Começa o Comida di Buteco
Concurso elegerá o melhor boteco de Goiânia, que entrará na disputa para ser o melhor do País
O prato chega fumegando à mesa. O purê impecável de mandioca, coroado por cebolas cozidas, se mistura ao encorpado sabor do tropeiro de feijão verde que o acompanha, apurado com bacon e calabresinha. Acrescentando ao prato, o destaque da composição: uma linguiça caseira, embutida com um mix de carne bovina, serenada por dois dias, processada junto a pedaços de tomate e de queijo provolone. O que poderia passar por uma jantinha diferente, se apresenta como a aposta de um dos 31 bares do Comida di Buteco 2016, concurso que começa hoje e segue até 15 de maio, na escolha pelo melhor boteco de Goiânia.
O prato descrito é o Boi na Lua, uma invenção do Recanto do Chopp, bar do Setor Campinas, que ostenta o título de campeão da última edição do concurso realizado no ano passado. Conforme explica Marcelo Abdala Damas, proprietário do boteco, a receita do ano seguinte começa a ser criada logo após a fim da edição. “Começamos a pensar em combinações e misturas que têm maiores chances de agradar os clientes, mas o desafio é grande, ainda mais por termos vencido em 2015. Temos que nos superar e vamos fazer isso”, avalia.
É exatamente esse espírito que permeia os botequeiros que participam do concurso, que há nove anos é realizado na capital de Goiás. Conforme explica o gerente regional do concurso, Filipe Pereira, para o Comida di Buteco são escolhidos aqueles bares justamente com esse perfil espontâneo, em que o dono está à frente do negócio, cuidando do lugar, geralmente, junto da família. “Os bares que participam do Comida di Buteco geralmente começaram ao acaso, com uma ideia que foi crescendo. Às vezes um espetinho que era vendido e foi aglutinando mais gente ou uma receita de salgado que passou a chamar a atenção e, em torno disso, os negócios foram se desenvolvendo”, explica.
Saindo da rotina
Um dos pontos que ganha destaque no Comida di Buteco é a sua distribuição espacial pela cidade. Por serem espontâneos, a maioria dos botecos não fica localizada em polos gastronômicos ou em áreas nobres. Estão espalhados pelos quatro cantos da cidade, o que torna o concurso ainda mais democrático e serve de incremento na rotina dos bares – com um novo público que vem pelo concurso – e na descoberta do consumidor, que passa a ter uma nova opção de entretenimento, caso saia satisfeito de sua experiência.
Segundo Danillo Ramos, que comanda junto do pai, Francisco Ramos, o Bar do Piry, no Jardim América, o público aumenta uma média de 30% na época do concurso. “Temos tanto o cliente cativo do bar que se envolve com o novo prato como o cliente do Comida di Buteco, que aproveita a oportunidade para conhecer uma casa nova. Tem muita gente que vem apenas uma vez, mas há o público que gosta do bar e se fideliza como cliente, explica.
O bar aposta na pegada nordestina, aproveitando as raízes de seus donos, para desenvolver seu cardápio e conquistar novos e antigos clientes. Para o Comida di Buteco deste ano, o Petisco Brasileiro é apresentado aos visitantes. O prato traz carne de sol refogada com manteiga do sertão, rapadura e cebola, servida com molho de requeijão caipira com leite de coco e acompanhamento de mandioca chips.
Transformação de vidas
Outra questão que faz uma referência direta ao concurso é o papel que desempenha na transformação social dos bares envolvidos. Pelo formato, que envolve o público e gera uma visitação intensa nos estabelecimentos concorrentes, o Comida di Buteco tem se consolidado ano a ano como uma das mais importantes plataformas de transformação social no segmento e que contribui para a manutenção desses locais num mercado tão concorrido e vulnerável. “O Comida di Buteco ajuda a manter esses bares. Muitos deles apostam no concurso para dar uma guinada nos negócios, aproveitando a divulgação, a capacitação de seus funcionários e o movimento gerado por meio do concurso”, sinaliza Filipe Pereira, um dos organizadores do evento.
O próprio Del Lest Bar e Conveniência participou pela primeira vez do concurso no ano passado e se surpreendeu com o movimento gerado no bar, na época do evento. “Houve dias em que a gente ficou sem o petisco para vender porque comercializamos tudo o que tínhamos preparado. Para este ano, já sabemos como funciona e que essa resposta é positiva do público. Então, estamos preparados e ansiosos para começar o concurso”, revela Marta Ferreira, que comanda o boteco junto do marido e do filho. O bar traz para esta edição o prato Escondido é Mais Gostoso – um escondidinho de carne de sol com uva Crimson, aos três queijos.