ 500 mil a Cunha e Baiano desembolsaria os outros R$
500 mil. A parte de Camargo foi paga de duas formas: em dinheiro e em créditos
de voo em taxi aéreo. No aditamento da denúncia, o Ministério Público Federal
anexa as notas dos voos utilizados por Cunha.
Contas na Suíça
Outro inquérito no STF também pode prejudicar Cunha. A investigação da
Lava-jato trata das contas abertas na Suíça em nome do parlamentar. Em outubro
do ano passado, o relator, ministro Teori Zavascki, determinou a transferência
para uma conta judicial no Brasil de 2,5 milhões de francos suíços, correspondentes
a R$ 9,6 milhões.
O dinheiro ficará bloqueado em uma conta judicial. Ao fim do
processo, se ficar comprovado que o valor foi obtido de desvios da Petrobras,
haverá ressarcimento aos cofres públicos. Cunha ainda não foi denunciado nesse
inquérito. (Agência O Globo)
Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil)