Dilma repudia citação de seu nome em delação
Presidente nega que tenha relação com a decisão do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em fazer acordo para favorecer o senador Delcídio do Amaral
A presidente Dilma Rousseff negou ontem qualquer relação com a iniciativa do ministro Aloizio Mercadante (Educação) de conversar com um assessor de Delcídio Amaral (PT-MS) e oferecer ajuda ao senador e sua família.
Por meio de nota, Dilma diz repudiar com veemência a ação do ministro, que afirma ser “pessoal”.
“A presidenta da República, Dilma Rousseff, repudia com veemência e indignação a tentativa de envolvimento do seu nome na iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante, no episódio relativo à divulgação, feita no dia de hoje, pela revista Veja”, diz nota distribuída pelo Palácio do Planalto.
Dilma chamou Mercadante ao seu gabinete, no começo desta tarde. Cobrou explicações do ministro. Segundo relato de uma pessoa próxima a Dilma, ela estava muito irritada com Mercadante e perguntou por que motivo agiu desta forma.
– Ele fez isso sem ela saber e sem autorização alguma da presidente – disse ao GLOBO um auxiliar próximo a Dilma.
O assessor mais próximo de Delcídio Amaral, Eduardo Marzagão, gravou conversas com Mercadante mantidas em duas reuniões em dezembro, depois da prisão do senador. Houve ainda uma terceira conversa, com uma assessora do ministro chamada “Cacá”. Os diálogos foram fornecidos à PGR. O site da revista “Veja” publicou nesta terça-feira trechos das conversas gravadas.
“Aloizio Mercadante disse a Eduardo Marzagão para o depoente ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar, diante da complexidade do momento político. A mensagem de Mercadante, a bem da verdade, era no sentido do depoente não procurar o Ministério Público Federal para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava-Jato”, registra o termo de colaboração número cinco. O ministro disse que em pouco tempo o assunto seria esquecido, conforme a delação.
Mercadante sempre foi considerado o ministro mais “Dilmista” do governo. Aliado fiel, quando ocupou a Casa Civil era chamado de primeiro-ministro. A interlocutores, Mercadante falou que, se precisasse, seria o último ministro a descer a rampa do Palácio do Planalto com Dilma, ou seja, o último a abandoná-la.
As acusações fazem parte do termo de colaboração número cinco da delação, homologada nesta terça-feira pelo ministro do STF Teori Zavascki. O assessor mais próximo de Delcídio, Eduardo Marzagão, gravou conversas com o ministro mantidas em duas reuniões em dezembro, depois da prisão do senador. Houve ainda uma terceira conversa, com uma assessora do ministro chamada “Cacá”. Os diálogos foram fornecidos à PGR. (AG)