UE mantém resistência a acordo com Mercosul
Para ministro, divergências de opinião entre blocos econômicos devem ser resolvidas internamente
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, disse ontem que divergências de opinião entre países da União Europeia sobre um acordo comercial com o Mercosul devem ser resolvidas internamente. O ministro deu a declaração ao comentar matéria veiculada pelo jornal O Estado de S. Paulo, segundo a qual 13 dos 28 governos do bloco estão mobilizados para vetar o acordo econômico com os países latino-americanos.
“Há, claramente, um mandato que a Cecília Malmström [comissária de Comércio da UE] recebeu [para negociar com o Mercosul]. Eventuais contradições dentro do próprio bloco, eles é que terão que resolver. O fato é que oficialmente já se fixou a data para o início da troca de ofertas”, afirmou Monteiro, após coletiva para anunciar novas condições de crédito em linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Os blocos econômicos acertaram realizar a troca daqui um mês, em 14 de maio.
Monteiro mostrou-se ciente de que a Europa tem uma postura defensiva. “É sabido que a União Europeia tem, no setor agrícola, posição mais defensiva. Mas o êxito das negociações vai resultar de uma posição mais equilibrada. O Brasil oferece desgravação [desoneração] na área industrial e [querremos] que a UE nos ofereça também perspectiva de acesso ampliado ao mercado europeu naquilo que temos de mais competitivo [os produtos agrícolas], possivelmente em cotas de exportação”, declarou.
Para o ministro, a troca de ofertas com a União Europeia será um marco importante. “Vai marcar um momento em que o Mercosul retoma posição para que possa se inserir em uma rede de mercados internacionais. Com essa emergência de acordos comerciais em várias direções, o Mercosul precisava dar um passo”, disse.
O ministro disse ainda que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) analisará com atenção pedido enviado ontem (13) pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, para desoneração da importação do milho. “Estamos atentos a isso, a ministra nos encaminhou nota técnica. A preocupação é garantir o abastecimento [de milho] pois, nesse momento, há um quadro de escassez que vem pressionando os preços. O Brasil precisa aumentar a exportação”, afirmou.