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domingo, 1 de setembro de 2024
Inflação

Preços de carnes e leite devem subir em breve

Altas dos grãos, principal matéria prima de ração, deve elevar preços da proteína animal

Postado em 17 de junho de 2016 por Sheyla Sousa
Preços de carnes e leite devem subir em breve
Altas dos grãos

RHUDY CRYSTHIAN

Depois das altas nos preços do feijão e hortaliças, causadas por problemas climáticos, outros produtos podem ficar mais caros e contribuir para pesar no orçamento das famílias goianas. A alta nos preços dos grãos, soja e milho, deve influenciar diretamente o mercado de proteína animal, que é grande consumidor destes produtos para a produção de ração, provocando elevações de preços nas carnes bovina, suína e de aves e até do leite. 

A desvalorização do real frente o dólar impulsionou as exportações diminuindo a oferta no mercado local, o que fez com que produtores de carnes e leite enfrentassem problemas com a alta das cotações dos insumos. Por outro lado, a notícia agradou produtores de grãos, que buscam se recuperar da queda na produtividade com base nas cotações do mercado externo. 

De acordo com o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), Cristiano Palavro, o preço do milho subiu 100% nos últimos meses, comparando ao mesmo período do ano passado. Goiás está iniciando a safrinha do grão que deve se estender até agosto. “Já a elevação do preço da soja, que dá origem ao farelo para as rações, é mais difícil avaliar, mas também apresentou elevações”, disse. 

Para Cristiano, o aumento no preço tem impacto positivo no que se refere à exportação do grão. Por outro lado, mais vendas para o exterior representam desabastecimento interno e reajuste nos preços dos produtos.

Esses aumentos, decorrentes de uma escassez localizada e de fortes exportações do Brasil, segundo Cristiano, já se reverteu em uma alta nos preços das carnes e do leite. Nos últimos 30 dias, o preço do quilo da carne nos açougues aumentou em média 20%. “E esse valor, além de pesar no orçamento familiar, tem mexido com os lucros dos comerciantes que se viram obrigados a cortar gastos para evitar prejuízos”, avalia o especialista em economia aplicada, Otto de Araújo.

Ele acredita que o aumento dos preços chegaram para ficar. As projeções são de que os preços da carne bovina aumentaram mais rápido do que quase todos os outros produtos nesse ano. “A expectativa é de aumentarem mais 8%, nos próximos dias, principalmente cortes para bifes e carne moída”, acredita.

 Frango e suíno acompanham elevações 

O aumento no preço da carne fez o consumidor mudar de hábitos e trocar a carne bovina pela de frango o que causou uma elevação da demanda e, consequentemente, os preços do quilo do produto também subiram. Uma média de 36% nos últimos meses. O preço maior, segundo os levantamentos, é reflexo de outros aumentos registrados ao longo dos últimos meses, como da gasolina, da energia elétrica, além da ração.

A carne de porco também não ficou para trás. Apesar de um aumento menos considerável, o preço do quilo da carne de porco subiu 9%. O valor do pernil subiu de R$ 9 para R$ 11, por exemplo. Mas segundo especialistas, a situação pode piorar. “É uma tendência de os preços, tanto do frango quanto do porco, se elevarem porque a demanda pode aumentar ainda mais para estes produtos”, comenta o economista. 

Os abates também foram afetados. Nos primeiros três meses desse ano os abatimentos de frango subiram 15,09% em Goiás, enquanto de bovinos caiu 13,73%. A produção de carne suína também aumentou, 6,5%. A produção de leite e de ovos registraram alta, de 6,26% e 10,38, respectivamente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Dobradinha 

Arroz e feijão não podem faltar no prato. Os dois grãos também tiveram alta nos últimos dias. A saca de 60 kg do feijão teve alta de 10,35% e a saca de 50 kg de arroz teve alta 2,33%. A melhor remuneração, que poderia levar a uma melhora da renda do produtor, pode servir apenas para cobrir despesas com custos e prejuízos na produção, explica o técnico da Faeg.

O forte da colheita do feijão foi em maio e não houve um aumento do suprimento na safra 2015/16. A oferta e demanda estão, em parte, desequilibradas, a produção no Brasil recuou 6% e o preço médio do feijão subiu. Goiás conta com três safras de feijão. As duas últimas foram de queda na área plantada do grão. 

  

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