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sexta-feira, 29 de novembro de 2024
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Cidades

Pesquisa revela desrespeito a direitos na radiodifusão

Levantamento acompanhou 28 programas ‘policialescos’ de rádio e TV, produzidos em dez capitais do Brasil

Postado em 27 de maio de 2016 por Sheyla Sousa
Pesquisa revela desrespeito a direitos na radiodifusão
Levantamento acompanhou 28 programas ‘policialescos’ de rádio e TV

Deivid Souza

Uma pesquisa feita pela ANDI- Comunicação e Direitos e divulgada no início deste mês revelou um alto grau de preocupação com a violação de direitos na mídia brasileira. O estudo acompanhou, durante 30 dias, 28 programas ‘policialescos’ de rádio e TV, produzidos em dez capitais do Brasil. O resultado foram 4.500 violações de direitos, 15.761 infrações a leis brasileiras e multilaterais, além de 1.962 desrespeitos a normas autorregulatórias, como o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.

No topo das violações cometidas aparecem: exposições indevidas de pessoas; eesrespeito à presunção de inocência; violações do direito ao silêncio; exposições indevidas de famílias e incitações à desobediência às leis ou às decisões judiciárias. A Constituição Federal (CF) apareceu como a lei brasileira mais infringida, seguida pelo Código Brasileiro de Telecomunicações e o Código Civil Brasileiro.

O trabalho de monitoramento da mídia começou a ser realizado em 2013 pela ANDI, mas os dados divulgados recentemente foram coletados entre os dias 2 e 31 de março de 2015. De acordo com a ANDI, o objetivo da divulgação do documento é promover discussões a respeito do assunto. O tema foi tratado na conferência de abertura do Intercom Centro-Oeste 2016, realizado em Goiânia.

A coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Núcleo de Direitos Humanos, também da UFG, Angelita Lima, avalia que o desrespeito aos direitos por parte da mídia está intimamente relacionado ao contexto empresarial em que “a notícia está submetida à lógica da empresa, e não ao direito inalienável da informação, e principalmente ao aspecto técnico, ético e estético”, considera.

Lima conta que no ano 2000 desenvolveu um trabalho acadêmico em que acompanhou as notícias de violência contra a mulher em dois jornais da capital. Segundo ela, os resultados das 88 reportagens analisadas revelaram alguns aspectos semelhantes aos do levantamento da ANDI. “O jornalismo é muito empírico, e quando mal apurado, ele leva a uma distorção”, avalia.

Falta

A coordenadora levanta a hipótese de que o desrespeito verificado na pesquisa, que aparece como “rotulação” e “exposição”, têm a ver com falta de análise crítica na produção da notícia. “Eu penso que a linguagem policial dá o tom da TV. Quando o policial faz a notificação, o preenchimento do boletim de ocorrência, essa é a linguagem que vai dar o tom da cobertura jornalística”, acredita.

A preocupação com o assunto fez com que a UFG decidisse incluir duas disciplinas sobre direitos humanos na grade do curso de jornalismo com o intuito de preparar os alunos para refletir e atuar neste contexto.

 

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