Mulheres também ganham espaço na construção civil
Em menos de uma década, o número de trabalhadoras na construção civil aumentou 65%
Ela tem 1,53 metros de altura. É dona de um rosto angelical, mas quando pisa no canteiro de obras põe todo mundo na linha. Há três anos a engenheira civil Paula Mayara Ferreira, de 26 anos, comanda cerca de 180 homens na construção do Residencial Botanic Consciente Life, da Consciente Construtora e Incorporadora. “Já ouvi dizer que sou ‘brava’, mas na verdade me acho bem tranquila. Pode ser que alguns colegas da obra tenham essa visão devido a minha postura mais firme”, conta Paula Mayara. A engenheira explica que é responsável por controlar materiais na obra e pelo cumprimento de cronograma o que exige um pouco mais de pulso firme no dia a dia.
E tudo indica que a administração feminina rende bons resultados nos canteiros de obras. Segundo dados do Ministério do Trabalho, em menos de uma década, o número de trabalhadoras na construção civil aumentou 65%. Em 2000, elas eram pouco mais de 83 mil entre 1,094 milhão de pessoas empregadas pelo setor. Em 2008, esse número subiu para 137.969. Embora ainda não se tenham dados oficiais, essa tendência se intensificou ainda mais entre 2012 e 2014, quando o país viveu um boom imobiliário. Outro dado do Senai Goiás, divulgado em março do ano passado, demonstra bem essa mudança. Conforme o centro de formação profissional, entre 2010 e 2014, o número de mulheres que se matricularam em cursos ligados à construção aumentou 82%.
A dona Sandra dos Santos engrossa essa estatística. É uma das pioneiras, há 25 anos trabalha como rejuntadeira na construção civil em Goiás. Tinha só 17 anos quando conseguiu o primeiro emprego na área. Ela conta que mudou a trajetória de vida dela e também da irmã graças à profissão de rejuntadeira. “Foi graças a esse trabalho que eu casei, consegui minha casinha e criei meus três filhos. E acabou que minha irmã caçula seguiu a mesma profissão”, afirma Sandra.
E tem muitos homens na torcida pelo aumento de contratações de mulheres nos canteiros de obras, como é o caso do engenheiro Luiz Adriano Ferreira. Ele é o responsável pela construção do condomínio residencial Mundi Consciente Square. “As mulheres ainda são minoria nos canteiros de obras da capital, mas quem contrata não se arrepende. São extremamente caprichosas e responsáveis no trabalho de acabamento, principalmente quando se trata de materiais com maior valor agregado”, afirma o profissional.
Além do capricho nos acabamentos, a visão mais detalhista da maioria das mulheres também tem contribuído para a contratação em outras áreas.
A Francili Luany Santos Carvalho, de apenas 20 anos, é auxiliar do técnico de Segurança do Trabalho na mesma obra que a engenheira Paula Mayara, citada no início desse texto. Sua função é fiscalizar e orientar sobre o uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), que é obrigatório. “Eu realmente acredito que a mulher que trabalha na obra tem que ter uma postura mais séria, mesmo porque ainda é um trabalho de maioria masculina”, conta.