“Do jeito que está não pode ficar”, diz Marconi
Governador afirma que os brasileiros almejam mudança. Ele espera que a votação de domingo amenize a crise
Sara Queiroz
O governador Marconi Perillo (PSDB) foi cauteloso ao falar ontem do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Ele comentou sobre o assunto durante coletiva concedida pelo tucano após reunião de trabalho com a Secretária da Fazenda, Ana Carla Abrãao. Ele acredita que os brasileiros querem mudança, independente de qual seja, e espera que após a votação do processo na Câmara nesse próximo domingo transformações possam ocorrer para tirar o país da crise.
Com a possibilidade da aprovação do processo de impedimento contra a presidente cada vez mais provável, nessa semana ela perdeu três partidos aliados, deixando o placar do impeachment praticamente irreversível a favor do afastamento da petista. Com essa perspectiva, um eventual governo Michel Temer começa a ser desenhado. Entre possíveis ministros que podem integrar a administração do vice-presidente, estão cotados tucanos como José Serra que pode ocupar a pasta da Saúde.
Questionado sobre a real possibilidade do PSDB participar do governo peemedebista, Marconi preferiu não comentar. Disse que esperaria todas as decisões serem tomadas para que pudesse mostrar seu parecer em relação ao assunto. Nos bastidores da reunião realizado no último dia 09 de abril, entre líderes tucanos, era especulado que o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, já tenha dado garantias que apoiará um possível governo Temer.
Marconi, no entanto, disse não saber se será uma provável administração de Temer capaz de tirar o Brasil da crise financeira e política. “Não sou eu que tenho que dizer isso. Esse é um assunto que está sendo tratado pelo Congresso Nacional e há uma pressão muito forte da sociedade no sentido de que alguma coisa mude no Brasil”, pontuou. Para ele, a concepção é que “do jeito que está não dá para ficar”.
Há ainda especulações sobre políticos goianos que poderiam integrar o ministério de Temer, entre eles o senador e presidente do diretório estadual do Democratas, Ronaldo Caiado (DEM), na Agricultura; e o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que seria alçado novamente ao comando da instituição financeira. Até mesmo o nome do governador teria sendo cogitado, mas ele negou a informação, sustentando que hipótese alguma deixaria o comando do Estado de Goiás. Disse que irá trabalhar até o final de seu mandato para que Goiás se destaque cada vez mais no cenário nacional.
“Nós temos esse momento de busca de superação da crise econômica, equilíbrio financeiro do Estado e, depois, forte de investimento. É isso que queremos”. Ele reforçou que está trabalhando para que o Estado seja o primeiro a sair da crise. “Estamos convencidos disso, e estamos trabalhando, porque a gente não sai da crise só falando. É preciso muita ação”.
Votação
Marconi vai assistir a votação do impeachment em sua casa, e segundo ele, com a expectativa que depois desse desfecho ocorram mudanças significativas capazes de tirar o país da crise política e econômica. O governador pontuou que o Brasil tem perdido credibilidade internacional, e está em 175º lugar em competitividade no mundo. “É preciso que muitas mudanças ocorram para que a gente possa ter cada vez orgulho de ser brasileiro. O povo brasileiro faz sua parte, o governo precisa fazer a sua”, finalizou.
Prioridade é manter a folha do funcionalismo em dia
O governador Marconi Perillo saiu ainda mais otimista da reunião de ontem, com secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão e técnicos da pasta, com os quais avaliou os resultados da modernização das políticas fiscais e fazendárias. “O Estado está no caminho certo, trabalhando para ajudar o País a sair da crise”, disse, acrescentando que o objetivo primordial é manter em dia a folha de pagamento e o custeio de áreas essenciais.
Marconi garantiu que vai cumprir os parcelamentos dos reajustes já acordados e o piso salarial das categorias, “como sempre fizemos”. No entanto, demais reajustes de data-base só serão analisados quando houver condições financeiras. “Nossa principal preocupação é manter o custeio e o pagamento da folha em dia”, confirmou, ao ressaltar o esforço, também prioritário, para manter a boa qualidade em áreas fundamentais como Saúde, Segurança e Educação.
O governador lembrou que essa garantia só é possível graças ao ajuste fiscal, administrativo e fazendário em curso. “Muitos reclamaram dos parcelamentos (de reajustes), mas nós sabíamos que a crise ia ser muito pior do que imaginávamos. E, hoje, muitos Estados estão entrando em colapso”, observou, ao citar o Rio de Janeiro, onde os salários dos servidores já completaram dois meses de atraso. “Aqui, estamos pagando 110 mil servidores no mês trabalhado, e o restante, dentro da lei”, exemplificou.
Essa situação diferenciada do Estado só é possível graças a ações que levaram a administração estadual a deixar de gastar R$ 3,5 bilhões no ano passado. Lembrou ainda que os reajustes já concedidos foram acordados tendo como base um cenário de crescimento econômico. “Mas a economia desabou, o PIB desabou, e os aumentos concedidos, com base na previsão do crescimento, não se consumaram”, explicou.