França quer que OCDE classifique Panamá como paraíso fiscal
País consta de uma lista de 30 paraísos fiscais divulgada pela Comissão Europeia em junho de 2015
A França vai pedir à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) que siga o seu exemplo e reclassifique o Panamá como paraíso fiscal, na sequência da investigação conhecida como Panama Papers (Papéis do Panamá), disse o ministro das Finanças francês, Michel Sapin. Questionado pela rádio francesa Europe 1, Sapin afirmou que quer que a OCDE se reúna para que a mesma decisão [da França em relação ao Panamá] seja tomada por todos os países envolvidos.
Sapin anunciou ontem que a França voltará a incluir o Panamá na lista de países que não cooperam no combate à evasão fiscal, por causa do caso Panama Papers. “A França decidiu voltar a pôr o Panamá na lista de países não cooperativos, com todas as consequências que isso implica a quem fizer transações” financeiras com aquele país da América Central, disse Sapin no Parlamento francês.
O Panamá “queria que acreditássemos que podia respeitar os grandes princípios internacionais. Foi assim que conseguiu evitar a presença na lista negra de paraísos fiscais”, acrescentou o ministro. A França retirou o Panamá da lista de Países e Territórios Não Cooperativos em 2012, depois de os dois países fecharem acordo sobre o combate à evasão fiscal.
O Panamá consta de uma lista de 30 paraísos fiscais divulgada pela Comissão Europeia em junho de 2015, juntamente com Hong Kong, na Ásia, Mônaco, Andorra e Guernsey, na Europa, e territórios caribenhos, com as Ilhas Cayman e as Ilhas Virgens britânicas.
O Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), um organismo intergovernamental de luta contra a lavagem de dinheiro, retirou o Panamá de sua “lista negra” no início deste ano.
Os Papéis do Panamá são o resultado da maior investigação jornalística da história, divulgada na noite de domingo (3), envolvendo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em inglês), com sede em Washington. Na investigação são destacados os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.
A investigação inclui cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamenha Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de patrimônio, com informações sobre mais de 214 mil empresas offshore em mais de 200 países e territórios. A partir dos Papéis do Panamá, a investigação mostra que milhares de empresas foram criadas em offshores e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu patrimônio, entre eles o rei da Arábia Saudita, pessoas próximas do presidente russo Vladimir Putin. (Agência Brasil)