Rio pode sofrer mais assoreamento
Bacias hidrográficas de afluentes do Rio Araguaia têm probabilidade alta de reter resíduos no leito de cursos d’água. Esses resíduos podem provocar a formação assoreamento que é o acúmulo de sedimentos nos canais. Um levantamento, desenvolvido pelo Laboratório de Geomorfologia, Pedologia e Geografia Física (Labogef) da Universidade Federal de Goiás (UFG) com metodologia inédita, estudou […]
Bacias hidrográficas de afluentes do Rio Araguaia têm probabilidade alta de reter resíduos no leito de cursos d’água. Esses resíduos podem provocar a formação assoreamento que é o acúmulo de sedimentos nos canais. Um levantamento, desenvolvido pelo Laboratório de Geomorfologia, Pedologia e Geografia Física (Labogef) da Universidade Federal de Goiás (UFG) com metodologia inédita, estudou 12 bacias do alto Araguaia no trecho entre Santa Rita do Araguaia e Mineiros.
Entre os resultados, verificou-se que as bacias do Ribeirão Zeca Novato e Córrego Queixada têm alto potencial de reter sedimentos. Em outras quatro, das 12 bacias estudadas no trecho verificou-se um potencial um pouco menor desta capacidade. Nas demais, a propensão de transportar os resíduos foi alta, o que indica baixo potencial .
O assoreamento dos canais que mais preocupam faz reduzir a capacidade de captação de água, seja para abastecimento público ou agricultura, e favorece o bloqueio de canais secundários. Esses canais funcionam como uma espécie de berçários para peixes. Sem eles, a quantidade de vida aquática tende a cair significativamente. Além disso, o nível mais baixo do Rio e a formação de bancos de areia inviabiliza a navegação.
Outros estudos do Labogef já haviam verificado o aumento de 31% da carga no leito do médio Araguaia entre 1965 e 1998. Uma das hipóteses levantadas é que sedimentos do alto Araguaia estariam se deslocando para o trecho mencionado ,porque este não teria não alto potencial de transportar os resíduos adiante.
Fragilidade
O orientador da pesquisa, Márcio Henrique Zancopé, afirma que a metodologia da pesquisa ainda será verificada. No entanto, ele adverte que pesquisas anteriores revelaram um conflito entre o “solo frágil” da região “e o manejo do solo na agricultura e pecuária”. “Apesar de ter verificado que só duas bacias têm chance maior de assoreamento entre as 12, não é uma situação confortável. Precisamos ter atenção quanto aos manejos agrícola e pecuário em solos frágeis, mais suscetíveis a processos erosivos”, alerta.
Zancopé afirma que outros estudos poderão revelar a quantidade de sedimentos acumulada nos trechos onde foi verificada maior probabilidade de assoreamento. “No futuro, nós poderemos ter outra pesquisa com a metodologia para aferir a quantidade material”, explica.
Na nascente do Rio Araguaia há a presença de voçorocas e ravinas – espécie de fissura que se abre com queda d’água – resultantes de erosões que lançam areia para dentro do rio. Os problemas verificados se devem, possivelmente, ao desmatamento do Cerrado e às práticas agrícolas não conservacionistas durante o mesmo período nos últimos 40 anos. (Deivid Souza)