PSDB passa a ter a maior bancada na Assembleia
O troca-troca partidário
provocou dança das cadeiras, com encolhimento ou mesmo extinção de bancadas, como as do DEM, SD e PMB
Sara Queiroz
OPSDB se consolidou como maior bancada na Assembleia Legislativa, com 11 deputados, após ganhar mais quatro parlamentares que trocaram de partido dentro do período chamado de “janela partidária”, sem que percam seus mandatos. A brecha foi estabelecida em uma proposta de emenda à Constituição no dia 18 de fevereiro, com validade de 30 dias, que venceu ontem.
No total, nove deputados migraram de partidos, com prevalência para o ninho tucano, que ganhou o presidente da Casa, Helio de Sousa (ex-DEM), Tales Barreto (ex-PTB), Carlos Antonio (ex-Solidariedade) e Francisco Oliveira (ex-PHS). Eles se juntam a Gustavo Sebba, Iso Moreira, José Vitti, Júlio da Retífica, Mané de Oliveira, Marquinho Palmerston e Nédio Leite.
O troca-troca não parou por aí. Renato de Castro deixou o PT para se filiar ao PMDB; Virmodendes Cruvinel saiu do PSD para o PPS; Lussauer Viera, da Rede para o PSB; Dr. Antônio deixou o PMB para ir para o PR. Marlúcio Pereira, eleito pelo PTB, agora é do PSB, assim como Lissauer Vieira, ex-Rede, levam o partido a ter dois representantes na Assembleia. Esvaziados, o Solidariedade, o PMN e o DEM tiveram suas bancadas extintas.
Quem também perdeu nesse jogo foi o PTB, que agora tem em sua bancada apenas Henrique Arantes (crítico contundente da política econômica adotada pela secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão) e Valcenôr Braz, representante do entorno de Brasília. O PT ficou agora com três parlamentares: Adriana Accorsi, Humberto Aidar e Luis Cesar Bueno.
A desfiliação de Helio de Sousa já era esperada desde 2014, quando o Democratas, cujo diretório estadual é presidido pelo senador Ronaldo Caiado, decidiu apoiar a candidatura Iris Rezende (PMDB) ao governo do Estado. Mesmo diante desse quadro, Helio manteve sua posição de apoio ao governador Marconi Perillo (PSDB). O deputado ainda esperou dois anos para mudar de sigla. Agora, o PSDB volta a comandar a Assembleia, como ocorreu em mais de 15 anos, cargo antes ocupado por Sebastião Tejota, Célio Silveira, Jardel Sebba e Helder Valin.
Por algum tempo se especulou que ao deixar o PTB, Talles Barreto pudesse ir para o PSD. Porém, ele escolheu o ninho tucano. Como publicado pela coluna Xadrez, no último dia 16, Talles busca ser candidato à Câmara Federal, em 2018.
Deputados movimentam pré-candidaturas
Mais do que simplesmente trocar de partido, a janela partidário serviu para que alguns deputados, que não tinham chances de disputar a prefeitura de cidades que representam, passassem a ser pré-candidatos. É o caso de Virmondes Cruvinel, alijado do processo, que escolher o seu agora ex-colega de partido Francisco Júnior, que vai disputar a prefeitura de Goiânia.
Cruvinel também aponta outro motivo para se filiar ao PPS. Ele confessou que estava se sentindo constrangido em ser membro de uma sigla que apoia o Governo Federal. “Meu novo partido tem ideias e representantes que admiro, como o senador Cristovam Buarque (DF)”, declarou. Ele vem sendo cogitado para ser o vice na chapa de Vanderlan Cardoso (PSB) à sucessão do petista Paulo Garcia.
Carlo Antonio já chegou ao PSDB avisando que quer ser candidato do partido a prefeito de Anápolis. Se realmente ele for confirmado, deve enfrentar o deputado federal Alexandre Baldy, ex-tucano, que se filiou ao PTN.
Quem está de olho na prefeitura de Aparecida de Goiânia é Marlúcio Pereira, que se coloca como pré-candidato. Lissauer Vieira, que se elegeu pelo PSD, passou a Rede Sustentabilidade, e agora está no PSB, está de olho na prefeitura de Rio Verde. O ex-petista Renato de Castro quer se consolidar como pré-candidato a prefeito de Goianésia.
Caiado diz ver tentativa de obstruir Justiça
O líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO) comentou a recente entrevista do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral, em que é revelado a participação direta de Lula, Dilma e ministros no escândalo da Lava Jato e em uma conspiração para tentar sabotar a própria Justiça Brasileira.
“Delcídio escancara como o Palácio já age há meses para obstruir o trabalho da Justiça. Fala de conspirações feitar por Dilma, Lula, Cardozo, Mercadante, fala da tentativa de cooptar ministros do STF, da condição para indicar ao STJ mediante o compromisso de melar a Lava Jato, fala do achaque de Edinho Silva a empreiteiras, enfim, explica a engrenagem obscura de uma organização criminosa sediada no topo do poder no Brasil. É a pá de cal sobre um governo que sequestrou o Estado em favor de um projeto de perpetuação no poder”, afirmou.
O democrata também sustenta que as afirmações do senador preso desfazem completamente as teses de defesa de Dilma e Lula nos últimos dias e mostram como eles tentaram atacar o andamento das investigações em todas as frentes.
“É uma entrevista para acabar de uma vez com o governo e para alertar o Judiciário sobre a quantidade de tocaias que o cercam no ambiente político”, definiu.